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29/01/2003 - 02h31

Cícero Dias uniu em obra regional e universal

CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S. Paulo

O título da obra mais famosa de Cícero Dias é também um resumo de sua trajetória. "Eu Vi o Mundo... Ele Começava no Recife", grandioso painel atualmente em São Paulo (leia nesta página), marca o cosmopolitismo da arte e da biografia do artista e também seu cordão umbilical nunca rompido com o Nordeste brasileiro.

Como dizia o sociólogo Gilberto Freyre, havia na obra do artista a síntese do universal e do regional.

"Há em Cícero Dias, como em Pablo Picasso, além de um artista, um homem com raízes que vão ao fundo de terras e de passados regionais. Essas raízes prendem de modo particularmente amoroso cada um deles a uma terra e a um povo, sem o tornarem incapaz de se comunicar, como artista e como homem, através de Paris, com outros povos e com outras terras", escreveu nos anos 60 o autor de "Casa Grande & Senzala" (quer teve sua primeira edição ilustrada por Dias).

Era de fato na natureza, mais do que nas obras de outros modernistas, que Dias dizia tirar o sumo da sua arte.

Em entrevista à Folha no começo do ano passado, em Recife, onde vinha quase todos o verões, escapulir do inimigo frio parisiense, apontou para o mar da praia de Boa Viagem e disse: "Minha pintura tem os verdes dele e dos canaviais de Pernambuco. Tenho a influência poética das águas".

Foi esse o impulso até seu último trabalho, o desenho de uma praça em Recife, "feita com azul-anil do céu do Pernambuco", inaugurada em 2000.

Desde então ele não pintava mais nada. Passava o tempo lendo e, autor na juventude de um romance inédito, "Jundiá", pensava em fazer ainda um livro.

Ele não fez, mas fizeram um sobre ele. "Cícero Dias - Uma Vida pela Pintura" (ed. Simões de Assis), organizado por seu galerista e amigo Waldir Simões de Assis Filho, foi lançado no início do ano passado.

Segundo o autor do livro, o pintor teria outras duas homenagens. No ano que vem, deve ter uma grande retrospectiva nacional. Em 2005, uma mostra em um grande museu parisiense, ou no Jeu de Paumme ou no Museu de Arte Moderna.

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