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01/02/2003
-
23h19
da Folha Online
A crítica, principalmente a social, é, há muito tempo, a marca registrada do estilista mineiro Ronaldo Fraga. Ele já refletiu sobre o Brasil e a própria moda com o desfile "Quem matou Zuzu Angel" e já falou sobre o universo prisional, entre outras coisas. Fazer moda como reflexo do tempo que se vive. Está aí a marca de Ronaldo Fraga.
No desfile feito hoje na São Paulo Fashion Week, o estilista reafirmou este propósito e, desta vez, buscou na literatura de Jonathan Swift - "As Viagens de Gulliver" o ponto de partida para construir a sua própria narrativa, mas usando como meios de expressão formas, tecidos e cores e, como cenário, referências mais próximas, sem perder a universalidade.
A obra de Swift, publicada no início do século 18, faz uma sátira da sociedade da época e de seus valores.
"A minha 'As Viagens de Gulliver' não pretende criticar nenhuma instituição ou situação política, mas pensar nesta sensação estranha de que o mundo desencantou", dizia o texto de apresentação da coleção, assinado pelo estilista.
Para dar forma de desfile de moda a esta "obra", Ronaldo Fraga colocou seus modelos na passarela deitados sobre colchonetes e cobertos com mantas antes do início do desfile. A cena reproduzia o que se vê diariamente nas ruas das grandes cidades: pessoas amontoadas sob viadutos e marquises. Moradores de rua, ou os "sem lugar no mundo moderno", como prefere o estilista.
Os modelos, que usaram "perucas" feitas com espuma, ganharam outros nomes - alguns famosos, como Tom Zé e Clara Nunes - e se levantavam após serem chamados por meio de uma gravação. Neste despertar, aos poucos a coleção de Fraga foi se revelando.
As roupas, segundo definição do próprio estilista, tinham uma aspecto "murcho". As saias ganharam volume na barra assimétrica, feita como se fosse repuxada para dentro. Peças como vestidos, calças e blusas ganharam volumes nas costas, mas eram secas na parte da frente.
Nas estampas, teoremas matemáticos ganharam novas formas. Fotos de janelas do Copan e desenhos de fita métrica fizeram alusão à verticalização das grandes cidades.
Entre os tecidos, as opções do estilista foram malha, jeans risca de giz, seda, algodão, moletom e brocados em lã.
Nos pés o que se viu foram botas e sapatos femininos em couro e lurex preto com salto arredondado, e tênis masculinos e femininos.
Quanto às cores nervosas e resignadas, na primeira categoria estiveram o laranja, o preto e o pink, na segunda o azul, o goiaba, o amarelo e o bege.
Especial
Confira o que acontece na SP Fashion Week
Ronaldo Fraga faz reflexão sobre o "desencantamento" na SPFW
CARLA NASCIMENTOda Folha Online
A crítica, principalmente a social, é, há muito tempo, a marca registrada do estilista mineiro Ronaldo Fraga. Ele já refletiu sobre o Brasil e a própria moda com o desfile "Quem matou Zuzu Angel" e já falou sobre o universo prisional, entre outras coisas. Fazer moda como reflexo do tempo que se vive. Está aí a marca de Ronaldo Fraga.
No desfile feito hoje na São Paulo Fashion Week, o estilista reafirmou este propósito e, desta vez, buscou na literatura de Jonathan Swift - "As Viagens de Gulliver" o ponto de partida para construir a sua própria narrativa, mas usando como meios de expressão formas, tecidos e cores e, como cenário, referências mais próximas, sem perder a universalidade.
A obra de Swift, publicada no início do século 18, faz uma sátira da sociedade da época e de seus valores.
"A minha 'As Viagens de Gulliver' não pretende criticar nenhuma instituição ou situação política, mas pensar nesta sensação estranha de que o mundo desencantou", dizia o texto de apresentação da coleção, assinado pelo estilista.
Para dar forma de desfile de moda a esta "obra", Ronaldo Fraga colocou seus modelos na passarela deitados sobre colchonetes e cobertos com mantas antes do início do desfile. A cena reproduzia o que se vê diariamente nas ruas das grandes cidades: pessoas amontoadas sob viadutos e marquises. Moradores de rua, ou os "sem lugar no mundo moderno", como prefere o estilista.
Os modelos, que usaram "perucas" feitas com espuma, ganharam outros nomes - alguns famosos, como Tom Zé e Clara Nunes - e se levantavam após serem chamados por meio de uma gravação. Neste despertar, aos poucos a coleção de Fraga foi se revelando.
As roupas, segundo definição do próprio estilista, tinham uma aspecto "murcho". As saias ganharam volume na barra assimétrica, feita como se fosse repuxada para dentro. Peças como vestidos, calças e blusas ganharam volumes nas costas, mas eram secas na parte da frente.
Nas estampas, teoremas matemáticos ganharam novas formas. Fotos de janelas do Copan e desenhos de fita métrica fizeram alusão à verticalização das grandes cidades.
Entre os tecidos, as opções do estilista foram malha, jeans risca de giz, seda, algodão, moletom e brocados em lã.
Nos pés o que se viu foram botas e sapatos femininos em couro e lurex preto com salto arredondado, e tênis masculinos e femininos.
Quanto às cores nervosas e resignadas, na primeira categoria estiveram o laranja, o preto e o pink, na segunda o azul, o goiaba, o amarelo e o bege.
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