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10/02/2003 - 03h45

"Cidade de Deus" busca indicação ao Oscar e já é sucesso nos EUA

SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

O diretor norte-americano Steven Spielberg telefonou para o colega brasileiro (radicado nos Estados Unidos) Bruno Barreto há duas semanas. O assunto era um só: o longa brasileiro "Cidade de Deus", que Spielberg havia assistido em Los Angeles, onde o filme estreou no último dia 17.

"Ele falou sobre o quanto tinha gostado e por isso pediu um encontro com [o cineasta] Fernando Meirelles. Há muito tempo um filme estrangeiro não causava tanto impacto aqui nos Estados Unidos", afirma Barreto.

Em Nova York, onde está em cartaz em 70 salas, a média de bilheteria de "Cidade de Deus" é de US$ 10.983,00 por cópia. É um número alto. Tão alto que se aproxima da média de "Chicago", musical com Renée Zellweger e Catherine Zeta-Jones com o qual a mesma Miramax que distribui "Cidade de Deus" espera ganhar o Oscar de melhor filme.

Para o longa brasileiro, a Miramax não tem nenhuma expectativa no Oscar. Ou melhor, só a de que "Cidade de Deus" não conseguirá ser indicado. O sucesso do filme nas bilheterias e nas críticas na imprensa norte-americana é inversamente proporcional à sua recepção pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

Sessões abandonadas

Nas projeções de "Cidade de Deus" para membros da Academia que definem os cinco candidatos (entre os 54 inscritos) ao Oscar de filme estrangeiro, boa parte dos espectadores deixou a sessão antes do fim.

"A idade média dos membros da Academia é bem alta, e eles jamais gostam de filmes muito violentos. Mas "Cidade de Deus" já conseguiu algo muito mais importante do que a indicação ao Oscar de filme estrangeiro: uma distribuição com muita visibilidade no mercado americano", avalia Barreto, que concorreu ao Oscar com "O que É Isso, Companheiro?" (1997).

Co-diretora de "Cidade de Deus", Katia Lund diz que "às vezes" não acha "importante que o filme seja indicado, porque o foco no Oscar desvia a atenção do assunto do filme".

"Uma vantagem de ter "Cidade de Deus" indicado é que ele será visto por muito mais gente no Brasil e no mundo. E todo filme é feito para ser visto. Outra vantagem é que cada filme brasileiro indicado abre canais de co-produção, financiamento e distribuição internacional", afirma.

Meirelles em Hollywood

O diretor Fernando Meirelles já definiu que dirigirá mais um filme brasileiro, "Intolerância", e depois aceitará "fazer algo em Hollywood, como experiência". "Intolerância" terá o mesmo roteirista de "Cidade de Deus", Bráulio Mantovani.

Sobre a provável indicação de seu filme ao Oscar, Meirelles diz que aposta em "50% de chances".

"Esses bons resultados de bilheteria influenciam de qualquer maneira. A crítica foi 80% positiva, o que ajuda também", afirma o cineasta.

O diretor Andrucha Waddington -que teve seu "Eu Tu Eles" inscrito pelo Brasil em 2000 e não conseguiu indicação- disse que considera "Cidade de Deus" "uma obra-prima" e "adoraria" que ele fosse nomeado.

"Existe simpatia por certos países em determinados anos. Acho que também entra em questão o tema inerente àquele ano, o assunto que as pessoas acham importante premiar. Cinema é muita política também. É um trabalho muito duro [fazer a campanha". Você não chega perto de onde rola a decisão", diz Waddington.

Meirelles afirma que não fez "nada específico para a campanha". E Lund diz que não está "participando diretamente".


ANÚNCIO DOS INDICADOS AO OSCAR Transmissão da seleção das 24 categorias em Los Angeles
Quando: amanhã, às 11h, no SBT

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