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14/02/2003
-
03h00
enviado especial a Berlim
Monty Brogan é um nova-iorquino condenado a sete anos de prisão por tráfico de drogas. Tem apenas 24 horas de liberdade antes de se entregar e, durante esse período, revê seu pai, os amigos e a namorada. Tudo se passa no contexto pós-ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
Esse é o argumento de "A Última Noite" ("25th Hour"), o novo filme do diretor americano Spike Lee ("Faça a Coisa Certa", "A Hora do Show"), que trouxe a polêmica anteontem ao Festival de Berlim.
"Parece gratuito usar imagens do Ponto Zero ("Ground Zero") e das torres de luzes [que substituíram o World Trade Center por um curto período depois dos ataques]. Essas imagens não têm nada a ver com o filme. Isso não é um pouco oportunista?", perguntou um jornalista alemão a Lee, durante a entrevista coletiva concedida na Berlinale.
"Essa é sua opinião, eu não acho. Há diretores que chegaram a apagar as imagens das torres em seus filmes. Eu não quero esconder a situação da cidade em que nasci e onde sempre vivi. Nova York mudou e achei correto registrar isso. Tudo foi feito com respeito", respondeu o diretor.
"Mas essas imagens não têm nada a ver com a história, que poderia se passar em Londres ou Paris, por exemplo", cutucou novamente o jornalista.
"O filme se passa em Nova York!", disse enfaticamente Edward Norton, que interpreta o protagonista. O bate-boca deixou o diretor e o ator mal-humorados até o final da entrevista.
Entretanto, "A Última Noite", que deve estrear no Brasil no dia 14 de março próximo, traz imagens inéditas do Ponto Zero que já valem o filme. Mas não é só isso. O ator Edward Norton consegue uma ótima interpretação, nessa história que se aperta em apenas 24 horas.
O consenso ficou para o final da entrevista, quando os artistas foram chamados a opinar sobre a política norte-americana em relação ao Iraque.
"Deve ser bom estar na Alemanha ou na França, pois eu esqueci completamente de como é ser orgulhoso de um governo", afirmou Norton.
Spike Lee foi mais eloquente: "A América não tem moral para dizer ao mundo o que é certo ou errado. Sempre soube que políticos roubam de forma escondida, mas a eleição de Bush foi uma fraude que o mundo todo acompanhou". Aplausos.
Já ontem, foi a vez da atriz francesa Anouk Aimée receber o Urso de Ouro pelo conjunto de sua carreira. A entrega estava programada para ocorrer antes da exibição do clássico "Lola", de Jacques Demy.
Novo filme de Spike Lee passeia pela NY pós-ataques
FABIO CYPRIANOenviado especial a Berlim
Monty Brogan é um nova-iorquino condenado a sete anos de prisão por tráfico de drogas. Tem apenas 24 horas de liberdade antes de se entregar e, durante esse período, revê seu pai, os amigos e a namorada. Tudo se passa no contexto pós-ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
Esse é o argumento de "A Última Noite" ("25th Hour"), o novo filme do diretor americano Spike Lee ("Faça a Coisa Certa", "A Hora do Show"), que trouxe a polêmica anteontem ao Festival de Berlim.
"Parece gratuito usar imagens do Ponto Zero ("Ground Zero") e das torres de luzes [que substituíram o World Trade Center por um curto período depois dos ataques]. Essas imagens não têm nada a ver com o filme. Isso não é um pouco oportunista?", perguntou um jornalista alemão a Lee, durante a entrevista coletiva concedida na Berlinale.
"Essa é sua opinião, eu não acho. Há diretores que chegaram a apagar as imagens das torres em seus filmes. Eu não quero esconder a situação da cidade em que nasci e onde sempre vivi. Nova York mudou e achei correto registrar isso. Tudo foi feito com respeito", respondeu o diretor.
"Mas essas imagens não têm nada a ver com a história, que poderia se passar em Londres ou Paris, por exemplo", cutucou novamente o jornalista.
"O filme se passa em Nova York!", disse enfaticamente Edward Norton, que interpreta o protagonista. O bate-boca deixou o diretor e o ator mal-humorados até o final da entrevista.
Entretanto, "A Última Noite", que deve estrear no Brasil no dia 14 de março próximo, traz imagens inéditas do Ponto Zero que já valem o filme. Mas não é só isso. O ator Edward Norton consegue uma ótima interpretação, nessa história que se aperta em apenas 24 horas.
O consenso ficou para o final da entrevista, quando os artistas foram chamados a opinar sobre a política norte-americana em relação ao Iraque.
"Deve ser bom estar na Alemanha ou na França, pois eu esqueci completamente de como é ser orgulhoso de um governo", afirmou Norton.
Spike Lee foi mais eloquente: "A América não tem moral para dizer ao mundo o que é certo ou errado. Sempre soube que políticos roubam de forma escondida, mas a eleição de Bush foi uma fraude que o mundo todo acompanhou". Aplausos.
Já ontem, foi a vez da atriz francesa Anouk Aimée receber o Urso de Ouro pelo conjunto de sua carreira. A entrega estava programada para ocorrer antes da exibição do clássico "Lola", de Jacques Demy.
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