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22/03/2003 - 06h30

Tempestade desafia teatro brasileiro da Fraternal

SERGIO SALVIA COELHO
da Folha de S. Paulo, em Curitiba

Com as águas de março fechando o verão e bombas caindo sobre o Iraque, a Fraternal Cia. de Artes e Malas-Artes abriu anteontem o 12º Festival de Teatro de Curitiba sem se intimidar. Raios atravessavam a translúcida Ópera de Arame, goteiras tamborilavam em irônicos guarda-chuvas na platéia, mas nada, nem o ribombar dos trovões, lembretes da estupidez da guerra, tirou a concentração da companhia.

Afinal estavam lá para defender a solar parábola de Luís Alberto de Abreu de que "o homem é a utopia de Deus". Com paixão e alegria, ostentando a fome de vida de João Teité, o arlequim nordestino, 13º apóstolo de Cristo, neste auto profano e cheio de fé que é o "Auto da Paixão e da Alegria".

Uma tempestade assim, a Ópera de Arame só viu na sua inauguração, quando Cacá Rosset abriu o primeiro festival com seu "Sonho de uma Noite de Verão", dando início a um ciclo de aberturas espetaculares, de grandes diretores e orçamentos. Em época de economia de guerra, a tempestade de anteontem começa um outro ciclo talvez, o das montagens de orçamento enxuto, cujos atores assumem a responsabilidade pelo resultado contando com pouco mais do que a cara e a coragem.

Quase ingênuo no esforço de preencher com suas cores a Ópera de Arame, o estandarte da Fraternal tornou-se o emblema de um teatro brasileiro que está não tanto na Mostra Oficial, mas sobretudo no Fringe, a mostra paralela, com grupos prontos a contornar qualquer precariedade em nome do direito de dar a cara a bater.

Este novo ciclo remete a 1947, em Avignon, França, quando Jean Vilar improvisou um palco diante do Palácio dos Papas, dando início ao que é hoje o mais prestigioso festival de teatro do mundo. Será que um dia Curitiba vai se tornar um Avignon tropical? Não perca o próximo capítulo.

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