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26/03/2003 - 15h57

Espetáculo surpreende ao apresentar a ética da urbe

BETO LANZA
da Folha de S.Paulo, em Curitiba

É uma grata surpresa o espetáculo "O Homem Que Não dava Seta",em cartaz no Fringe - mostra paralela do Festival de Teatro de Curitiba. A peça, dirigida por Chico Pelúcio, é um emaranhado de fábulas urbanas onde personagens de uma metrópole são encurraladas até o limite da sua constituição moral.

São pessoas comuns, elevadas ao patamar de arquétipos de uma sociedade eticamente falida, convivendo de maneira interdependente até o esgotamento. Os personagens são divididos em castas: de um lado os segregados do mercado economicamente ativo, do outro os incluídos no sórdido sistema de manipulação da informação. O resultado é uma babel de tipos radicalmente urbanos, duros e cruéis, como o nosso dia a dia.

A montagem da peça é o resultado das pesquisas desenvolvidas pelo grupo Cia do Homem por meio do projeto "Oficinão Galpão Cine Horto", do grupo Galpão, de Belo Horizonte. O forte da companhia é o trabalho processual, evidente em vários aspectos do espetáculo, principalmente na construção da dramaturgia feita sob medida pelo grupo com a coordenação dramatúrgica de Luiz Alberto de Abreu. O resultado é um texto direto, de elaboração sofisticada ( assemelha-se às vezes com roteiros de cinema ou de HQs, pelos cortes e sobreposição de quadros), o que possibilita interpretações ao mesmo tempo ágeis e profundas.

O elenco é constituído basicamente de (bons) atores jovens, que imprimem, inclusive em função dos enredos dos núcleos, um ritmo corretamente acelerado na narrativa, indicativo de uma direção pautada na velocidade, sugestionada pelos sons e ambientes radicalmente urbanos.

O espetáculo é cenicamente bem construído, usando com propriedade os recursos de vídeo, em sintonia com o mote e inteligentemente respaldado pelo núcleo jornalístico da trama. O aspecto visual merecedor de melhor atenção são os figurinos, em alguns casos visivelmente mal acabados.

O espetáculo deve ser visto principalmente pela máxima atualidade do tema e pelo grande vigor das interpretações, oriundas do trabalho harmônico do grupo.

Avaliação:

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