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03/04/2003 - 03h24

Crítica: "BBB3" foi jogo chato, retrancado

XICO SÁ
crítico da Folha

Como já dizia o funk proletário, a voz do morro: "Demorô". Não para quem estava dentro do "Big Brother Brasil 3", que terminou anteontem e era festa às pampas, forró, teatro, Carnaval, mas para os mortais aqui do sofá. Tanto os discípulos do velho Raul Seixas ("Ah, eu acho tudo isso um saco"), como também os que tentavam se divertir ali, na boa, espiando a bunda da mestiçagem sem enxaqueca sociológica.

Ora, vão dizer, mas a audiência foi espetacular! E daí? Jogo é jogo. Uma decisão do Corinthians da gestão Parreira, que só vencia o adversário quando o dito cujo caía de tédio no tapete verde, também estourava as maquininhas de medição do Ibope. Ah, o resultado, né?

Claro que o bardo Pedro Bial gastou o latim para segurar a onda, a trilha sonora esteve irônica -herança e gênero da primeira "Casa dos Artistas"- e as edições, cheias de firula e graça, tentaram botar no ataque os participantes. Mas, além da falta de maiores sacrifícios (é uma gincana cristã, ora!), os anjos exterminados estavam todos numa retranca miserável.

É um jogo, como dizem todos para justificar o caráter que levaram no fundo das malas, junto com as cuecas. Que jogo? Sou mais bocha ou peteca em BH. Salve a Liga de Dominó da favela dos Coelhos, no Recife. Que pelo menos tivessem o sofrer. Vejo em SP, sem produção global, gente a comer vidro ou garrafa, por menos que 10% do novo mínimo.

Elaine, vice, 250 patacas por mês, cantou a pedra: "Ah, que férias".

Dhomini, o do triunfo, o Jecanalha (o caó do Jeca Tatu com a canalhice demasiadamente humana de todos os nossos lares e firmas) só não se divertiu mais por falta de uma troca de sopapos, esporte também universalíssimo, seja em Goiânia ou nos navios da escória genial de Conrad: leiam "O Tufão", aí sim uma aventura deste escriba-mor, que nem carece de Coppola, o da sétima arte, como chamavam o cinema.

E continuando o exibicionismo deste crítico, fica um conselho para as próximas atrações. Priscas eras, conforme o velho Kafka, o populacho se divertia com coisa melhor: o artista da fome. Um rapaz que ficava enjaulado, na tentativa de bater recordes de semanas, meses sem comer.

Quanto mais passava o tempo, mais a audiência babava. Até que um dia este profissional do entretenimento foi esquecido na jaula...

Avaliação:

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