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25/04/2003 - 03h12

Breeders fará show apenas no Curitiba Pop Festival

LÚCIO RIBEIRO
da Folha de S.Paulo

De um modo algo capenga, o Brasil acerta as contas com a história recente da música pop ao receber para show único, na semana que vem, a ilustre Kim Deal.

A guitarrista traz ao país seu grupo Breeders, mas os olhos e ouvidos dos roqueiros brasileiros estarão direcionados para a mulher principalmente por causa do nobre passado, o de baixista da seminal banda americana Pixies.

Um pixie no Brasil é motivo mesmo de grande celebração indie, mesmo que esta exaltação pop se dê longe das capitais (SP e Rio). Kim Deal faz show exclusivamente no Paraná, para a primeira edição do Curitiba Pop Festival, que acontece nos próximos dias 2 e 3 de maio. E depois vai embora, passando por São Paulo só para pegar o avião de volta.

"Não sei exatamente por que, mas foi estabelecido que tocaríamos em Curitiba e não poderíamos nos apresentar em São Paulo", entregou Kim Deal em entrevista à Folha, de Los Angeles, por telefone, antes de o grupo partir para a turnê pela América do Sul.

Não que um show do Breeders no país, por si só, seja pouca coisa. Deal formou a banda enquanto estava nos Pixies e começou os anos 90 produzindo dois álbuns espetaculares: "Pod", de 1990, e "Last Splash", de 1993. O hit "Cannonball" toca até hoje em rádios rock e pistas de dança daqui.

Mas é que Pixies ainda é inspiradora de bandas e bandas independentes que surgem a cada ano nas garagens brasileiras.

"Eu não tenho idéia do que esperar de um show na América do Sul. Pensava que íamos tocar para poucas pessoas até conversar com alguns jornalistas latinos. Disseram que nossos shows podem lotar por causa dos muitos fãs dos Pixies que existem aí. Mas não somos os Pixies. Somos o Breeders", explica a guitarrista, que responde assim se vai tocar no Brasil alguma canção da ex-banda tão famosa: "Nenhuma".

Os Pixies foram liderados por Francis Black, que antes assinava Black Francis, mas tem como nome de batismo Charles Michael Kitteridge Thompson 4º. Enquanto mudavam o rock independente americano no final dos anos 80 e botavam Nirvana e Radiohead na fila de entusiasmados fãs dos Pixies, Francis e Deal iam criando o racha que fez a banda acabar, em 1992. E que levou a guitarrista a se dedicar exclusivamente ao Breeders, que era uma espécie de Pixies de saia.

"Se sinto falta dos Pixies? Acho que sim. Sinto falta é dos rapazes da banda. Mas esse tempo de Pixies já acabou", sentencia Deal.
Há uma lacuna entre o Breeders do começo dos 90 e esse que traz ao Brasil a turnê do terceiro disco, "Title TK", lançado nove anos depois de "Last Splash".

"Tivemos problemas com as meninas do grupo [drogas, clínicas, drogas, clínicas] e dei um tempo com o Breeders. Quando resolvi retomar a banda, reformulando-a, me senti numa outra época", recorda Deal.

"Acho o novo rock bem interessante, mas às vezes parece que eu não estou entendendo nada. O White Stripes gravou recentemente este bom disco "Elephant" e a crítica adorou, porque é rock retrô. Quando o Breeders lançou o "Title TK", no ano passado, acharam o disco ruim porque era rock retrô. Sei lá."

Kim Deal finaliza: "Hoje ninguém grava mais como uma verdadeira banda de rock, que entra no estúdio, toca e sai com o CD na mão. Estamos neste mundo do ProTools [aparelho de edição eletrônica que permite interferir em gravações e encobrir erros], em que o engenheiro de som deveria ser tratado como integrante do grupo. Não consigo me acostumar a isso".
 

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