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05/05/2003 - 17h38

Documentário de Michael Moore reacende debate sobre armas

FERNANDA MENA
GUILHERME WERNECK

da Folha de S.Paulo

No dia 20 de abril de 1999, dois estudantes saíram de casa às 6h da manhã para jogar uma partida de boliche antes de ir à escola, na cidade de Littleton, no Colorado (EUA). Depois da aula, a dupla sacou dois rifles e duas armas semi-automáticas e saiu atirando indiscriminadamente pela lanchonete da escola, por seus corredores e dentro da biblioteca.

Foram mais de 900 disparos que mataram 12 colegas e um professor. Ao final do massacre, Eric Harris, 18, e Dylan Klebold, 17, cometeram suicídio.

Este é o ponto de partida do documentário vencedor do Oscar, "Tiros em Columbine" ("Bowling for Columbine"), do diretor Michael Moore, que entra em cartaz no próximo dia 16.

O filme escancara a obsessão norte-americana por armamentos e a facilidade com que armas de fogo e munição podem ser adquiridos legalmente nos Estados Unidos. A partir daí, Moore analisa como uma sociedade armada e acuada pela cultura do medo (da violência urbana, dos negros, dos terroristas, dos agentes químicos etc.) reage à combinação explosiva de imperialismo, consumismo e exploração da violência na mídia. Os resultados são, muitas vezes, catastróficos, especialmente quando quem está por trás da mira é um jovem.

Só em 2001, os EUA computaram 11.127 mortes por armas de fogo.
O número é alto para o chamado primeiro mundo, já que, em países como o Canadá, a Inglaterra e o Japão, a mesma soma tem resultado menor que cem.

No Brasil, no entanto, o mesmo número é mais de três vezes maior: só em 2000, segundo o Ministério da Saúde, 34.755 pessoas morreram em homicídios cometidos com armas de fogo.

Pelo histórico de crimes recentes do país, um jovem brasileiro não teme apenas os impulsos paranóicos que um colega de classe pode ter. Há outros protagonistas de barbáries cometidas por aqui: policiais, assaltantes e desequilibrados que têm acesso a armas.

Casos famosos ilustram essa triste realidade e alimentam o medo. Em 1993, policiais cariocas chacinaram oito meninos de rua no famoso massacre da Candelária. No final do ano passado, um segurança do show dos Titãs, em Campinas, matou um estudante de 17 anos na porta do ginásio da Unicamp.

Em 99, o estudante de medicina Mateus Costa Meira, então com 24 anos, abriu fogo contra a platéia que assistia à última sessão do filme "Clube da Luta", matando três pessoas e deixando outras cinco feridas com uma submetralhadora, arma de uso exclusivo das Forças Armadas ou da polícia.

Em janeiro deste ano, Edmar Aparecido Freitas, 18, morador da cidade de Taiúva, interior de São Paulo, comprou, ilegalmente, um revólver calibre 38 por R$ 250 e entrou na escola atirando. Ele feriu seis colegas, uma professora e o zelador. Depois, apontou a arma para si e não errou o alvo.

Exemplos como esses, que mostram o que uma arma de fogo na mão da pessoa errada ou despreparada (no caso de policiais e seguranças) pode provocar, levantaram a questão do desarmamento da população no Brasil.

Mas o debate público sobre a questão das armas ainda engatinha, polarizado entre ONGs e iniciativas governamentais, de um lado, e a indústria de armas e organizações como a ANPCA (Associação Nacional dos Proprietários e Comerciantes de Armas), de outro.

 

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