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08/05/2003 - 05h48

Grassi reclama direitos de exclusividade de Plínio Marcos

MARCELO RUBENS PAIVA
articulista da Folha

Quando morre um escritor, os direitos de sua obra vivem num limbo temporário. Não poderia ser diferente com Plínio Marcos, que só agora teve a obra completa catalogada por seu filho Kiko de Barros, quem gerencia o espólio.

Em 98, antes de morrer, o dramaturgo cedeu por dez anos os direitos da obra para a Funarte (Fundação Nacional de Arte), órgão do Ministério da Cultura. No final do mandato, em 2002, o então presidente da fundação, Márcio de Souza, repassou para a Global Editora os direitos de cinco peças, para a publicação de um livro. O novo presidente da Funarte, o ator Antônio Grassi, reclama os direitos de exclusividade.

"Quando entrei, vi que havia um contrato passando os direitos para a Global. Estou tentando com o departamento jurídico da Funarte ver se a gente entra num acordo. São apenas cinco obras. Mas a verdade é que a Global vai publicar as peças mais conhecidas. Vai sobrar o quê para a Funarte?", pergunta Grassi.

Entre as peças a serem publicadas, selecionadas pela crítica Ilka Zanotto, estão "Barrela", "Dois Perdidos numa Noite Suja", "Navalha na Carne" e "Abajur Lilás".

"Assinamos com a Global para uma coleção importante. A Funarte não conseguia editar os livros, e ficamos nesse impasse. Existem apenas alguns exemplares, produzidos pelo próprio Plínio, que os vendia. Mas toda a obra teatral dele está fora das livrarias", explica Kiko de Barros.

"Só agora conseguimos catalogar a obra completa. Vamos também abrir um site e batalhar pela construção de um centro cultural Plínio Marcos em Santos", diz.

Tomás de Aquino Chaves de Melo, então diretor do Departamento de Planejamento e Administração da Funarte, numa carta à Folha (21/08/2001), reiterava o desejo de publicar as obras num "projeto relevante da instituição". Mas nada foi feito.

Jefferson Luiz Alves, diretor editorial da Global, esclarece: "Não é bem isso, a Funarte tem os direitos da obra completa. O Kiko é meu amigo, a Global, na verdade, vai publicar o melhor teatro de Plínio Marcos numa coleção organizada por Sábato Magaldi".

"Temos uma coleção composta por melhores peças de alguns autores. A Funarte vai fazer a publicação completa do Plínio, e nós, das melhores. A coleção quer retratar o patrimônio do autor, deve estar havendo um mal-entendido, os direitos não foram repassados definitivamente, foram cedidos apenas para essa obra. Nada impede a Funarte de publicar."

"O projeto deles é muito mais ambicioso. A Global foi quem procurou a Funarte, por causa dessa coleção. É um trabalho normal. Com o passar do tempo, a família se chateou, porque a obra não era publicada, e ela queria ver a obra na praça", completa Alves.

"Devemos entrar num acordo, mesmo que se faça um esquema de co-produção. Nosso departamento jurídico alega que há uma contradição: comprar o direitos por dez anos e depois repassar gratuitamente. A Funarte tem interesse em publicar as suas obras. Não tem dinheiro agora."

O negócio, em torno de R$ 100 mil, foi excelente para ambas as partes. Plínio, doente, impedido pela diabetes de vender livros, transferiu à Funarte a responsabilidade de editar suas 30 peças.

Por outro lado, pagando em média R$ 3.300 por peça, o órgão ganhou a exclusividade de um dos maiores autores brasileiros.

"Não é só a publicação das peças, mas há um projeto editorial, com entrevistas. Não detalhei se queremos porcentagem, mas preciso dar sequência a um gasto do dinheiro publico que foi feito. Fez-se um acordo com uma editora específica sem haver licitação. Precisamos apurar tudo isso", explica Grassi.

Segundo ele, as edições estrangeiras precisam de autorização da Funarte: "Agora mesmo, chegou um pedido de uma editora francesa, cuja tradução já estava feita".

Márcio de Souza, ex-presidente da fundação, não foi localizado.

Jefferson Alves, da Global, explica que a editora tem interesse em publicar peças de dramaturgos brasileiros. No prelo, está um volume com peças de Domingos de Oliveira, a ser lançado em junho.

"A Coleção já publicou "CPC-UNE" e o melhor do teatro de Gianfrancesco Guarnieri. Muita gente merece estar nessa coleção. Acabou de morrer o Mauro Rasi, por exemplo. Tem o Augusto Boal. Tem muita gente", explica Magaldi, que organiza a coleção.


 

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