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21/08/2000
-
12h45
TELMO MARTINO
da Folha de S.Paulo
Já que ninguém se atrevia, Emanoel Araújo resolveu ocupar o lugar que Yolanda Penteado deixou vago. E, com o estrondo de quem já mereceu vários títulos e honrarias mas preferiu continuar como o Capeta das Artes, ele inaugurou uma exposição na sua Pinacoteca do Estado atordoando vários tipos de multidão. Não se sabe se pela proximidade do bar, o novo Jardim das Esculturas foi o que mais elogios ouviu.
Mostrando que se dá bem com todos, o Capeta fez questão de acomodar, nesse jardim, anjos de várias procedências.
Como o melhor da realeza, o Capeta Rei viu um sempre constante desfilar da alta sociedade, alta geriatria, alta cultura e das mulheres estoladas em pashmina. E, quando se soube que a Pinacoteca tinha uma ótima seção de restauro, houve mais do que um "frisson". Beatriz Pimenta Camargo marcou hora. Ela pôde ser explícita. As outras terão de esperar um momento mais quieto. Não são donas de coleções tão evidentes.
Não é de agora que São Paulo adora um tititi artístico. Houve época em que um marchand misterioso surgiu na cidade e mostrou que os dias do irmão Theo não mais existiam, e que arte também é comércio. Misterioso, esse marchand fez de seu desaparecimento um outro mistério.
Nem mesmo os levantinos têm mais fascínio pelas "lôdjinhas" do que as mulheres. Gostam tanto de comprar como de vender. Foi a febre. Todo dia surgia uma ou outra galeria de arte com sua marchande no comando. Era o cha-cha-cha da Gelleni! O pop-pop-pop borbulhante da Liebman.
E os tapas sem beijos que separaram para sempre a Arnaud da Filgueiras. Um escândalo! O vizinho Hercules Barsotti, horrorizado, acordava com o coração na mão. Seria o coração? E o minimalista Macaparana era um susto só regendo sua Buena Vista nordestina. Era assim: Maca (fúria no bongô) Parana (aceleração frenética no bim-bam-bum). E a época em que a inveja coletiva era da Luisa Strina porque tinha exclusividade da arte do Wesley Duke Lee?
Os cariocas odiaram a intromissão. Coitados dos cariocas em suas tolices. Autorizaram a construção, no contorno da mais bonita das baías, de mais um prédio projetado por Oscar Niemeyer. O primeiro feito por ele nesse litoral tem a fachada cega. Não quer nem espiar o Pão de Açúcar. Deve achar o bondinho capitalista.
O outro é um disco voador usado como museu em Niterói. Até agora não apareceu nenhum ET querendo comprar passagem, isto é, ingresso para uma visita. Nem um ET, nem um Spielberg. Só resta votar. Quem é o maior inimigo da baía de Guanabara? Oscar ou a Petrobras? Os comunistas estão dispensados de voto.
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Capeta das artes acomoda anjos no seu Jardim das Esculturas
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Já que ninguém se atrevia, Emanoel Araújo resolveu ocupar o lugar que Yolanda Penteado deixou vago. E, com o estrondo de quem já mereceu vários títulos e honrarias mas preferiu continuar como o Capeta das Artes, ele inaugurou uma exposição na sua Pinacoteca do Estado atordoando vários tipos de multidão. Não se sabe se pela proximidade do bar, o novo Jardim das Esculturas foi o que mais elogios ouviu.
Mostrando que se dá bem com todos, o Capeta fez questão de acomodar, nesse jardim, anjos de várias procedências.
Como o melhor da realeza, o Capeta Rei viu um sempre constante desfilar da alta sociedade, alta geriatria, alta cultura e das mulheres estoladas em pashmina. E, quando se soube que a Pinacoteca tinha uma ótima seção de restauro, houve mais do que um "frisson". Beatriz Pimenta Camargo marcou hora. Ela pôde ser explícita. As outras terão de esperar um momento mais quieto. Não são donas de coleções tão evidentes.
Não é de agora que São Paulo adora um tititi artístico. Houve época em que um marchand misterioso surgiu na cidade e mostrou que os dias do irmão Theo não mais existiam, e que arte também é comércio. Misterioso, esse marchand fez de seu desaparecimento um outro mistério.
Nem mesmo os levantinos têm mais fascínio pelas "lôdjinhas" do que as mulheres. Gostam tanto de comprar como de vender. Foi a febre. Todo dia surgia uma ou outra galeria de arte com sua marchande no comando. Era o cha-cha-cha da Gelleni! O pop-pop-pop borbulhante da Liebman.
E os tapas sem beijos que separaram para sempre a Arnaud da Filgueiras. Um escândalo! O vizinho Hercules Barsotti, horrorizado, acordava com o coração na mão. Seria o coração? E o minimalista Macaparana era um susto só regendo sua Buena Vista nordestina. Era assim: Maca (fúria no bongô) Parana (aceleração frenética no bim-bam-bum). E a época em que a inveja coletiva era da Luisa Strina porque tinha exclusividade da arte do Wesley Duke Lee?
Os cariocas odiaram a intromissão. Coitados dos cariocas em suas tolices. Autorizaram a construção, no contorno da mais bonita das baías, de mais um prédio projetado por Oscar Niemeyer. O primeiro feito por ele nesse litoral tem a fachada cega. Não quer nem espiar o Pão de Açúcar. Deve achar o bondinho capitalista.
O outro é um disco voador usado como museu em Niterói. Até agora não apareceu nenhum ET querendo comprar passagem, isto é, ingresso para uma visita. Nem um ET, nem um Spielberg. Só resta votar. Quem é o maior inimigo da baía de Guanabara? Oscar ou a Petrobras? Os comunistas estão dispensados de voto.
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