Publicidade
Publicidade
17/05/2003
-
13h15
free-lance para a Folha Online, no Rio
Em seu mais recente trabalho, "Erros Irreversíveis" (Editora Record), o escritor norte-americano Scott Turow questiona a eficiência da pena de morte e, por tabela, abre um precedente ainda maior: põe em xeque a própria lisura e capacidade de decisão do sistema judiciário dos Estados Unidos.
Em entrevista coletiva no Hotel Inter Continental, ontem à tarde, o escritor revelou-se um admirador antigo do Brasil, que visita pela primeira vez, e contou casos de sua carreira de advogado que demonstram que até a maior potência do mundo pode cometer grandes erros judiciais.
O presidente George W. Bush foi alvo de críticas por ter feito da pena de morte uma bandeira quando ainda era governador do Texas. Turow citou, por exemplo, que desde o retorno da pena de morte aos Estados Unidos, em 1977, um terço das execuções aconteceu naquele Estado, em especial no período governado por Bush.
"O alto número de mortes abriu uma discussão entre a população que, apesar de ainda apoiar esse tipo de ação, já se questiona sobre sua eficiência. Teoricamente, ela funcionaria como um reparo moral a um crime hediondo, mas, na prática, não é assim. O que dizer aqueles que foram executados sem provas suficientes?."
Se por um lado Bush foi criticado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu elogios do escritor, em especial pela questão da intervenção federal na investigação de casos de corrupção nos Estados. Turow não só apóia a iniciativa do presidente, como citou um caso semelhante do qual participou em seu país, e que resultou na prisão de 17 juízes e 51 advogados acusados de corrupção.
Sobre o sucesso de seus livros, principalmente em Hollywood, Turow se diz apenas feliz com isso. Escrever para o cinema não faz parte dos seus planos. "Quanto mais eu sei da situação dos escritores por lá, menos tenho vontade de escrever para eles. Seria como fazer uma cirurgia em mim mesmo", afirmou.
Ao se tornar um especialista nesse tipo de trama, Turow investiu num dos temas mais palpitantes para a sociedade americana e, certamente, isso explica boa parte do sucesso do escritor nos Estados Unidos, onde seu mais recente livro já vendeu cerca de 3 milhões de exemplares.
"A lei é algo tão emblemático para os americanos que existe um canal de TV a cabo que só transmite as ações nos tribunais. No começo, achava as câmeras e os tribunais uma combinação maravilhosa. Hoje, percebo o quão desastroso pode ser transformar um julgamento num espetáculo. O caso O.J. Simpson é um exemplo claro disso", disse.
Amanhã, às 16h, o escritor participa do Café Literário e depois, às 18h, segue para o estande da Editora Record, onde vai autografar "Erros Irreversíveis". Os dois eventos serão realizados no Pavilhão Verde da Bienal, no Riocentro.
Especial
Saiba mais sobre a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro
Scott Turow põe em xeque pena de morte e elogia Lula
GIOVANA MOLLONAfree-lance para a Folha Online, no Rio
Em seu mais recente trabalho, "Erros Irreversíveis" (Editora Record), o escritor norte-americano Scott Turow questiona a eficiência da pena de morte e, por tabela, abre um precedente ainda maior: põe em xeque a própria lisura e capacidade de decisão do sistema judiciário dos Estados Unidos.
Em entrevista coletiva no Hotel Inter Continental, ontem à tarde, o escritor revelou-se um admirador antigo do Brasil, que visita pela primeira vez, e contou casos de sua carreira de advogado que demonstram que até a maior potência do mundo pode cometer grandes erros judiciais.
O presidente George W. Bush foi alvo de críticas por ter feito da pena de morte uma bandeira quando ainda era governador do Texas. Turow citou, por exemplo, que desde o retorno da pena de morte aos Estados Unidos, em 1977, um terço das execuções aconteceu naquele Estado, em especial no período governado por Bush.
"O alto número de mortes abriu uma discussão entre a população que, apesar de ainda apoiar esse tipo de ação, já se questiona sobre sua eficiência. Teoricamente, ela funcionaria como um reparo moral a um crime hediondo, mas, na prática, não é assim. O que dizer aqueles que foram executados sem provas suficientes?."
Se por um lado Bush foi criticado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu elogios do escritor, em especial pela questão da intervenção federal na investigação de casos de corrupção nos Estados. Turow não só apóia a iniciativa do presidente, como citou um caso semelhante do qual participou em seu país, e que resultou na prisão de 17 juízes e 51 advogados acusados de corrupção.
Sobre o sucesso de seus livros, principalmente em Hollywood, Turow se diz apenas feliz com isso. Escrever para o cinema não faz parte dos seus planos. "Quanto mais eu sei da situação dos escritores por lá, menos tenho vontade de escrever para eles. Seria como fazer uma cirurgia em mim mesmo", afirmou.
Ao se tornar um especialista nesse tipo de trama, Turow investiu num dos temas mais palpitantes para a sociedade americana e, certamente, isso explica boa parte do sucesso do escritor nos Estados Unidos, onde seu mais recente livro já vendeu cerca de 3 milhões de exemplares.
"A lei é algo tão emblemático para os americanos que existe um canal de TV a cabo que só transmite as ações nos tribunais. No começo, achava as câmeras e os tribunais uma combinação maravilhosa. Hoje, percebo o quão desastroso pode ser transformar um julgamento num espetáculo. O caso O.J. Simpson é um exemplo claro disso", disse.
Amanhã, às 16h, o escritor participa do Café Literário e depois, às 18h, segue para o estande da Editora Record, onde vai autografar "Erros Irreversíveis". Os dois eventos serão realizados no Pavilhão Verde da Bienal, no Riocentro.
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice