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19/05/2003 - 23h11

Caetano Veloso homenageia Waly Salomão na Bienal

GIOVANA MOLLONA
free-lance para a Folha Online, no Rio

Com a morte do poeta e letrista da música popular brasileira Waly Salomão, no último dia 5, o Café Literário "A palavra poética", realizado hoje no Pavilhão Verde do Riocentro, transformou-se numa grande homenagem a ele.

Secretário Nacional do Livro e Leitura, Waly participaria da mesa que, mesmo com sua ausência, seguiu a programação, mas com uma presença a mais: a do cantor e compositor Caetano Veloso, amigo do poeta havia 40 anos.

"Até na hora de morrer Waly foi muito pessoal: foi embora de forma surpreendente e intensa. Falo aqui de forma alegre sobre ele, mas ainda não me acostumei com sua partida", disse Caetano, visivelmente emocionado.

Na platéia, estavam os filhos de Waly, Kalid e Omar, as irmãs de Caetano Veloso, Mabel e Clara Maria, e sua sobrinha, a cantora Belô Veloso. O café ficou lotado.

O evento, cujo nome foi escolhido pelo próprio Waly, contou também com as participações dos poetas Antonio Cícero e Cláudia Roquette-Pinto, além do presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Pedro Corrêa do Lago, que assumiu interinamente a direção da Secretaria Nacional do Livro e da Leitura.

"Minha amizade com Waly foi de apenas quatro meses, mas sinto que neste pouco tempo fizemos uma longa caminhada", comentou Corrêa do Lago que, em seguida, leu um poema em sua homenagem.

"Acho que eu não o agradei de início", disse Caetano, lembrando do momento em que conheceu o poeta. Em seguida, leu um trecho de seu livro, "Verdade Tropical", relembrando passagens da amizade com o poeta, e cantou um trecho de "Mel", cuja letra é de Waly Salomão.

Ao contar passagens de sua amizade com Salomão, Caetano Veloso fez o público rir. "Ele me falava: 'dizem que Deus não dá asas às cobras, mas para esta [Caetano], ele deu", contou o cantor, que disse considerar a frase que o poeta repetia como um elogio. "Ele também costumava me chamar de 'Soninha, toda pura', por causa desse meu jeito, mais calmo, apaziguador."

Outro que também provocou risos na platéia ao lembrar do poeta foi Antonio Cícero. Os dois se conheceram nos anos 70 e, para Cícero, o que mais lhe chamava a atenção em Salomão era seu espírito anárquico.

"Nos conhecemos na casa de d. Mariá, mãe de Gal Costa. Naquela ocasião, lembro-me que ele entrou na sala e começou a declamar uns poemas horrorosos. Todos já estavam se entreolhando quando a mãe de Gal Costa, furiosa, começou a esbravejar: 'Ladrão! Ladrão!'. O Waly teve a capacidade de decorar os poemas de d. Mariá para nos pregar uma peça."

No encontro, Caetano Veloso e Antonio Cícero também frisaram a importância de Hélio Oiticica na carreira do poeta. "Hélio foi o primeiro a ver o Waly como escritor", disse Caetano.

Durante o bate-papo, os convidados leram poesias, inclusive as de autoria do homenageado. Questionado sobre o que ela achava ter mudado em Waly desde a época em que se conheceram, Caetano, em tom de brincadeira, resumiu: "Ele era mais magro".

Waly Salomão morreu no último dia 5, na Clínica São Vicente, na Gávea (zona sul do Rio), onde estava internado para tratamento de um câncer no fígado.

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