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21/05/2003 - 06h30

Editora inglesa trará seus achados ao festival de Parati

CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo, no Rio

Uma das principais estrelas do mercado editorial inglês, Liz Calder sempre acaba cruzando em sua Via Láctea com dois fenômenos: jovens escritores que farão sucesso mais adiante e o Brasil.

Os primeiros, ela começou a conhecer nos anos 70, quando publicou o romance de estréia de um rapaz de origem indiana chamado Salman Rushdie. O segundo, ela descobriu uma década antes, quando veio passar quatro anos morando em São Paulo.

Esta semana, a editora inglesa teve pela primeira vez a chance de misturar efetivamente as duas coisas. Não apenas porque ela encontrou no Rio seu velho amigo Salman Rushdie, convidado da Bienal. Calder aproveitou o megaevento carioca para anunciar um velho sonho: está montando um festival literário internacional em Parati (RJ).

Na Flip (www.flip.org.br), apelido da Festa Literária de Parati, a editora vai ter a oportunidade de intensificar a troca entre seus dois "companheiros".

Calder já confirmou para a primeira edição do evento brasileiro um de seus grandes achados literários, o inglês Julian Barnes, e outro a quem deu empurrão fundamental, o canadense Michael Ondaatje.

Por pouco ela não trouxe o seu melhor amigo de hoje, o mago-mirim Harry Potter, que a editora que ela criou, em 1986, a Bloomsbury, descobriu quando outras muitas casas inglesas não tinham percebido o seu feitiço.

"Tentamos trazer J.K. Rowling, mas ainda não foi desta vez", conta Calder, em conversa com a Folha, no hotel Copacabana Palace. Ela ainda não desistiu de trazer a "mãe" de Potter para outras edições do evento, que neste ano será nos dias 1º, 2 e 3 de agosto na Casa de Cultura de Parati.

Ali, nas mesas junto com outros nomões internacionais, à Hobsbawm, a editora terá alguns autores a quem deu trajetória inversa. É ela quem publica no Reino Unido escritores como Patrícia Melo, Milton Hatoum, além de outros que, por timidez, como Rubem Fonseca, ou motivos transcendentais, como Machado de Assis, não estarão na Flip. (Em tempo, a editora Bloomsbury vai publicar nova coletânea de contos do Machado de Assis traduzida para o inglês pelo professor John Gledson.)

O autor de "Dom Casmurro", "um dos meus cinco escritores prediletos", foi apresentado a Calder por Rushdie, machadófilo de boa cepa (leia ao lado). A editora havia passado "batida" pelo bruxo do Cosme Velho quando morou no Brasil, de 1964 a 1968, acompanhando o então marido, engenheiro da Rolls-Royce.

"Na época não sabia nada de português, então trabalhei como modelo", lembra. Pouco depois de voltar a Londres, a manequim de revistas e passarelas brasileiras logo começou a lidar com livros.

Seu primeiro sucesso foi a publicação de "O Mundo Segundo Garp", de John Irving, "descoberta" que lhe rendeu convite para a poderosa editora Jonathan Cape, onde ficou até 1986.

Por lá, Calder acertou até nos erros. Certa vez, conheceu em um evento a viúva do presidente chileno Salvador Allende, que lhe contou que escreveria um livro.

Um ano depois, na Feira de Frankfurt, ouviu falar em um livro de uma tal Allende. Comprou sem ler. Quando recebeu os manuscritos, se deu conta que tinha levado outra coisa, mas gostou e publicou. Era "A Casa dos Espíritos", estréia de Isabel Allende, que faria sucesso colossal na Inglaterra e resto do mundo.

E era o famoso "faro" de Liz Calder, que agora fareja mais que tudo o Brasil. "Que brasileiros eu deveria publicar?", pergunta a editora, na primeira brecha.

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