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24/05/2003
-
16h59
free-lance para a Folha Online, no Rio
"Se o governo impuser cotas para os negros nas universidades, vai gerar ainda mais preconceitos". Isso foi o que afirmou o ministro da Educação, Cristóvam Buarque em palestra sobre escravidão realizada ontem na Bienal do Livro do Rio.
O debate "A cor da pele: raça e escravidão", no Pavilhão Azul, contou com a presença do ministro, já pela segunda vez na 11ª Bienal Internacional do Livro. Os outros participantes foram o presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), o diplomata Alberto da Costa e Silva, o jornalista Eduardo Bueno e o escritor e historiador Joel Rufino dos Santos.
Assim como na abertura da Bienal, no último dia 15, o ministro falou sobre a questão das cotas para os negros nas universidades. "Sou a favor como uma medida emergencial, mas ela não é em si uma ação social, pois irá beneficiar somente a classe média negra", disse.
Cristóvam Buarque garantiu ainda que não partirá do ministério qualquer iniciativa que imponha tal medida. "Cada uma das instituições vai estabelecer a sua política sobre o assunto. Uma imposição das cotas por parte do governo geraria ainda mais preconceitos", completou.
O debate discutiu o papel do negro na formação sócio-econômica do país, as condições desta parcela da população hoje, além do racismo.
Para o escritor Joel Rufino, o preconceito racial observado no Brasil é fruto do sistema econômico. "Se fosse por causa da escravidão, então a população brasileira seria cada vez menos racista com o passar do tempo", explicou.
Opinião totalmente contrária teve o presidente da ABL, Alberto da Costa e Silva. "O preconceito existe justamente por causa da escravidão. O negro foi o escolhido e isto tornou diferente do resto do mundo o sistema escravagista praticado aqui nas Américas. Tivemos uma escravidão racial", disse.
Na palestra, o ministro também voltou a comentar os projetos contra o analfabetismo e o Bolsa-Escola. "Ainda serão necessários mais alguns meses para que haja condições de aumentar o valor do Bolsa-Escola [o valor atualmente é de R$15]. O objetivo é que ele seja ampliado para atender toda a família do beneficiado e não somente o estudante", apontou o ministro.
Quanto ao analfabetismo, o ministro voltou a falar de prazos. Disse ser possível, em 15 anos, ter 100% das crianças brasileiras na escola. Para tanto, falou em investir no que chama de "Santíssima Trindade" na educação: valorização, motivação e preparo do professor. O ministro pretende dobrar o salário da classe (hoje, em média de R$500) para R$ 1 mil e zerar o número de analfabetos no país em quatro anos. Segundo o ministro, esta população, atualmente, é de 20 milhões de pessoas.
Como é de seu estilo, o ministro também não deixou de lançar as suas frases de efeito. Sobre a platéia presente, comentou: "Os negros são os maiores excluídos sociais do Brasil. Prova disto é esta sala. Na Bahia mesmo fico impressionado com a 'branquitude' da platéia que comparece a eventos como este".
Especial
Saiba mais sobre a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro
Ministro diz que cotas para negros vão gerar mais preconceitos
GIOVANA MOLLONAfree-lance para a Folha Online, no Rio
"Se o governo impuser cotas para os negros nas universidades, vai gerar ainda mais preconceitos". Isso foi o que afirmou o ministro da Educação, Cristóvam Buarque em palestra sobre escravidão realizada ontem na Bienal do Livro do Rio.
O debate "A cor da pele: raça e escravidão", no Pavilhão Azul, contou com a presença do ministro, já pela segunda vez na 11ª Bienal Internacional do Livro. Os outros participantes foram o presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), o diplomata Alberto da Costa e Silva, o jornalista Eduardo Bueno e o escritor e historiador Joel Rufino dos Santos.
Assim como na abertura da Bienal, no último dia 15, o ministro falou sobre a questão das cotas para os negros nas universidades. "Sou a favor como uma medida emergencial, mas ela não é em si uma ação social, pois irá beneficiar somente a classe média negra", disse.
Cristóvam Buarque garantiu ainda que não partirá do ministério qualquer iniciativa que imponha tal medida. "Cada uma das instituições vai estabelecer a sua política sobre o assunto. Uma imposição das cotas por parte do governo geraria ainda mais preconceitos", completou.
O debate discutiu o papel do negro na formação sócio-econômica do país, as condições desta parcela da população hoje, além do racismo.
Para o escritor Joel Rufino, o preconceito racial observado no Brasil é fruto do sistema econômico. "Se fosse por causa da escravidão, então a população brasileira seria cada vez menos racista com o passar do tempo", explicou.
Opinião totalmente contrária teve o presidente da ABL, Alberto da Costa e Silva. "O preconceito existe justamente por causa da escravidão. O negro foi o escolhido e isto tornou diferente do resto do mundo o sistema escravagista praticado aqui nas Américas. Tivemos uma escravidão racial", disse.
Na palestra, o ministro também voltou a comentar os projetos contra o analfabetismo e o Bolsa-Escola. "Ainda serão necessários mais alguns meses para que haja condições de aumentar o valor do Bolsa-Escola [o valor atualmente é de R$15]. O objetivo é que ele seja ampliado para atender toda a família do beneficiado e não somente o estudante", apontou o ministro.
Quanto ao analfabetismo, o ministro voltou a falar de prazos. Disse ser possível, em 15 anos, ter 100% das crianças brasileiras na escola. Para tanto, falou em investir no que chama de "Santíssima Trindade" na educação: valorização, motivação e preparo do professor. O ministro pretende dobrar o salário da classe (hoje, em média de R$500) para R$ 1 mil e zerar o número de analfabetos no país em quatro anos. Segundo o ministro, esta população, atualmente, é de 20 milhões de pessoas.
Como é de seu estilo, o ministro também não deixou de lançar as suas frases de efeito. Sobre a platéia presente, comentou: "Os negros são os maiores excluídos sociais do Brasil. Prova disto é esta sala. Na Bahia mesmo fico impressionado com a 'branquitude' da platéia que comparece a eventos como este".
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