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24/05/2003 - 17h36

Festival de Cannes tem edição pouco brilhante, dizem críticos

da France Presse, em Cannes

O 56º Festival de Cannes, que termina no domingo com a entrega da Palma de Ouro e a exibição de "Tempos Modernos", de Charles Chaplin, encerrou este sábado uma competição oficial que provocou pouco entusiasmo e que muitos consideraram fraca e na qual a política internacional esteve muito presente.

A opinião geral é que a lista de filmes de Cannes em 2003 não foi das melhores em seu conjunto, apesar da exibição de alguns filmes inovadores e de grande qualidade artística, como o dinamarquês "Dogville" e o turco "Uzak".

O contexto internacional, as sequelas da guerra do Iraque e até a pneumonia asiática são citadas para explicar o momento ruim do mais importante festival de cinema do mundo. Porém, críticos que acompanham o festival há vários anos acrescentam um 'verdadeiro problema de seleção'.

Muitos, como a revista "Hollywood Reporter", recorreram à comparação com outras edições para ressaltar a "falta de brilho" deste ano. Sem ir muito longe, lembram do ano passado, que incluía "O Pianista", de Roman Polanski, "O Homem Sem Passado", de Aki Kaurismaki, "Sweet Sixteen", de Ken Loach, "Intervenção Divina", do palestino Elia Suleimán, e "Tiros em Columbine", de Michael Moore.

As tensões internacionais e o predomínio mundial dos Estados Unidos dominaram as discussões no festival e as entrevistas coletivas, durante as quais alguns jornalistas, em particular os americanos, pareciam ter uma verdadeira obsessão por descobrir "antiamericanismo" nos filmes.

O diretor dinamarquês Lars Von Trier, cujo filme "Dogville" aparece como favorito para a premiação, foi o primeiro a responder a essa acusação e ser reprovado por criticar "um país que não conhece".

"Os americanos não conheciam o Marrocos quando filmaram "Casablanca", e "Dogville" poderia se passar em qualquer parte do mundo", disse. "Não sou antiamericano, pelo contrário, me sinto muito americano", acrescentou, afirmando que os Estados Unidos "poderiam ser um país maravilhoso, mas eu não quero visitá-lo porque não estou seguro de que seja o que poderia ser".

O canadense Denys Arcand, diretor de "As Invasões Bárbaras", que também aparece entre os favoritos, teve que responder acusações semelhantes.

"Eu não sou nem pró nem antiamericano, mas a realidade é que os Estados Unidos dominam o mundo, que somos todos súditos do império. Os iraquianos sabem algo a respeito", declarou Arcand.

"E o império vai decidir nossa cultura. Eu sou pessimista, porque a cultura segue as armas, como demonstra a história. Nós podemos falar de Sartre e de Primo Levi, mas isso não vai influenciar (Donald) Rumsfeld (secretário de Defesa dos Estados Unidos)".

Até Clint Eastwood, que dirigiu "Mystic River", filme em que trabalham dois atores contrários à guerra no Iraque (Sean Penn e Tim Robbins), teve que se pronunciar à respeito de insinuações. Porém, o ator e diretor rebateu os jornalistas e reafirmou seu apego à "liberdade de expressão".

A política internacional também apareceu em "Às Cinco da Tarde", filme sobre o Afeganistão, da diretora iraniana Samira Majmalbar, que disse que seu filme é uma tentativa de "mostrar que não é Rambo quem vai salvar o Afeganistão". "Quis corrigir os estereótipos difundidos pelos meios de comunicação, como o dos Estados Unidos salvando o povo dos talebans", afirmou, acrescentando que "ainda existem talebans em muitas partes", onde há fanatismo e "também no governo americano".

Especial
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