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26/05/2003 - 02h48

Festival de Cannes é acusado de privilegiar franceses

SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo, em Cannes

A Palma de Ouro do 56º Festival de Cannes foi atribuída a um filme norte-americano produzido pela HBO num contexto em que a mostra é acusada de privilegiar os filmes (e os negócios cinematográficos) da França.

Todd McCarthy, crítico da "Variety", considerada a principal revista especializada dos Estados Unidos, publicou na última sexta artigo em que afirma haver um jogo de cartas marcadas no festival.

A revista diz que Cannes é sensível a políticas, intrigas e manobras na seleção e na forma como os filmes são recebidos. Haveria, segundo McCarthy, uma orquestração para privilegiar o cinema de autor, cujo berço é a França.

O crítico sustenta ainda que a participação da França tornou-se exigência para que um filme dispute a Palma de Ouro e diz que a influência dos jornais "Le Monde" e "Libération" na seleção é maior do que se pensa.

A revista inglesa "Screen" corrobora a análise da "Variety" de que a seleção de Cannes procura privilegiar interesses de produtores e distribuidores franceses.

"Carandiru", o competidor brasileiro, foi produzido no Brasil com benefício das leis de renúncia fiscal (pelas quais empresas patrocinam projetos culturais) e é distribuído internacionalmente pela norte-americana Sony Pictures. "Elephant" é distribuído pela francesa MK2.

Os dois jornais franceses reagiram ao artigo. O "Libération" disse que o crítico norte-americano está "em plena crise paranóica" e se perguntou "o que ele tem engolido no café da manhã para estar nesse estado de fúria".

O "Le Monde" afirma que "falar do incontornável poderio francês no cinema é esquecer um pouco rápido demais que Hollywood domina 70% das bilheterias em todos os países, exceto Índia, França e Coréia".

Entrevistado pelo diário, o presidente do festival, Gilles Jacob, diz que "não existe nos Estados Unidos um festival como o de Cannes, porque os americanos sabem como exportar filmes, mas não têm o menor interesse em importá-los".

Jacob diz ainda que Cannes é e deve continuar sendo uma mostra dedicada ao cinema de autor.

A entrevista do "Le Monde" com o presidente do Festival de Cannes termina com certa ambiguidade. Perguntado se se arrepende de algo, Jacob responde que "talvez tenha havido um filme francês além da conta nesta edição". Foram quatro competidores franceses, num total de 20.

A interseção entre o Festival de Cannes e as questões do mercado cinematográfico pode ser vista também na premiação do longa do italiano Marco Tulio Giordana ("La Meglio Gioventù") na seção Un Certain Regard. "La Meglio Gioventù" é um projeto feito originalmente para a TV, com cinco horas de duração.

Gus van Sant afirmou que a HBO era "a melhor casa" para o seu "Elephant", porque o tema do filme sugere que ele teria "vida curta" nas salas de cinema. "Vamos ver agora [com a Palma]."

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