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02/06/2003 - 07h12

Escuta Aqui: Pesquisa diz que letras agressivas estimulam a violência

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Colunista da Folha de S.Paulo

Jovens que escutam músicas com letras agressivas passam a ter, logo que a música acaba, pensamentos e sensações violentos. E essa reação é diretamente proporcional à agressividade das letras. Quanto mais barra-pesada elas forem, mais o cara fica "doidão".

Quem está dizendo não sou eu, nem sua mãe, que reclama de você escutar Sepultura no volume 12. A conclusão é de um grupo de cientistas da Universidade do Estado de Iowa e da Secretaria de Serviço Social do Texas (EUA). O trabalho foi publicado na revista científica "Journal of Personality and Social Psychology". Um bom resumo do trabalho está em www.eurekalert.org/pub_releases/2003-05/apavml042903.php.

O estudo é interessante por diversas razões. Uma delas é que contraria a noção popular de que as letras agressivas funcionariam como uma espécie de catarse, de válvula de escape para a molecada. Na verdade, se os cientistas estiverem corretos, a agressividade das letras só provoca uma coisa -agressividade em quem as está ouvindo.

E atenção: o trabalho refere-se especificamente às letras. Se o som for pesado, mas a letra levinha, o efeito agressivo não aparece.

Basicamente, os pesquisadores botaram um grupo de mais de 500 universitários para ouvir sete músicas violentas de sete artistas e também músicas não-violentas dos mesmos artistas. E usaram uma série de testes psicológicos para ver se o pessoal ficava com pensamentos agressivos na cabeça depois de escutar as letras violentas.

Um exemplo de teste é pedir que o jovem complete uma palavra na qual falta uma letra. Por exemplo: s-co.

Pode ser "saco" ou "suco". Agora, se a escolha for "soco", há um sinal de agressividade.

Está curioso para saber quais as músicas violentas? Então lá vai: "Jerk-Off", do Tool; "Shoot 'Em Up", do Cypress Hill; "I Wouldn't Mind", do Suicidal Tendencies; "Hit 'Em Hard", do Run DMC; "A Boy Named Sue", de Johnny Cash; "The Night Santa Went Crazy", de Weird Al Yankovic; e "Country Death Song", dos Violent Femmes.

Claro que ainda falta descobrir quais são as implicações de longo prazo -se é que elas existem. Os pesquisadores só mediram a agressividade nos instantes imediatos ao fim da música. Não se sabe se essa tendência violenta permanece por muito tempo, nem se tem algum efeito mais profundo na formação da personalidade.

E, aqui no Brasil, é bom lembrar que tudo muda de figura, porque a imensa maioria dos jovens não sabe inglês suficiente para entender o que os gringos estão cantando. Ainda bem!

Álvaro Pereira Júnior, 39, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo

E-mail:cby2k@uol.com.br
 

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