Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
13/06/2003 - 04h23

Wanderléa grava com associação beneficente e volta após 11 anos

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo

Sentada à beira do caminho, Wanderléa, 57, não gravava álbum próprio havia 11 anos. "O Amor Sobreviverá", que quebra o jejum, é o primeiro disco que a cantora mineira afirma ter criado sem nenhuma interferência externa, de gravadora ou de produtor.

"Eu, Lalo [seu marido e produtor] e a banda entramos em estúdio e gravamos o show da estrada, sem pensar no que seria 'o disco do mercado'", explica.

Ainda não lançado comercialmente, o CD beneficente foi elaborado em parceria com uma instituição que Wanderléa apóia há 20 anos, a Pequeno Cotolengo, entidade para "crianças e adultos com necessidades especiais".

A multinacional BMG confirma que deve bancar uma edição comercial de "O Amor Sobreviverá", mas diz que a negociação com a artista não está concluída.

Os últimos 11 anos passados longe de gravadoras confirmam sua longa trajetória, de musa máxima da jovem guarda a artista exilada da condição de pop star.

Hoje desdenha de tal condição: "O mundo do pop star é uma ficção. Vejo meninos que conheci antes de fazerem sucesso, me entristeço. O olhar fica vitrificado, penso: 'Pronto, esse foi tomado'".

Diz que a televisão tem sido para ela fonte inesgotável de convites que manteriam esse seu contato com o público, mas é uma forma de estrelato de que tem fugido.

"Minha ética pessoal é rígida. O que vou fazer num programa de TV se não tenho algo legal e novo para mostrar? Me chamam porque acreditam na personagem. Mas não gosto de me expor."

Wanderléa, uma personagem? Ela afirma que a musa iê-iê-iê possuía vitalidade e era verdadeira. "Não havia referencial, não havia pop star antes da gente."

Ela, que fora a "ternurinha" de Roberto e Erasmo Carlos, afirma que o sucesso cobrou seu preço à personagem: "Minha vida pessoal ficou fechada, deixei de levar uma vida natural. Ficam escovando seu ego, você vive dentro de uma redoma, vira a galinha dos ovos de ouro de muita gente".

Por isso celebra a independência. "É uma delícia ser dona do que faço. A única pessoa que me permitiu isso antes foi Egberto Gismonti", diz, referindo-se ao recém-relançado disco "Vamos que Eu Já Vou" (77), que gravou com Gismonti, parceiro quase erudito e ex-namorado.

"Fiz aquele disco com a insegurança de uma adolescente. Na época as pessoas não entenderam nunca, acabaram com o trabalho. Mas foi um salto de auto-afirmação", relembra.

Transfere às duas filhas, de 16 e 18 anos, experiências que lhe faltaram. "Fui uma criança que dava autógrafo, fiz o que fiz sem nenhum aprendizado. Minhas filhas estudam, teorizam, analisam e criticam tudo. Não sei o que elas vão ser, mas estar na mídia é algo que não as seduz", conta.

Outro dia, a filha caçula recebeu de presente anônimo uma guitarra. Tempos depois a família soube quem enviou: Egberto Gismonti.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página