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23/06/2003
-
14h06
Colunista da Folha de S.Paulo
Três copos de Harp, irlandesa loira, e pronto -tomamos coragem para dirigir 64 km rumo ao sul, Mountain View, vale do Silício, coração planetário da indústria de informática. É lá que nos esperam os White Stripes, os Deftones, os Foo Fighters, mais Interpol, Hot Hot Heat, as Donnas, os Transplants e sabe-se lá quantas bandas mais.
Estamos na rua Haight, San Francisco, "think tank" riponga que inventou o "flower power" e sobrevive até hoje como central "freak" cheia de idéias cabeludas.
Eu e meu parceiro Sam P. -duas filhas, mulher japonesa e certa vocação para o mal- acabamos de realizar uma compra demencial de CDs na Amoeba Records, que só quem conhece entende. A Harp refresca, nos ajuda a pensar. E dá coragem: vamos lá, descer a highway 101. Quarenta e cinco minutos depois...
Anfiteatro Shoreline, palco de tantos shows memoráveis -vários deles já comentados em "Escuta Aqui"- recebe o BFD, festival organizado pela rádio "alternativa" local, a Live 105. Festa gigantesca, de dois palcos e onze horas seguidas de shows, sob o impossível azul celeste da primavera californiana.
Quando faltam 20 passos para a entrada, ouvimos os White Stripes já na primeira canção. As últimas moléculas irlandesas provocam uma descarga de adrenalina, conseguimos apressar o passo e lá estão eles: Jack e Meg White, miragem onírica, vermelha e branca, no deserto do Oeste americano.
Eles tocam "Seven Nation Army", ainda com o dia claro, em espaço aberto, para uma audiência relativamente interessada.
Jack veste casaco country vermelho, e Meg, de camiseta branca de mangas compridas, levanta-se para cantar "In the Cold, Cold Night". Está descalça, de nanomicroshort vermelho -em termos práticos, pouco mais que uma calcinha.
São 40 minutos de show, em que Meg revela um estilo de tocar bateria com duas únicas opções:
a) só um braço se mexe;
b) os dois braços se mexem, fazendo exatamente o mesmo movimento.
De repente, tchau. Sem bis.
Depois vem o AFI, pavor "emo" decalcado em Marilyn Manson. Passou rápido, felizmente.
Os Deftones fazem, em seguida, uma apresentação que o jornal local descreveu como "decepcionantemente lenta".
E os Foo Fighters, talvez a melhor banda da Terra, fecham disparando clássicos, como "Monkeywrench", "Everlong" e "Times Like These".
Não é tão tarde assim, temos 64 km até a volta. Ainda dá tempo. Novas irlandesas nos esperam.
Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
Escuta Aqui: White Stripes e Foo Fighters sob o sol da Califórnia
ÁLVARO PEREIRA JÚNIORColunista da Folha de S.Paulo
Três copos de Harp, irlandesa loira, e pronto -tomamos coragem para dirigir 64 km rumo ao sul, Mountain View, vale do Silício, coração planetário da indústria de informática. É lá que nos esperam os White Stripes, os Deftones, os Foo Fighters, mais Interpol, Hot Hot Heat, as Donnas, os Transplants e sabe-se lá quantas bandas mais.
Estamos na rua Haight, San Francisco, "think tank" riponga que inventou o "flower power" e sobrevive até hoje como central "freak" cheia de idéias cabeludas.
Eu e meu parceiro Sam P. -duas filhas, mulher japonesa e certa vocação para o mal- acabamos de realizar uma compra demencial de CDs na Amoeba Records, que só quem conhece entende. A Harp refresca, nos ajuda a pensar. E dá coragem: vamos lá, descer a highway 101. Quarenta e cinco minutos depois...
Anfiteatro Shoreline, palco de tantos shows memoráveis -vários deles já comentados em "Escuta Aqui"- recebe o BFD, festival organizado pela rádio "alternativa" local, a Live 105. Festa gigantesca, de dois palcos e onze horas seguidas de shows, sob o impossível azul celeste da primavera californiana.
Quando faltam 20 passos para a entrada, ouvimos os White Stripes já na primeira canção. As últimas moléculas irlandesas provocam uma descarga de adrenalina, conseguimos apressar o passo e lá estão eles: Jack e Meg White, miragem onírica, vermelha e branca, no deserto do Oeste americano.
Eles tocam "Seven Nation Army", ainda com o dia claro, em espaço aberto, para uma audiência relativamente interessada.
Jack veste casaco country vermelho, e Meg, de camiseta branca de mangas compridas, levanta-se para cantar "In the Cold, Cold Night". Está descalça, de nanomicroshort vermelho -em termos práticos, pouco mais que uma calcinha.
São 40 minutos de show, em que Meg revela um estilo de tocar bateria com duas únicas opções:
a) só um braço se mexe;
b) os dois braços se mexem, fazendo exatamente o mesmo movimento.
De repente, tchau. Sem bis.
Depois vem o AFI, pavor "emo" decalcado em Marilyn Manson. Passou rápido, felizmente.
Os Deftones fazem, em seguida, uma apresentação que o jornal local descreveu como "decepcionantemente lenta".
E os Foo Fighters, talvez a melhor banda da Terra, fecham disparando clássicos, como "Monkeywrench", "Everlong" e "Times Like These".
Não é tão tarde assim, temos 64 km até a volta. Ainda dá tempo. Novas irlandesas nos esperam.
Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
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