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04/07/2003 - 08h46

Gravadoras liquidam catálogos e estoque

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo

A fase de grave crise na indústria fonográfica tem levado várias gravadoras a liquidarem seus catálogos a preços abaixo do mercado junto a lojas de departamentos e atacadistas.

A Universal confirma que fez vendas de catálogo às Americanas, em abril e maio, e a abriu a outras lojas em junho. Mas afirma que não se trata de queima de estoque, mas sim "promoção específica de catálogo nacional".

Nega que se trate de encalhe, afirmando que já fabrica novas tiragens. Títulos de seu catálogo estão nas prateleiras das Americanas por R$ 9,99.

A Sony e a Warner (que teria vendido 3 milhões de CDs às Americanas e no atacado) estariam vendendo CDs por preços de R$ 2 a R$ 7. As duas gravadoras não responderam à Folha sobre o caso. A BMG, que nega queima de estoque, diz: "Não consideramos essa possibilidade, que canibaliza o catálogo e agrava mais as dificuldades".

O diretor-geral da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), Paulo Rosa, dá pista das razões: "Quando os estoques estão muito altos, é melhor reduzir o preço e comercializá-los. Entendo que algumas companhias o façam para cumprir suas metas comerciais".

Se aumenta a competitividade dos preços em relação aos dos piratas, na outra ponta o círculo vicioso se expande: lojas especializadas em música não têm recursos para comprar tais ofertas em grandes quantidades. As Lojas Americanas também não responderam à reportagem.

O não-lançamento

Quando estiver hoje no palco do festival "Com:Tradição", Arnaldo Baptista deve cantar músicas como "Será que Eu Vou Virar Bolor?" e "Cê Tá Pensando que Eu Sou Loki?", daquele que pode ser o mais desesperado disco já gravado no Brasil. "Loki?" (74) era fruto de seu rompimento com Rita Lee, da saída tumultuada dos Mutantes, de muita carga poética represada. Já foi relançado em CD da Universal, às vezes em coligação com selos independentes, mas voltou a ficar completamente sumido. E é um dos mais altos momentos da história do rock nacional -além de bonito e triste para valer.

Documento rapper

A comissão criada após o encontro de rappers paulistanos com o representante informal do Ministério da Cultura Hermano Vianna não morreu na praia. Está pronto um documento com propostas concretas a serem enviadas ao MinC. Deve ser entregue a Gilberto Gil durante o evento Agosto Negro, em São Paulo.

Com direção

Acumulando há meses várias presidências regionais da Universal (líder do mercado mundial na indústria fonográfica), o espanhol Jesús Lopez enfim deu nova direção à filial brasileira, com a incorporação de José Antonio Eboli à equipe como gerente-geral. No início do ano, Eboli havia sido demitido da Sony e da presidência da ABPD.

Otimismo

José Antonio Eboli afirma-se otimista em sua volta: "Nos quatro meses em que estive fora do mercado, pude observá-lo com certo distanciamento. Minha visão em fevereiro era outra, muito mais pessimista". Diz que ele e seus colegas de outras gravadoras vinham tentando manter a situação sob controle, "olhando e comparando com os resultados de outrora e aplicando as mesmas técnicas no momento atual".

Soluções?

Eboli tira as conclusões de suas reflexões: "Acontece que os anos gloriosos da nossa indústria não voltam mais, pelo menos com o formato atual de distribuição". Diz que, apesar do fim da euforia da era da paridade entre dólar e real, "o mercado está muito vivo". E que o caminho para encontrar as soluções, que ele ainda não explicita, está na internet.

Lisbela variada

Além de Caetano Veloso cantando o "cafona" Fernando Mendes e de Los Hermanos cantando Caetano, a trilha do filme "Lisbela e o Prisioneiro", de Guel Arraes, trará encontro entre Sepultura e Zé Ramalho (o clássico "A Dança das Borboletas", de Zé com Alceu Valença), regravação do iê-iê-iê "Para o Diabo os Conselhos de Vocês" (lançada em 68 por Erasmo Carlos) e o rock-balada pioneiro "Oh, Carol" nas vozes de Caetano e Jorge Mautner. Deve sair em CD em agosto.
 

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