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09/07/2003 - 03h58

Parati recebe autores nacionais e estrangeiros para festa literária

CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo

Parati tem menos de 30 mil habitantes e apenas uma livraria. Mas essa cidadezinha colonial, de chão de pedras pé-de-moleque, está prestes a cavoucar um lugar de destaque em um restrito mapa-múndi literário.

Amanhã, com a abertura da venda de ingressos para o público, a Festa Literária Internacional de Parati começa a sair do papel para integrar a América do Sul no circuito de festivais de literatura, comuns acima do Equador.

A equação da Flip, apelido carinhoso do encontro paratiense, que terá sua primeira edição entre os dias 31 de julho e 3 de agosto, é simples. Grandes autores + grandes leitores divididos por uma cidade pequena e charmosa.

A fórmula, bem diferente da receita das bienais do livro (lugar gigantesco + público gigantesco + estandes e mais estandes), foi trazida de fora.

A portadora foi a inglesa Liz Calder, que teve o "insight" de um festival de livros em Parati pouco depois de pisar pela primeira vez na cidade, dez anos atrás.

Uma das mulheres mais respeitadas do mercado editorial do Reino Unido, ela enxergou na cidade fluminense, a 330 km de São Paulo, a possibilidade de fazer algo parecido com o que conhecera em Hay-on-Wye, no País de Gales, Edimburgo, na Escócia, ou Mântua, na Itália. "Vi na mesma hora que Parati é um lugar feito para um festival. Tem uma atmosfera muito íntima, agradável para os autores", relembra a hoje sócia da poderosa editora Bloomsbury (que descobriu, entre outros, Mr. Harry Potter).

É em torno deles, dos autores, que gira a Flip. E a escalação da primeira edição tem "ronaldinhos" de duas línguas, inglês e português.

Entre os estrangeiros, estão confirmadas as vindas de um dos maiores nomes da literatura norte-americana, o nova-iorquino Don DeLillo, de um dos principais historiadores vivos, o inglês Eric Hobsbawm, e de dois de seus grandes conterrâneos na literatura, os romancistas Julian Barnes e Hanif Kureishi. O americano Daniel Mason, atualmente no país pesquisando para um romance sobre o cangaço, completa o time.

"Meu novo trabalho está muito no começo, mas devo adiantar alguma coisa", diz à Folha por telefone o autor do best-seller "O Afinador do Piano", direto de Triunfo, em Pernambuco. "Amanhã 'pico a mula' daqui", brinca, em português claro, o escritor.

Ele dividirá uma das palestras da Flip com o escritor e colunista da Folha Bernardo Carvalho, que apresentará trechos de seu novo romance, também feito a partir de uma viagem, para a Mongólia.

Assim como Carvalho, boa parte do time brasileiro da Flip apresentará em Parati algo de inédito. É o caso do escritor amazonense Milton Hatoum, que deve ler fragmentos de seu próximo livro, ainda sem título, ou da paulista Patrícia Melo, que deve ter seu novo romance lançado na cidade colonial.

Os dois compartilham o elenco nacional com nomes bem conhecidos da literatura brasileira, como Ferreira Gullar, Luis Fernando Verissimo e Chico Buarque (que participa de homenagem a Vinicius de Moraes, depois da abertura do evento, com o ministro Gilberto Gil), e com autores iniciantes, como os "vintaneiros" Chico Mattoso, Santiago Nazarian e João Paulo Cuenca.

Os três jovens escritores lançarão no primeiro dia da Flip o volume "Parati para Mim" (editora Planeta), livro com uma narrativa que cada um deles fez durante estadia de 15 dias na cidade, em junho deste ano.

O tempo que o trio terá para falar de seu livro deve ser o mesmo que o de Hobsbawm ou DeLillo, uma hora. Os ingressos também custarão idênticos R$ 10.

Na cidade desenvolvida no século 17 para escoar pedras preciosas e ouro do Brasil todo, os que vêm de dentro ou de fora terão o mesmo valor.
 

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