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21/07/2003
-
06h19
Enviado especial da Folha de S.Paulo a São José do Rio Preto
Um dos dramaturgos do século de ouro espanhol, o 17, Pedro Calderón de la Barca (1600-81) clamava por um grande teatro do mundo para ilustrar as possibilidades de tempo e espaço poéticos na arte da representação.
No espetáculo "Viagem em Terra Interior", uma das atrações do Festival Internacional de São José do Rio Preto (a 451 km de São Paulo), a autora e encenadora francesa Léa Dant quer dar conta dessa dimensão invertendo os parâmetros de recepção do espectador e de ação do ator.
Um grupo de apenas dez pessoas é conduzido, de olhos fechados, individualmente, por um dos dez atores. O público deixa a condição de voyeur e explora outros sentidos, como o tato, o cheiro.
Sempre na condição de anônimo (abre-se mão até da hora do aplauso para o elenco), um ator conta e interpreta uma história ao pé do ouvido. A intenção é estimular o espectador a vivenciá-la por meio do imaginário.
Caminha-se por rua, toma-se trem na plataforma de estação, foge-se de perseguição, olha-se através de janela, enfim, tudo conforme a paisagem e os sentimentos construídos por cada um.
Léa Dant, 29, defende o status de espetáculo para o seu projeto, mesmo ao desconstruir a relação ator/espectador. "Cada personagem é bem delineado, tem marcação precisa, criado a partir do universo do ator", afirma.
"Busco em cada espectador a sua viagem interior. A ficção que o faz voltar-se para si pode expressar o real, a vontade de estar próximo de uma verdade", diz.
"Viagem em Terra Interior" estreou na França há quatro anos. A remontagem da encenadora é interpretada por atores de São Paulo e acontece num centro social da periferia de Rio Preto.
Com cerca de 15 anos de carreira, Dant acumula formações teóricas ou autodidatas nas áreas de teatro, artes plásticas e cinema. Sua principal influência é o encenador francês Armand Gatti, 79, a quem tem por mestre. Gatti já fez teatro em campos de concentração nazistas.
Na França, Dant trabalha desde 1999 com sua companhia fixa, a Teatro da Viagem Interior. Veio ao Brasil em novembro do ano passado para participar do projeto de intercâmbio Tintas Frescas, iniciativa da Associação Francesa de Ação Artística (Afaa).
O resultado é a montagem ora em Rio Preto, durante todos os dias do festival, e com perspectiva de ser apresentada em São Paulo em agosto, em alguma unidade do Sesc.
3º FESTIVAL INTERNACIONAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Quanto: R$ 5, R$ 10 ou entrada franca
Informações: pelo tel. 0/xx/17/3215-1830 ou no site www.festivalriopreto.com.br
Co-patrocinador: Petrobras
O jornalista Valmir Santos viajou a convite da organização do festival
Especial
Veja a programação e acompanhe o Festival Internacional de Teatro de Rio Preto
Em espetáculo, platéia explora sentidos com olhos vendados
VALMIR SANTOSEnviado especial da Folha de S.Paulo a São José do Rio Preto
Um dos dramaturgos do século de ouro espanhol, o 17, Pedro Calderón de la Barca (1600-81) clamava por um grande teatro do mundo para ilustrar as possibilidades de tempo e espaço poéticos na arte da representação.
No espetáculo "Viagem em Terra Interior", uma das atrações do Festival Internacional de São José do Rio Preto (a 451 km de São Paulo), a autora e encenadora francesa Léa Dant quer dar conta dessa dimensão invertendo os parâmetros de recepção do espectador e de ação do ator.
Um grupo de apenas dez pessoas é conduzido, de olhos fechados, individualmente, por um dos dez atores. O público deixa a condição de voyeur e explora outros sentidos, como o tato, o cheiro.
Sempre na condição de anônimo (abre-se mão até da hora do aplauso para o elenco), um ator conta e interpreta uma história ao pé do ouvido. A intenção é estimular o espectador a vivenciá-la por meio do imaginário.
Caminha-se por rua, toma-se trem na plataforma de estação, foge-se de perseguição, olha-se através de janela, enfim, tudo conforme a paisagem e os sentimentos construídos por cada um.
Léa Dant, 29, defende o status de espetáculo para o seu projeto, mesmo ao desconstruir a relação ator/espectador. "Cada personagem é bem delineado, tem marcação precisa, criado a partir do universo do ator", afirma.
"Busco em cada espectador a sua viagem interior. A ficção que o faz voltar-se para si pode expressar o real, a vontade de estar próximo de uma verdade", diz.
"Viagem em Terra Interior" estreou na França há quatro anos. A remontagem da encenadora é interpretada por atores de São Paulo e acontece num centro social da periferia de Rio Preto.
Com cerca de 15 anos de carreira, Dant acumula formações teóricas ou autodidatas nas áreas de teatro, artes plásticas e cinema. Sua principal influência é o encenador francês Armand Gatti, 79, a quem tem por mestre. Gatti já fez teatro em campos de concentração nazistas.
Na França, Dant trabalha desde 1999 com sua companhia fixa, a Teatro da Viagem Interior. Veio ao Brasil em novembro do ano passado para participar do projeto de intercâmbio Tintas Frescas, iniciativa da Associação Francesa de Ação Artística (Afaa).
O resultado é a montagem ora em Rio Preto, durante todos os dias do festival, e com perspectiva de ser apresentada em São Paulo em agosto, em alguma unidade do Sesc.
3º FESTIVAL INTERNACIONAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Quanto: R$ 5, R$ 10 ou entrada franca
Informações: pelo tel. 0/xx/17/3215-1830 ou no site www.festivalriopreto.com.br
Co-patrocinador: Petrobras
O jornalista Valmir Santos viajou a convite da organização do festival
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