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21/07/2003 - 07h08

Leia trecho de carta de Ary Barroso para Yvone Barroso

da Folha de S.Paulo

"Já estou há oito dias em Hollywood! Parece um sonho... Fui otimamente recebido pelos diretores da Republic Pictures, bem como por todos os brasileiros que residem aqui, menos pela Carmen [Miranda] e pela Aurora [Miranda] que estão descansando em Palm Spring -uma espécie de Petrópolis aqui perto."

"Já estive nos estúdios do Walt Disney. Colosso! Fui recebido com todas as honras. Ele me ofereceu um drink e me exibiu a nova fita sobre assuntos brasileiros com o pato e o papagaio. Nessa fita, aparece a Aurora Miranda -como está bonita!- cantando "Os quindins de yayá" enquanto são exibidas vistas admiráveis da Bahia, cantam e dançam a "Na Baixa do Sapateiro". Eles todos cantam e assobiam "Bahia" -é o novo nome do samba. Acreditam que este samba vai fazer mais sucesso que "Aquarela"."
Minha filha, posso garantir que meu nome aqui é acreditado, é um cartaz de grande sensação, um "big hit", como eles dizem. Quando sou apresentado a qualquer pessoa como autor de ["Aquarela do] "Brasil", há um espanto geral e logo pedem abraços e pedidos de autógrafos. Uma maravilha. Digo mais -sou tão popular aqui como aí e com uma vantagem meu nome é admirado e respeitado."

"Eu não quero voltar ao Rio e continuar levando o ritmo de vida que levamos nesses últimos anos. Não é mais possível, querida. Você deve e precisa reconhecer que todas as minhas loucuras, todos os meus desatinos, tudo o que faço de ruim e de errado justifica-se com o que sou: um artista, um homem diferente dos outros, um predestinado, talvez. Estou falando com o coração na ponta da pena. Hollywood fez despertar em mim a sensação de felicidade, de amor, de desejo de ser alegre e, sobretudo, de viver em harmonia com você. Eu não nasci para me preocupar com problemas de ordem material, querida. Eu ando por um mundo esquisito de sons, de acordes, de melodias..."

"Tenho estado com a Carmen Miranda. Você não pode fazer idéia como está mudada. Quase morreu de ceticenisa. Chegou a confessar e a receber a extrema-unção. Salvou-se por milagre. Tem me tratado muito bem e louca por que eu possa "abafar a banca". Fez uma operação plástica no nariz e ficou com outra fisionomia. Eu não gostei muito. Está de nariz arrebitado."
 

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