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05/08/2003
-
07h05
especial para a Folha
A música brasileira perdeu um de seus grandes instrumentistas. Vítima de um infarto fulminante, aos 75 anos, o violonista e compositor Paulinho Nogueira morreu no último sábado. Ao lado do instrumento, que ele dedilhara pouco antes de morrer, sua mulher Elza encontrou uma partitura da canção "Triste", de Tom Jobim.
Impossível não pensar na tragicidade da cena. Sensível como o toque de seu violão, o paulista de Campinas não escondia dos amigos e colegas de trabalho que andava bastante desgostoso com a situação do mercado musical e com os caminhos tomados pela música brasileira.
Mesmo assim preparava-se para as gravações de um novo álbum, que seria dedicado à obra de Jobim. Segundo Alcina Meirelles, sua produtora, Paulinho planejava um disco instrumental numa linha semelhante à de "Primeiras Composições" (2002), o último álbum que lançou, centrado na música de Chico Buarque, comemorando 50 anos de carreira profissional.
Não foi à toa que, para as releituras instrumentais, Paulinho escolheu as primeiras canções de Chico. Nelas encontrou melodias simples, que se afinam perfeitamente com sua concepção musical. Paulinho foi um especialista na arte de extrair beleza da simplicidade.
Isso não que dizer que sua música fosse simplória. Paulinho se identificava plenamente com a geração bossa-novista. Unindo sofisticação harmônica com a batida sincopada típica da bossa nova, seu violão de cordas de nylon influenciou inúmeros instrumentistas.
Talvez por timidez e extrema humildade Paulinho tenha demorado muito a ser reconhecido como precursor da bossa nova --título que rejeitava.
Quem sabe agora, com sua morte, o mercado brasileiro acerte a dívida que tem com a obra do simplesmente grande Paulinho Nogueira.
Carlos Calado é crítico e autor de "Tropicália - A História de Uma Revolução Musical", entre outros livros
Paulinho Nogueira foi simples e grande
CARLOS CALADOespecial para a Folha
A música brasileira perdeu um de seus grandes instrumentistas. Vítima de um infarto fulminante, aos 75 anos, o violonista e compositor Paulinho Nogueira morreu no último sábado. Ao lado do instrumento, que ele dedilhara pouco antes de morrer, sua mulher Elza encontrou uma partitura da canção "Triste", de Tom Jobim.
Impossível não pensar na tragicidade da cena. Sensível como o toque de seu violão, o paulista de Campinas não escondia dos amigos e colegas de trabalho que andava bastante desgostoso com a situação do mercado musical e com os caminhos tomados pela música brasileira.
Mesmo assim preparava-se para as gravações de um novo álbum, que seria dedicado à obra de Jobim. Segundo Alcina Meirelles, sua produtora, Paulinho planejava um disco instrumental numa linha semelhante à de "Primeiras Composições" (2002), o último álbum que lançou, centrado na música de Chico Buarque, comemorando 50 anos de carreira profissional.
Não foi à toa que, para as releituras instrumentais, Paulinho escolheu as primeiras canções de Chico. Nelas encontrou melodias simples, que se afinam perfeitamente com sua concepção musical. Paulinho foi um especialista na arte de extrair beleza da simplicidade.
Isso não que dizer que sua música fosse simplória. Paulinho se identificava plenamente com a geração bossa-novista. Unindo sofisticação harmônica com a batida sincopada típica da bossa nova, seu violão de cordas de nylon influenciou inúmeros instrumentistas.
Talvez por timidez e extrema humildade Paulinho tenha demorado muito a ser reconhecido como precursor da bossa nova --título que rejeitava.
Quem sabe agora, com sua morte, o mercado brasileiro acerte a dívida que tem com a obra do simplesmente grande Paulinho Nogueira.
Carlos Calado é crítico e autor de "Tropicália - A História de Uma Revolução Musical", entre outros livros
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