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26/08/2003 - 03h38

Cineastas apóiam intenção de Gil de intervir na distribuição de filmes

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SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

A avaliação do ministro da Cultura, Gilberto Gil, de que a distribuição de filmes é o principal entrave ao crescimento da participação de títulos brasileiros no mercado nacional e o anúncio de que o governo Lula "não descarta uma intervenção do Estado" no setor conquistaram o apoio de cineastas brasileiros.

Gil fez as declarações em discurso de 30 minutos (que ele chamou de pronunciamento) lido na cerimônia de encerramento do 31º Festival de Gramado, no sábado.

"Não se trata mais de perguntar se o Brasil tem condições de ter um cinema nacional. É claro que a resposta será sempre duvidosa, se encararmos os obstáculos que teremos de enfrentar, as dificuldades inerentes ao estágio socioeconômico em que o país ainda se encontra. Mas nada disso pode nos deter", afirmou o ministro.

"Achei que o ministro está afinado com tudo o que a gente deseja. O discurso foi excelente, correto e oportuno. Ele tem toda razão ao dizer que o nó da questão é a distribuição. Mas prefiro que essa intervenção seja mediadora, que o Estado seja um mediador no mercado, e não um distribuidor", diz o cineasta Cacá Diegues.

O diretor Sérgio Bianchi diz achar "certo" o que o ministro propõe. "Não tem sentido ficar fazendo filme com o dinheiro do Estado e ninguém vê-los. É uma coisa muito ruim, moralmente falando. Eu me sinto muito mal."

A cineasta Lúcia Murat observa "certo grau de euforia" na fala do ministro, mas diz que "isso significa uma disposição de dar ao cinema brasileiro a importância que ele deve ter.

Murat afirma que "apesar do bom relacionamento com o Ministério da Cultura, estavam todos [os cineastas brasileiros] muito preocupados, porque, efetivamente, não houve recursos para fazer cinema nos últimos cinco meses".

O cineasta Paulo Morelli, cujo "O Preço da Paz" foi eleito pelo voto popular o melhor filme da competição brasileira em Gramado, diz esperar que "as atitudes de redução de orçamento [para o cinema, adotadas pelo governo federal] sejam algo temporário, de saneamento, para colocar a casa em ordem e que o governo volte de fato a estimular a produção".

Valmir Fernandes, diretor da rede de exibição Cinemark e presidente da Associação Brasileira das Empresas Operadoras de Multiplex, diz que "buscar uma intervenção no setor [de distribuição] é errado". "Daqui a pouco, vão falar em substituir os exibidores e fazer a "Cinebrás". Sou totalmente contrário, apesar de querer e concordar com um cinema brasileiro forte."

Fernandes afirma que "uma intervenção estatal não deveria acontecer a não ser que se percebesse que os entes existentes não têm competência para gerir o mercado" e, além disso, diz acreditar que "as distribuidoras existentes são totalmente capazes de fazer seu trabalho".

Executivo do estúdio Warner no Brasil, José Carlos Oliveira diz que "na posição em que o ministro está, tem de defender o produto nacional". Mas Oliveira acha que "o mercado por si só está ocupando esse espaço, conseguindo levar o cinema para muita gente".

Na opinião do executivo da Warner nacional, "se o cinema brasileiro não consegue conquistar espaço maior, é porque temos uma discrepância social muito grande". "Muita gente não pode ir ao cinema", afirma.

O diretor da distribuidora Columbia, Rodrigo Saturnino, afirma que concorda com "o diagnóstico geral" feito pelo ministro e diz que "se a intervenção for um subsídio às despesas de lançamento, é bom".

No discurso, Gil disse que "o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inseriu o audiovisual no rol das atividades estratégicas do governo, em consonância com a megatendência que aponta a comunicação como o mais importante e rentável setor da economia mundial nas próximas décadas".

Leia mais
  • Leia a íntegra do discurso de Gilberto Gil sobre o cinema nacional
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