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12/01/2008 - 10h05

Público de cinema no Brasil diminui 2,9% em 2007

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SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

O público de cinema no Brasil caiu em 2007. O ano terminou com total de 88,6 milhões de espectadores (o número de ingressos vendidos nas salas), o que representa uma queda de 2,9% em relação a 2006.

Pela primeira vez desde 2002, o público no país fica abaixo dos 90 milhões. A parcela de espectadores obtida pelo filme nacional (9,8 milhões) representa 11,1% do mercado, e a renda total (R$ 707,3 milhões) demonstra aumento de 0,9% em relação ao ano passado.

Os dados são do Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Rio de Janeiro. Na opinião do presidente do sindicato, Jorge Peregrino (Paramount), os números indicam "estagnação do mercado".

Para Peregrino, "no Brasil, o preço do ingresso é artificialmente caro, por causa da meia-entrada [para estudantes]. No final, o sujeito pensa duas vezes antes de ir ao cinema".

O distribuidor classifica o ingresso de "artificialmente caro" porque, com a disseminação da venda de meias-entradas, dado o uso de carteiras por parte de quem não é estudante, é minoritária a parcela de espectadores que paga inteira.

Classes C e D

Esse fenômeno, na avaliação do presidente da Cinemark International, Valmir Fernandes, "é o câncer do entretenimento no Brasil" e seria o responsável por afastar dos cinemas a população de baixa renda.

"Enquanto a minha filha, que possui Ipod, viaja para a Disney, tem acesso a tudo, pagar meia e a minha empregada pagar inteira, não há como querer aumentar o público e a participação das classes C e D", diz.

A Cinemark é líder no mercado brasileiro. Fernandes comanda as operações da cadeia em 13 países. Ele diz que "a percepção de que o custo do cinema é elevado está muito forte no Brasil", o que julga inexato.

O preço médio do ingresso no país foi de R$ 8 em 2007. "Não conheço muitas opções de lazer com a qualidade do cinema por esse nível de preço", afirma.

O secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Silvio Da-Rin, diz que "é procedente o argumento" dos exibidores sobre o efeito prejudicial da proliferação indevida de carteiras de estudante, pois isso "desequilibra as condições" do negócio.

No entanto, Da-Rin observa que o crescimento da renda "mostra que os exibidores têm se compensado, com o aumento do preço médio do ingresso, o que é um processo perverso, porque elitiza cada vez mais o público cinematográfico".

Em 1997, o preço médio do ingresso era de R$ 5,15. O secretário diz que o governo está atento às "transformações do espetáculo cinematográfico", para adequar as medidas que toma, "de maneira a continuar protegendo o conteúdo brasileiro no nosso mercado".

Embora o governo adote mecanismos como a cota de tela (que fixa número de dias de exibição obrigatória de filmes nacionais nas salas), o exibidor Leon Cakoff identifica "falta de vontade política para fazer com que o cinema brasileiro vá ao encontro de suas platéias".

Para Cakoff, "o público do cinema nacional está na vasta teia de emissoras e retransmissoras de televisão".

O exibidor sugere que, "taxando-se com 3% o seu faturamento comercial [das TVs] e mais a mensalidade dos assinantes, vamos alcançar o paraíso das produções da França e da Alemanha, onde triunfa o modelo dos fundos de cinema autoral com garantias de exibição ao menos nas TVs. Os melhores das safras de cada ano chegam aos cinemas também, mas por merecimento".

 

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