Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
05/09/2003 - 14h20

Desesperança dos EUA é tratada em ''21 Gramos'', de González Iñárritu

Publicidade

da France Presse, em Veneza (Itália)

A desesperança dos Estados Unidos, um país dividido entre a vingança e a ilusão, é retratada no filme "21 Gramos" pelo talentoso diretor mexicano Alejandro González Iñárritu. O longa, que é apresentado hoje na 60ª Mostra de Cinema de Veneza, conta com um elenco excepcional, encabeçado por Sean Penn, Benicio del Toro e a australiana Naomi Watts.

"Retrato as perdas que sofremos na vida", disse à imprensa o jovem diretor mexicano, famoso depois de "Amores Brutos" (Amores perros, 2000) e cujo novo filme tem sido ovacionado em Veneza.

O título do filme se refere aos 21 gramas que o corpo humano perde quando morre, o chamado peso da alma.

Na lista dos favoritos ao Leão de Ouro, Iñarritu conta no filme uma história complexa, montada como se fosse um quebra-cabeças, ressaltando as tristes e algumas vezes desesperadoras vidas de três casais diferentes em uma anônima cidade americana, que são unidos casualmente por um trágico acidente.

"Trata-se de uma história universal, global, não represento um país em particular em Veneza, porque a mostra não é um concurso de beleza e não me sinto um diretor de Hollywood", declarou o cineasta mexicano, cujo filme é totalmente falado em inglês e filmado nos Estados Unidos.

Escrito originalmente em espanhol por Guillermo Arriaga, o roteirista de "Amores Brutos", o longa é uma reflexão nua e crua sobre destinos que se cruzam e sobre a capacidade de sobreviver à dor, ao medo, à morte, ao desejo de vingança e sobre a possibilidade de todo ser humano atingir a redenção.

"Para trabalhar em um filme tão triste, tivemos que ser solidários entre nós", admitiu Sean Penn, que elogiou "a capacidade, a meticulosidade e o olhar especial" do cineasta mexicano.

Os dolorosos caminhos percorridos pelos três casais, direta ou indiretamente afetados por um evento trágico, como a morte, são narrados, segundo Iñárritu, de forma "fragmentada, como as coisas nos são contadas".

"A arquitetura do filme é frágil, como a vida. Cada cena é uma molécula que queima e se retiramos uma peça, o castelo desmorona. Espero que o público participe, se envolva no filme", declarou.

"O filme também é uma meditação sobre a perda, o amor, a culpa, a coincidência, a vingança, o dever, a fé, a esperança, a redenção", continuou Iñárritu, que apresentará o filme ao público norte-americano durante o Festival de Nova York, em 19 de outubro.

"Meu trabalho sempre gira em torno de um tema: os mortos influenciam os vivos", explicou o roteirista Arriaga, que disse ter trabalhado três anos na elaboração deste roteiro.

Locutor de rádio, publicitário, diretor de criação da emissora de TV mexicana Televisa e fundador da agência de publicidade Grupo Z, González Iñárritu disse não ter sofrido pressões das produtoras americanas e que sua liberdade criativa "nunca foi cortada".

"Para mim foi um papel muito difícil porque chorei seguidamente na frente das câmeras por um mês", declarou Watts, atriz australiana em ascensão, que interpreta no filme uma mãe que perde o marido e seus dois filhos, e acaba se apaixonando pelo transplantado que recebe o coração de seu marido.

Filmado com a câmera no ombro e luz opaca, o ritmo do filme exige concentração do espectador. "É verdade, quero que o público se ative intelectualmente", admitiu o cineasta.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página