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10/09/2003
-
00h01
MARCELO BARTOLOMEI
enviado especial ao Rio
"Todos nós passamos por momentos em que somos comparados aos nossos pais... Isso acontece comigo desde muita pequena, quando atendia o telefone... Lembro quando tinha 12 anos de idade e meu pai dizia: 'Caramba, você está a cara da sua mãe'." Chegou a vez de Maria Rita Mariano, 26, ser mais que filha de Elis Regina (1945-82). "O posto dela não está vago", disse ontem, em entrevista no Rio de Janeiro, dia do seu aniversário e lançamento oficial do CD que leva seu nome.
A comparação é inevitável, desde o timbre de voz, a interpretação, o jeito de falar e a gargalhada, entre outros atributos que não escondem a origem da cantora, que lança seu primeiro CD nesta semana, com tiragem de 100 mil cópias, depois de passar oito anos em Nova York à procura de sua verdadeira missão.
"Ela foi um mito para a música e para a cultura do país. Eu canto também, sou a filha mulher [os dois irmãos de Maria Rita são João Marcelo Bôscoli e Pedro Camargo Mariano]. Tem a saudade, a falta que as pessoas sentem. Lido com isso muito numa boa. Acho supernatural a comparação", disse a cantora, que evita, quando pode, falar da mãe.
Apesar da admiração --quando Elis morreu, Maria Rita tinha apenas 4 anos-- a cantora não pretende ficar na sombra do mito.
"A única coisa que eu não curto mesmo e que acho desrespeitoso não só comigo, mas com ela, é aquela coisa de 'ah, ela veio tomar o lugar', 'é a próxima Elis'", afirmou. "São comentários desnecessários. O posto dela não está vago. Ela trabalhou muito a vida inteira e lutou muito em condições em que o país tinha ditadura militar. Ela conquistou e aquilo é dela. Ninguém vai tirar. O máximo que eu tenho dela é o exemplo como mãe. Ela é o máximo para mim."
"Maria Rita"
O CD, lançado pela Warner Music, tem 13 músicas e dois bônus que podem ser baixados na internet. Nele, está o trabalho de meses e a difícil seleção de repertório, entre inúmeras músicas de compositores famosos e anônimos, cujo resultado ficou nas mãos de Milton Nascimento, Marcelo Camelo, Rita Lee e Lenine, que assinam parte das composições.
A base do trabalho é piano, baixo e bateria --influência direta da mãe-- e a intenção é mostrar só a intérprete, que admite não compor nem tocar instrumento algum.
Da mãe, ela guarda poucas lembranças. "Tenho a benção de ter uma mãe que tem entrevistas e discos. A gente sabe que ela só cantava o que ela acreditava, o que ela sentia. Para mim é bacana ouvir. Às vezes ouço como um diálogo. Ela está se expondo ali. É o meu contato com ela."
Trajetória
Ao lado do pai, o músico César Camargo Mariano, 59, Maria Rita cresceu em ambiente musical. Ficava ao lado dele enquanto compunha partituras no piano. Sabia que tinha música no sangue, mas não admitia. Estudou jornalismo e trabalhou na área. Passou oito anos nos Estados Unidos, até que decidiu voltar para o Brasil e se lançar como cantora.
"Eu levei este tempo todo para seguir minha carreira profissionalmente porque a vontade existia, mas eu não entendia as minhas razões. Eu não sabia se era por causa da cobranças ou se realmente porque eu precisava daquilo para viver", disse.
Para começar, Maria Rita chegou tímida, se apresentando para pequenas platéias em São Paulo, depois no Rio. "Minha trajetória toda foi um dilema constante entre a porta dos fundos e a porta da frente. Eu escolhi a que era a porta dos fundos. Comecei num show autoral, numa casa de 80 lugares, dividia o palco com outra cantora, cantava coisa de compositor desconhecido", afirmou.
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"O posto dela não está vago", diz Maria Rita sobre a mãe, Elis
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enviado especial ao Rio
"Todos nós passamos por momentos em que somos comparados aos nossos pais... Isso acontece comigo desde muita pequena, quando atendia o telefone... Lembro quando tinha 12 anos de idade e meu pai dizia: 'Caramba, você está a cara da sua mãe'." Chegou a vez de Maria Rita Mariano, 26, ser mais que filha de Elis Regina (1945-82). "O posto dela não está vago", disse ontem, em entrevista no Rio de Janeiro, dia do seu aniversário e lançamento oficial do CD que leva seu nome.
Divulgação |
Maria Rita Mariano, em ensaio em preto e branco feito para divulgação do seu primeiro CD |
"Ela foi um mito para a música e para a cultura do país. Eu canto também, sou a filha mulher [os dois irmãos de Maria Rita são João Marcelo Bôscoli e Pedro Camargo Mariano]. Tem a saudade, a falta que as pessoas sentem. Lido com isso muito numa boa. Acho supernatural a comparação", disse a cantora, que evita, quando pode, falar da mãe.
Apesar da admiração --quando Elis morreu, Maria Rita tinha apenas 4 anos-- a cantora não pretende ficar na sombra do mito.
"A única coisa que eu não curto mesmo e que acho desrespeitoso não só comigo, mas com ela, é aquela coisa de 'ah, ela veio tomar o lugar', 'é a próxima Elis'", afirmou. "São comentários desnecessários. O posto dela não está vago. Ela trabalhou muito a vida inteira e lutou muito em condições em que o país tinha ditadura militar. Ela conquistou e aquilo é dela. Ninguém vai tirar. O máximo que eu tenho dela é o exemplo como mãe. Ela é o máximo para mim."
"Maria Rita"
Divulgação |
Maria Rita Mariano, em ensaio em preto e branco feito para divulgação do seu primeiro CD |
A base do trabalho é piano, baixo e bateria --influência direta da mãe-- e a intenção é mostrar só a intérprete, que admite não compor nem tocar instrumento algum.
Da mãe, ela guarda poucas lembranças. "Tenho a benção de ter uma mãe que tem entrevistas e discos. A gente sabe que ela só cantava o que ela acreditava, o que ela sentia. Para mim é bacana ouvir. Às vezes ouço como um diálogo. Ela está se expondo ali. É o meu contato com ela."
Trajetória
Ao lado do pai, o músico César Camargo Mariano, 59, Maria Rita cresceu em ambiente musical. Ficava ao lado dele enquanto compunha partituras no piano. Sabia que tinha música no sangue, mas não admitia. Estudou jornalismo e trabalhou na área. Passou oito anos nos Estados Unidos, até que decidiu voltar para o Brasil e se lançar como cantora.
"Eu levei este tempo todo para seguir minha carreira profissionalmente porque a vontade existia, mas eu não entendia as minhas razões. Eu não sabia se era por causa da cobranças ou se realmente porque eu precisava daquilo para viver", disse.
Para começar, Maria Rita chegou tímida, se apresentando para pequenas platéias em São Paulo, depois no Rio. "Minha trajetória toda foi um dilema constante entre a porta dos fundos e a porta da frente. Eu escolhi a que era a porta dos fundos. Comecei num show autoral, numa casa de 80 lugares, dividia o palco com outra cantora, cantava coisa de compositor desconhecido", afirmou.
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