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23/09/2003 - 19h36

Peça enxerga síndromes psíquicas com humor

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CARLA NASCIMENTO
da Folha Online

A diretora e produtora Beta Leporage, 48, começou a fazer análise aos 23 anos. Entre consultórios e divãs ela se tornou uma observadora do comportamento humano e, mais precisamente, dos transtornos e síndromes psíquicas que, segundo ela, a maioria das pessoas tem, mas não sabe.

Dizendo-se apaixonada pelo teatro de identificação, Leporage idealizou um espetáculo a partir das observações que fizera ao longo dos anos de terapia, nascendo daí "Síndromes --Loucos Como Nós".

Divulgação
Os atores Zezé Polessa, Luciana Braga e Miguel Magno
"Adoro fazer análise e sou uma boa observadora. Comecei a sacar que ninguém falava mais fulano é psico ou neurótico. Essas doenças passaram a ter um nome e eu comecei a perceber que todo mundo tinha uma pitadinha de pelo menos uma dessas doenças", diz Leporage, que hoje faz "terapia de esquema", no caso, esquema familiar.

O espetáculo, que ficou em cartaz no Rio durante três meses, chega neste final de semana ao palco da casa de shows Tom Brasil, em São Paulo.

Para explicar como a idéia foi parar no palco, Leporage diz que, "se fosse um espetáculo de música, seria de acordes dissonantes".

Depois de escolher os atores --Zezé Polessa, Luciana Braga e Miguel Magno-- e ter o conceito de figurino e cenografia definidos, Leporage convidou Maria Carmem Barbosa e Miguel Falabella para criar o texto. "A produção da peça passou por um caminho não tradicional. A própria direção é uma síndrome", diz.

Para a autora Maria Carmem Barbosa, a peça, que mostra com humor as situações vividas por personagens que sofrem de transtornos como anorexia, bulimia, hipocondria, esquizofrenia e paranóia não tem "a intenção de diagnosticar doenças. Isso seria fazer uma outra peça. Quisemos mostrar com bom humor um assunto que é muito sério".

Apesar de reconhecer a proximidade do espetáculo com alguns filmes de Wood Allen, Leporage diz que nunca pensou na obra do cineasta ao conceber "Síndromes". "Eu nunca lembrei disso. Eu reconhecia algumas coisas desses comportamentos em mim e comecei a observar nos outros", diz. "Esse é o espetáculo que ele [Wood Allen] adoraria ter feito", completa Maria Carmem.

Inspiração

Segundo Maria Carmem, a inspiração para a composição de personagens veio da observação do comportamento de parentes e de situações vividas por autores e atores.

"Eu tinha um tio que ficou deitado numa cama durante seis anos. A família aceitava aquilo como normal, dizia que ele era sistemático", comenta a autora.

Já os três atores da peça dizem ter passado por algumas situações que aparecem no espetáculo.

A ficha técnica da peça não traz o nome do diretor. A ausência, segundo Leporage, se explica pela forma como o projeto começou a ser realizado e pela característica de trabalho dos autores.

"O Miguel [Falabella] já escreve o texto dirigindo. Se tivesse que ter um diretor seria ele, mas quando ele veio já existia cenografia e figurino definidos", explica.

Ambientada no bairro carioca de Copacabana, a história se passa em torno do delegado Lobo Augusto, que herdou a hipocondria de sua mãe, Dona Roma, que jura ter passado por 22 cirurgias. Lobo é separado da insegura Leda, com quem teve a filha Eliane. Anoréxica, Eliane tem o hábito de se pesar nua diante de uma janela facilmente vista pela vizinha e síndica megalomaníaca Ruth Mascarenhas. A constante nudez é um empecilho para que Ruth consiga realizar seu projeto: ter o prédio tombado pelo Patrimônio Histórico.

"Síndromes --Loucos como Nós"
Onde: Tom Brasil (rua das Olimpíadas, 66, Vila Olímpia)
Quando: Estréia dia 26 (para convidados). Sex. e sáb., às 22h, e dom., às 19h
Quanto: R$ 30 a R$ 60
Informações: 0/xx/11/5644-9800

Leia mais
  • Atores de "Síndromes" se identificam com personagens
  • Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa reúnem peças em livro
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