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26/09/2003 - 19h48

"Nós gostaríamos que o 'Cidade Alerta' nem precisasse existir"

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CARLA NASCIMENTO
da Folha Online

O presidente da Rede Record, Dennis Munhoz, garante que não há vetos na programação da emissora. Para ele, programas como o "Cidade Alerta" existem para mostrar a realidade.

Há 12 anos o controle acionário da TV Record passou para as mãos do bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus. Desde então, a emissora vem sendo alvo de críticas sobre vetos relacionados a expressões religiosas ou letras de músicas, entre outros.

Arquivo Record
A cantora Inezita Barroso
Apesar de veementemente negados pelos diretores da casa, as especulações sobre os vetos ganharam força em 1995, depois que o bispo Sergio von Helde chutou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, mobilizando a opinião pública em torno do assunto e reforçando a ligação da emissora com a Universal. No mesmo ano, a emissora colocou no ar o programa "Cidade Alerta", que logo ganhou destaque pelos imagens de violência que exibia.

Dennis Munhoz, presidente da Record, nega qualquer orientação dentro da emissora relacionada a vetos e diz que o conceito moral e ético da emissora independe de religião. "É o que eu sempre falo: você pode ser ateu, mas não gosta que uma filha sua de seis ou sete anos veja uma cena de sexo às oito da noite em uma novela."

Munhoz diferencia os programas com apelo sexual dos que exibem cenas de violência e justifica a existência destes, alegando que eles apenas mostram a "realidade das ruas" e prestam serviço à população. "Seria bom que programas do tipo 'Cidade Alerta' nem precisassem existir", afirmou.

Leia trechos da entrevista:

Folha Online - O senhor disse que o padrão de qualidade da próxima novela que a Record vai produzir será próximo da Globo, mas que os diálogos e as imagens serão condizentes com o conceito moral e ético da emissora. E os programas da emissora que mostram violência?

Dennis Munhoz -
Vamos ser diretos. Você está falando do "Cidade Alerta". É um programa policial, que mostra a realidade das ruas. A gente não dá tiro em ninguém e a gente não simula assalto. Aliás, nós gostaríamos que o "Cidade Alerta" nem precisasse existir. Mas se você sair com uma filmadora ou uma máquina fotográfica nas ruas provavelmente vai pegar uma cena de violência no trajeto da sua casa pro trabalho.

Infelizmente é a realidade que se vive hoje em São Paulo e nos grandes centros do país. Nós não acrescentamos nada, nós não insuflamos a violência, não fazemos apologia, simplesmente apresentamos para o público o que a população está tendo que enfrentar quando sai de casa ou até mesmo dentro de casa. Nós procuramos evitar as imagens violentas que podem marcar, mas nós temos que dar a notícia.

Folha Online - O aniversário de 50 anos é um marco para a adoção de novas estratégias para substituir o SBT no segundo lugar da audiência?

Munhoz-
Os especiais de 50 anos foram muito bons institucionalmente para a Record e para os artistas. Recebemos muitas pessoas aqui que não tinham idéia do crescimento da emissora e que guardam ainda uma afinidade com a casa. Acho que valeu institucionalmente. Valeu em termos de audiência e valeu em termos de realização profissional.

Folha Online- A Record continua a ser vista como uma emissora com programação muito voltada para o público evangélico e atrelada à Igreja Universal do Reino de Deus, já que seu acionista majoritário é o bispo Edir Macedo, fundador da igreja...

Munhoz -
Não sei porque existe isso no mercado. Eu venho de outra emissora e há muito tempo existe isso daí, sem motivo, na minha opinião. A Record tem a Igreja Universal como uma cliente importante, mas nada além disso. É uma igreja que paga para ocupar um espaço dentro da emissora, mas existe esse estigma. Não consigo captar por que o mercado, em alguns setores, tenta fazer esse tipo de ligação. Mas hoje, o telespectador da Record, ao contrário do que se pensa, não é, em sua maioria, evangélico.

Folha Online - Existe uma intenção da emissora em quebrar essa visão?

Munhoz - Na programação não existe nada a ser quebrado. A Record nunca teve tão poucos programas religiosos quanto agora. Os programas religiosos ficaram restritos exclusivamente às madrugadas, coisa que não acontece em outras emissoras, que têm programas de manhã, à tarde e em horário nobre. Das 7h até meia-noite a Record tem uma programação estritamente comercial. Hoje, depois de 12 anos, a presidência da Record é exercida por uma pessoa que não tem o cargo de pastor ou de bispo da igreja. Todo o profissionalismo está totalmente desvinculado da igreja. Então eu acho que o preconceito só continua em quem não quer enxergar uma realidade.

Folha Online - A Record pretende aproveitar o aniversário de 50 anos para resgatar conceitualmente algum programa consagrado pela emissora em sua primeira fase?

Munhoz - Saudades dá, mas eu acho que pela diversidade de formação e número de emissoras já não tem espaço para um certo romantismo. Tentaram reeditar os festivais, mas não deu certo.

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