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13/10/2003
-
10h56
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo
O Brasil chegaria ao final de 2003 com 382 filmes produzidos, a um custo de R$ 775 milhões de recursos públicos investidos, se todos os projetos com prazo válido para captação de dinheiro através das leis de renúncia fiscal (Rouanet e do Audiovisual) realizassem a totalidade de seus orçamentos neste ano.
Concretamente, o país deve fechar o calendário com 49 filmes prontos (dos quais 31 estreados e o restante na fila de lançamentos de 2004). O total de recursos públicos usados nesses títulos está estimado em R$ 72,2 milhões.
O levantamento dos dados foi feito pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), órgão de fomento, regulação e fiscalização do setor, que hoje deve ter sua vinculação ao Ministério da Cultura (Gilberto Gil) determinada por decreto presidencial.
A agência estava provisoriamente instalada no organograma da Casa Civil (José Dirceu), desde sua criação, por medida provisória (2.228), em setembro de 2001.
Irracionalidade
O presidente da Ancine, Gustavo Dahl, diz que a radiografia estatística da produção cinematográfica no país revela que "a aplicação dos recursos é irracional".
Ele se refere não só à disparidade entre projetos existentes e realizados, mas sobretudo à desproporção entre o dinheiro público investido na produção de filmes e suas respectivas performances de bilheteria. "Não há, nas leis existentes, nenhuma preocupação com resultados", afirma.
Dessa ausência de compromisso com a tentativa de viabilidade comercial dos filmes decorre, segundo Dahl, o fato de que a maioria dos longas brasileiros é produzida sem previsão de orçamento condizente para o lançamento.
"Investimento em cópias e publicidade são tão importantes na indústria cinematográfica como a própria produção. É isso que determina a visibilidade do filme. Produzir desconsiderando esse aspecto é um suicídio e um desperdício de dinheiro público."
De acordo com as estatísticas da Ancine, há 34 documentários em longa-metragem sendo feitos neste ano no Brasil. Sobre esse número, o presidente da agência reflete: "Será que o país foi tomado de uma necessidade de se rever ou será que o orçamento de um documentário é menor e, portanto, mais fácil de alcançar?".
Orçamentos
Outro dado levantado pela Ancine sobre a produção cinematográfica em 2003 revela que cinco longas-metragens dados como em fase de produção captaram, até agora, só 34% (R$ 7,4 milhões) do valor de seus orçamentos somados (R$ 21,5 milhões).
Entre os 15 primeiros filmes brasileiros lançados neste ano, a captação realizada corresponde a 67% do orçamento inicialmente programado. Aguardando datas de estréia no cinema estão oito títulos que foram concluídos com 59,8% de suas estimativas originais de custo.
Segundo Dahl, é um consenso internacional que 93% do público frequentador de cinema busca filmes para se divertir e 7% compram ingressos "pelo prazer do próprio cinema".
Pelas estimativas da Ancine, apenas três ou quatro títulos brasileiros devem concentrar 95% do público deste ano para títulos nacionais. "Vivemos uma situação de grandes sucessos com extrema concentração. A questão não é exigir da produção cinematográfica performance no mercado, mas é ter o mercado como referência de alguma racionalidade", afirma Dahl.
A conclusão a que o presidente da agência reguladora do cinema chega, após analisar as estatísticas do órgão, é a de que "é possível que o cinema brasileiro esteja avançando num vôo cego". Ele interpreta o próprio diagnóstico não como um demérito para a Ancine, mas como um reforço de seu papel. "Existe necessidade absoluta de regulação."
Desembolsos
Além da assinatura, hoje, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do documento que transfere a Ancine para a alçada do MinC, está previsto o anúncio de desembolsos de empresas estatais reservados ao patrocínio de cinema e a decisão de aumentar de dez para 18 membros a composição do Conselho Superior de Cinema.
O conselho é formado por ministros de Estado e por representantes da sociedade civil e tem a atribuição de definir as diretrizes de atuação da Ancine.
A atividade de fomento da agência é baseada em seu principal instrumento de arrecadação --a cobrança da taxa Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional).
Atualmente, a agência promove concursos de apoio à produção, desenvolvimento e finalização de filmes, através dos quais serão distribuídos R$ 7,1 milhões para 30 projetos.
No mês passado, o ministro Gil anunciou o objetivo de alcançar a marca de cem filmes brasileiros produzidos e lançados por ano, até o final do governo Lula.
Leia mais
Artistas cobram recursos para Cultura e Lula pede colaboração
Para presidente da Ancine, "uso de dinheiro no cinema é irracional"
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da Folha de S.Paulo
O Brasil chegaria ao final de 2003 com 382 filmes produzidos, a um custo de R$ 775 milhões de recursos públicos investidos, se todos os projetos com prazo válido para captação de dinheiro através das leis de renúncia fiscal (Rouanet e do Audiovisual) realizassem a totalidade de seus orçamentos neste ano.
Concretamente, o país deve fechar o calendário com 49 filmes prontos (dos quais 31 estreados e o restante na fila de lançamentos de 2004). O total de recursos públicos usados nesses títulos está estimado em R$ 72,2 milhões.
O levantamento dos dados foi feito pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), órgão de fomento, regulação e fiscalização do setor, que hoje deve ter sua vinculação ao Ministério da Cultura (Gilberto Gil) determinada por decreto presidencial.
A agência estava provisoriamente instalada no organograma da Casa Civil (José Dirceu), desde sua criação, por medida provisória (2.228), em setembro de 2001.
Irracionalidade
O presidente da Ancine, Gustavo Dahl, diz que a radiografia estatística da produção cinematográfica no país revela que "a aplicação dos recursos é irracional".
Ele se refere não só à disparidade entre projetos existentes e realizados, mas sobretudo à desproporção entre o dinheiro público investido na produção de filmes e suas respectivas performances de bilheteria. "Não há, nas leis existentes, nenhuma preocupação com resultados", afirma.
Dessa ausência de compromisso com a tentativa de viabilidade comercial dos filmes decorre, segundo Dahl, o fato de que a maioria dos longas brasileiros é produzida sem previsão de orçamento condizente para o lançamento.
"Investimento em cópias e publicidade são tão importantes na indústria cinematográfica como a própria produção. É isso que determina a visibilidade do filme. Produzir desconsiderando esse aspecto é um suicídio e um desperdício de dinheiro público."
De acordo com as estatísticas da Ancine, há 34 documentários em longa-metragem sendo feitos neste ano no Brasil. Sobre esse número, o presidente da agência reflete: "Será que o país foi tomado de uma necessidade de se rever ou será que o orçamento de um documentário é menor e, portanto, mais fácil de alcançar?".
Orçamentos
Outro dado levantado pela Ancine sobre a produção cinematográfica em 2003 revela que cinco longas-metragens dados como em fase de produção captaram, até agora, só 34% (R$ 7,4 milhões) do valor de seus orçamentos somados (R$ 21,5 milhões).
Entre os 15 primeiros filmes brasileiros lançados neste ano, a captação realizada corresponde a 67% do orçamento inicialmente programado. Aguardando datas de estréia no cinema estão oito títulos que foram concluídos com 59,8% de suas estimativas originais de custo.
Segundo Dahl, é um consenso internacional que 93% do público frequentador de cinema busca filmes para se divertir e 7% compram ingressos "pelo prazer do próprio cinema".
Pelas estimativas da Ancine, apenas três ou quatro títulos brasileiros devem concentrar 95% do público deste ano para títulos nacionais. "Vivemos uma situação de grandes sucessos com extrema concentração. A questão não é exigir da produção cinematográfica performance no mercado, mas é ter o mercado como referência de alguma racionalidade", afirma Dahl.
A conclusão a que o presidente da agência reguladora do cinema chega, após analisar as estatísticas do órgão, é a de que "é possível que o cinema brasileiro esteja avançando num vôo cego". Ele interpreta o próprio diagnóstico não como um demérito para a Ancine, mas como um reforço de seu papel. "Existe necessidade absoluta de regulação."
Desembolsos
Além da assinatura, hoje, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do documento que transfere a Ancine para a alçada do MinC, está previsto o anúncio de desembolsos de empresas estatais reservados ao patrocínio de cinema e a decisão de aumentar de dez para 18 membros a composição do Conselho Superior de Cinema.
O conselho é formado por ministros de Estado e por representantes da sociedade civil e tem a atribuição de definir as diretrizes de atuação da Ancine.
A atividade de fomento da agência é baseada em seu principal instrumento de arrecadação --a cobrança da taxa Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional).
Atualmente, a agência promove concursos de apoio à produção, desenvolvimento e finalização de filmes, através dos quais serão distribuídos R$ 7,1 milhões para 30 projetos.
No mês passado, o ministro Gil anunciou o objetivo de alcançar a marca de cem filmes brasileiros produzidos e lançados por ano, até o final do governo Lula.
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