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14/10/2003 - 03h21

Cult band torna-se uma das atrações principais do Tim Festival

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BRUNO YUTAKA SAITO
da Folha de S.Paulo

Se a história da banda paulistana Fellini fosse um filme, o roteiro teria inesperados lances dramáticos, metáforas e um final surrealista --como em uma película de Federico Fellini (1920-93). O inusitado convite para ser uma das atrações principais do atualmente mais importante festival de música do Brasil, o Tim Festival, coroa essa história de estranhamento que completa 20 anos em 2004.

O grupo não existe mais desde 1990. Mesmo quando estava em atividade, nos anos 80, era estritamente ligado ao underground paulistano, ou seja, nunca teve apelo popular, tocou para platéias pequenas, passou longe da TV e teve apenas flertes com as rádios.

"Essa é a ironia suprema, a vingança dos bastardos dos anos 80. Somos o único grupo amador do evento. Passamos a vida inteira comendo grama, e, quando já tínhamos desencanado completamente, aparece esse convite... acho que é a primeira vez que ganhamos um cachê", diz em tom de brincadeira o vocalista Cadão Volpato, 46, que após o fim do Fellini, dedicou-se integralmente ao jornalismo. "É sinal de que a coisa funcionou de alguma maneira, teve gente que ouviu e gostou."

Não foram poucos os que ouviram. "As letras eram muito interessantes, e eles já misturavam eletrônica com os timbres tradicionais da música brasileira. Influenciou-me muito", diz o rapper carioca Marcelo D2, 35.

Se hoje o mix de MPB, samba, rock e eletrônica é carne de vaca, o Fellini era um corpo incompreensível naqueles anos 80 dos acessíveis RPM e Titãs. "Não faria sentido convidar o grupo para um evento tipo o [extinto] Hollywood Rock naquele tempo. O Fellini tinha um público pequeno", afirma o multiinstrumentista e compositor da banda Thomas Pappon, 43, hoje radicado em Londres.

Samba entre guitarras

O que faz, então, o Fellini, banda de sambas urbano-esquizóides, no Tim Festival, entre nomes como Whirlwind Heat e White Stripes, atualíssimos e barulhentos? "Esse tipo de convite pode ser novidade no Brasil, mas aqui na Europa é comum. Os organizadores adoram convidar bandas cult que andavam sumidas. Vi shows sensacionais de gente como Au Pairs, Gang of Four e Wire nessa situação", afirma Pappon.

O antropólogo e curador do Tim Hermano Vianna dá a sua versão: "Achei que era hora de prestar uma homenagem à banda. As outras atrações vão ajudar o público a entender melhor a importância do Fellini".

Vianna não concorda com o rótulo "banda à frente de seu tempo". "Ninguém está à frente de seu tempo, isso não existe. As boas bandas definem o seu tempo, e esse é o caso do Fellini. Eles dão uma lição de integridade artística enorme para as novas gerações e boas canções, é claro", diz.

No show, o Fellini estará em sua formação "clássica". Além de Thomas (violão e guitarra), Cadão (vocal, gaita e teclado), Jair Marcos (guitarra) e Ricardo Salvagni (baixo), o grupo terá o percussionista Silvano Michelino, que tocou no álbum "3 Lugares Diferentes". Volpato diz que o grupo ainda não se reuniu para ensaiar ("Ainda continuamos nossas experimentações"). Serão 12 músicas, com ênfase em "3 Lugares". "Se o público exigir, vamos tocar 'Rock Europeu'", afirma Pappon, referindo-se ao hit da banda. Se você nunca ouviu Fellini, ainda há como imaginar o que você não conheceu.

TIM FESTIVAL
Onde:
MAM-RJ (av. Infante Dom Henrique, 85, RJ)
Quando: de 30/10 a 1º/11 (a banda Fellini toca no dia 31/10)
Quanto: de R$ 30 a R$ 80
Como comprar: tel. 0300-789-3350

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