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17/10/2003 - 08h14

Kiju Yoshida e Yasujiro Ozu são homenageados em retrospectivas

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LÚCIA NAGIB
do Guia da Folha

Kiju Yoshida, homenageado na mostra com uma retrospectiva de sete filmes, é nome familiar entre os cinéfilos paulistanos. Já esteve no Brasil em 1993, acompanhando a mostra "Nouvelle Vague do Japão", movimento do qual foi um dos expoentes, no início dos anos 60.

Francófilo desde a juventude e estudioso de Sartre e Camus na universidade, é de fato a ele que, dentre seus colegas, o termo nouvelle vague se aplica melhor.

Seus primeiros anos como diretor na Shochiku trazem marcas de Godard, Chabrol e Resnais. Desse período, a mostra traz "As Termas de Akitsu" (1962), filme atípico das afinidades francesas de Yoshida, mas seu primeiro sucesso comercial.

A narrativa linear e a música melodramática, que facilitam a absorção de um filme de pouquíssima ação, vão desaparecer em "Eros + Massacre" (1969), obra-prima do diretor, que evidencia sua admiração por Resnais e Antonioni.

O filme toma a história do anarquista Sakae Osugi como pretexto para uma longa discussão sobre a liberdade sexual. Uma estudante que pesquisa a era Taisho (1912-1926) mergulha na vida de Osugi e suas amantes, exortando-os a uma materialização que faz o passado conviver com o presente num mesmo espaço real.
Constrói-se, assim, um tempo circular, que gira sobre si mesmo em mais de três horas de deslumbrante apuro formal e ousado experimentalismo.

Esse entrelaçamento entre história social e individual, passado e presente, marcam os demais filmes da retrospectiva como uma assinatura autoral de Yoshida, que se estende até seu último trabalho, "Mulheres no Espelho" (2002), significativamente produzido pelos franceses.

Ao lado de Yoshida, outro grande cineasta japonês, Yasujiro Ozu, é homenageado na mostra com uma minirretrospectiva.

São quatro de seus filmes mais recentes da fase colorida --"Bom Dia" (1959), "Dia de Outono" (1961), "Fim de Verão" (1961) e "A Rotina Tem Seu Encanto" (1962)-- e apenas um anterior à guerra, o raro "Coral de Tóquio" (1931).

Embora breve, essa seleção --de um diretor que iniciou no período silencioso e produziu ao longo de 40 anos-- é significativa, exemplificando os temas e técnicas que tornaram Ozu um clássico e, ao mesmo tempo, um mestre do cinema moderno.

Ali estão as crianças impertinentes, que desafiam a autoridade de um pai que é um mero assalariado. As filhas que não querem se casar, para não deixar só o pai viúvo. Os conflitos familiares tratados sobre o pano de fundo de um Japão que se moderniza rapidamente, tudo num estilo contemplativo zen.

Com todo o seu rigor formal, Ozu inova justamente nos espaços vazios e nos planos de descanso, momentos em que ganham grandeza os pequenos dramas da vida cotidiana.

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