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20/10/2003 - 11h47

Chico Correa leva suas estranhas misturas ao TIM Festival

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AUGUSTO PINHEIRO
Free-lance para a Folha de S.Paulo

Coco, baião, repente e música eletrônica. A mistura inusitada de ritmos nordestinos com drum'n'bass, beats diversos e samples vem de João Pessoa (PB), se chama Chico Correa & Electronic Band e se apresenta no próximo dia 1º no palco Lab do TIM Festival, no Rio de Janeiro.

"Não queremos levantar nenhuma bandeira de resgate, mas pegar ritmos locais e mostrá-los de forma espontânea", explica Esmeraldo Marques, 26, idealizador do projeto e que atende pelo codinome de Chico Correa. "É uma homenagem ao Chick Corea, que, nos anos 70, foi o precursor da fusão do jazz com linguagens musicais tecnológicas", diz.

O samba, a bossa nova e os sons afro-brasileiros também entram na salada eletrônica, que ainda inclui influência do próprio jazz, principalmente da prática de improvisar durante as apresentações.

"Todo show é diferente. Improvisamos sobre uma estrutura definida. O fio condutor são os grooves eletrônicos", explica Correa, que toca guitarra, opera bases eletrônicas e comanda efeitos em tempo real durante as performances.

Além dele, há mais seis integrantes: o baixista Nazareno, o baterista Victor Ramalho, o percussionista Cassiano, o saxofonista suíço Stephan, o DJ Dal e a vocalista Larissa Montenegro.

As canções folclóricas utilizadas pela banda são de domínio público e foram "descobertas" por Correa durante o período em que foi bolsista do Laboratório de Estudos da Oralidade, da Universidade Federal da Paraíba. "Trabalhei com pesquisa e documentação de cultura popular do Nordeste. Isso ajudou bastante", diz o baiano de Juazeiro, que já morou em Aracaju e que, desde 1995, vive na capital paraibana.

A "apropriação" de outras sonoridades segue efeito cascata, como no caso da música "Carcará 3", que utiliza samples da música "Carcará 2", do grupo Tocaia, de Cajazeiras (sertão paraibano), que se inspirou na "Carcará" original, do maranhense João do Vale. No show, a versão nova virou "Carcará 4".

Computador em casa

O projeto surgiu há dois anos com as experimentações eletrônicas que Chico Correa bolava no computador da sua casa. "Eu fazia produções caseiras com sons eletrônicos e brasileiros. Sempre chamava alguém para tocar um instrumento junto", lembra.

Foi a vontade de levar o trabalho para o palco que fez surgir a banda. "A maneira mais viável foi convidar outros músicos e unir o tecnológico ao orgânico", diz.

O grupo ainda não lançou CD, mas Correa conta que alguns selos já mostraram interesse. "O nosso objetivo é concluir uma master até o fim do ano para lançar o CD no ano que vem." Por enquanto, a banda conta apenas com CDs demos, sempre em mutação, de acordo com as novas idéias dos integrantes.

"Como somos oito, as influências são múltiplas. Vão de John Coltrane e Miles Davis a trip hop, acid jazz e música regional."

A banda, que já se apresentou neste ano nos festivais nordestinos Abril Pro Rock (Recife) e Mada (Natal), deve tocar oito músicas em 45 minutos de show. Durante a apresentação, Correa "brinca" de samplear frases dos instrumentos ao vivo. Haverá projeção de imagens do pioneiro do cinema Thomas Edison e de registros do cangaceiro Lampião, reunidas pelo cineasta paraibano Carlos Dowling, que comandará o telão durante o show.

"O convite para tocar no TIM Festival foi uma ótima oportunidade para um projeto que ainda está engatinhando", comemora Correa.
 

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