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25/10/2003 - 09h00

Filme em Tiradentes põe Shakespeare no cinema nacional

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MARCELO BARTOLOMEI
Editor de Entretenimento da Folha Online

Antes mesmo de iniciar a adaptação do texto "As Alegres Comadres de Windsor", de William Shakespeare, para o clima tropical do Brasil, a cineasta Leila Hipólito já tinha decidido tomar a comédia como linha-mestre de seus trabalhos.

Assumindo a veia humorística, ela traz a público agora, na Mostra BR de Cinema de São Paulo e em estréia nacional no próximo dia 14, a versão brasileira do texto shakespeariano, com elenco estelar e um único desejo: divertir.

Na bagagem, a cineasta carioca traz o premiado curta-metragem "Decisão", de 1997, sobre futebol e namoro, e um documentário que foi direto para DVD, sobre Antônio Dias. Agora, ela estréia no longa-metragem de ficção.

Leila estudou o texto de Shakespeare por um ano. Gastou R$ 3 milhões para fazer um filme leve, rodado na histórica cidade de Tiradentes (MG), que entrelaça uma história de romance, ciúme, tradições, preconceitos e tabus do século 19.

Temática

Divulgação
Cena de "As Alegres Comadres"
Os temas são, de certo, universais. "A trama precisava de um pouco do elemento da repressão que as mulheres sofriam no século retrasado, pelo menos, do marido ciumento que quer mostrar para a cidade inteira o que está acontecendo com sua mulher, a humilhando, coisa que já não existe mais. Tem também aquele negócio de forçar a filha a se casar com pretendentes escolhidos pelos pais", disse a cineasta, que recebeu uma recepção positiva do público da Mostra de Cinema de São Paulo.

"Fui numa sessão que tinha um monte de jovens. Eles me davam tchau e acenavam um 'ok' com o dedo. A recepção tem sido muito legal. As pessoas se divertem mesmo."

"Acho que temos tantos problemas sociais sérios no país, mas precisamos resgatar o humor e as emoções positivas. Acredito no humor como uma arma forte para restaurar o bem-estrar das pessoas", afirmou Leila.

Para ambientar a história de Shakespeare, a cineasta precisou fazer concessões. Mudou a linguagem, que transita entre o rebuscado e o coloquial, modernizou o figurino e os próprios cenários. "Não quero que as pessoas se sintam distantes da realidade. O filme fala de ciúmes, de relações por interesse, coisas atuais", disse.

Locação

A cidade histórica mineira de Tiradentes não estava nos planos de Leila Hipólito. Ela queria fazer o filme em Petrópolis, na região serrana do Rio, mas afirma ter encontrado uma cidade descaracterizada. Foi quando tentou fazer uma adaptação de Petrópolis em Tiradentes.

Ao invés de fazer Tiradentes se passar por Petrópolis, a cineasta decidiu passar mais três meses do projeto readaptando a história para a cidade mineira. "Tive apoio do governo, me abriram as portas da cidade", afirmou.

Com isso, moradores viraram figurantes do filme, que atraíram também moradores de cidades da região. A idéia, em agradecimento à cidade, é fazer uma pré-estréia em praça pública, que deve acontecer, no máximo, até o início de 2004.

Trilha sonora

O filme diverte. Além disso, apresenta uma série de canções cabo-verdianas, cantadas por músicos locais e em parcerias com artistas brasileiros, como Paulinho da Viola, por exemplo.

"Eu já tinha filmado, mas ainda não editado. Fui a cabo verde para um festival de cinema brasileiro e lá nos mostraram as 'batucadeiras'. Quando tem casamento, aniversário, batizado... as mulheres da comunidade se juntam, pegam uma trouxa de roupa e colocam no meio da perna para batucar. Elas cantam para se divertir, falam mal do marido, do médico da comunidade, do namorado", disse Leila.

A trilha sonora deve ser lançada após o filme, mas músicos que participaram dela vêm ao Brasil antes para se apresentar.

"Achei que a música cabo-verdiana é interiorana e, com isso, tinha tudo a ver com o filme. Outra coisa é a alegria da música. Ouvi muita coisa, uma música mais moderna, mas não encontrei no Brasil a alegria nas letras."

"As Alegres Comadres" (Brasil, 2003)
Direção: Leila Hipólito
Com: Zezé Polessa, Elisa Lucinda, Guilherme Karam, Milton Gonçalves, Edwin Luisi, Ernani Moraes, Antônio Petrin, Chico Diaz, Talita Castro, Daniel Del Sarto, Bel Guedes e Rafael Primo, entre outros
Quando: hoje, dia 25, às 21h30, no Cinemark Villa-Lobos (av. das Nações Unidas, 4.777, Alto de Pinheiros, tel.: 0/xx/11/3024-3860). Estréia dia 14 de novembro em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte

Especial
  • Veja galeria de imagens do filme "As Alegres Comadres"
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