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04/11/2003 - 14h24

Veja a repercussão da morte da escritora Rachel de Queiroz

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ANA PAULA GRABOIS
da Folha Online, no Rio

Os acadêmicos que vieram ao velório de Rachel de Queiroz na ABL (Academia Brasileira de Letras) ressaltaram a importância da escritora como precursora do regionalismo na literatura brasileira e o fato de ela ter sido a primeira mulher a ingressar na academia.

"Ela marca a história da literatura brasileira como uma figura de vanguarda", disse o senador e acadêmico José Sarney (PMDB-AP). Para ele, o romance "O Quinze" representou uma renovação da ficção brasileira, com base nas raízes populares.

"No geral, ela buscava o sofrimento da seca para ter uma visão do mundo, do homem e do próprio destino", disse Sarney, ressaltando que ela era uma mulher forte mas ao mesmo tempo "muito doce".

Já o escritor Carlos Heitor Cony afirmou que Rachel foi uma mulher "extraordinária" ao escrever uma das dez obras mais importantes da literatura nacional, "O Quinze", aos 20 anos. "Ela se tornou a matriarca da literatura regional."

Revoluções

Para o presidente da ABL, Alberto da Costa e Silva, o Brasil fica menor com a morte da escritora. "O país perde uma das expressões mais agudas, mais firmes, uma das vontades mais fortes do século 20 e uma escritora de estilo mais agradável e direto que o Brasil já teve", afirmou.

Segundo o acadêmico, a escritora foi responsável por duas revoluções. A primeira ao publicar ainda jovem o romance "O Quinze", e a segunda ao voltar a escrever outro livro considerado uma obra prima, o "Memorial de Maria Moura", aos 80 anos.

Costa e Silva falou ainda sobre a importância dos artigos publicados pela escritora em jornais e revistas. "Minha geração se acostumou a ler Rachel de Queiroz semanalmente e com ela ajudar a formar opinião sobre o que se passava no Brasil e no mundo".

"Foi sobretudo uma mulher forte que marcou o século 20 no Brasil como nenhuma outra mulher. Foi seguramente a figura feminina mais importante do Brasil do século passado." O presidente da ABL destacou que Rachel será lembrada tanto pela sua obra com pelo que representou como mulher, "pois tinha graça, leveza, alegria, rigor, espírito de justiça e uma enorme esperança".

"Ela abriu espaço na vida brasileira para a mulher e foi a primeira em muitas coisas. E é como a primeira que nós vamos sempre lembrá-la", disse Costa e Silva.

"Perda irreparável"

Para o acadêmico Josué Montello, "a perda de Rachel representa uma espécie de emoção tão profunda que é como se ela pertencesse a minha família".

O escritor Ivan Junqueira considerou a morte da escritora como uma "perda irreparável".

Para Junqueira, além de ter inaugurado o estilo do romance nordestino muito antes de Graciliano Ramos e José Lins do Rego, Rachel também participou ativamente da vida política do Brasil e rompeu uma barreira ao ser a primeira mulher a ingressar na ABL.

"É difícil imaginar que pessoa possa ocupar essa vaga" , disse o acadêmico.

Infarto

A escritora cearense Rachel de Queiroz, que completaria 93 anos no dia 17 de novembro, morreu hoje no Rio de Janeiro.

Ela foi vítima de um infarto do miocárdio, por volta das 6h, enquanto dormia em sua casa no bairro do Leblon, na zona sul, segundo a família. A escritora, que era viúva, já havia sofrido um derrame em agosto de 1999.

O enterro será amanhã no mausoléu da família da escritora no Cemitério São João Batista, em Botafogo (zona sul).

Com Agência Brasil

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