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06/11/2003 - 04h22

Fernando Morais dá aval a "Olga" romantizada

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JOSÉ GERALDO COUTO
Enviado especial da Folha de S.Paulo ao Rio

Se depender da intenção e do empenho do diretor Jayme Monjardim, o longa "Olga", cujas filmagens terminaram na semana passada, será um drama romântico de forte apelo popular.

A trajetória do líder comunista Luís Carlos Prestes, amante de Olga Benario, e o contexto histórico-político brasileiro ficarão num distante segundo plano. E com o aval do autor do livro que inspirou o filme, o jornalista e escritor Fernando Morais.

"Estamos fazendo um filme popular, um filme que as pessoas chorem no cinema. Da pessoa mais humilde à mais intelectual, todo mundo vai entender", disse Monjardim à Folha, entre uma tomada de cena e outra, nos estúdios Renato Aragão, no bairro carioca da Barra da Tijuca.

Naquela noite de outubro, o set de filmagens de "Olga" viveu uma pequena comoção ao receber pela primeira vez a visita de Fernando Morais. O escritor, por sua vez, declarou-se maravilhado "como uma criança num parque de diversões".

Rodava-se uma cena capital: a ambulância em que Olga (Camila Morgado) supostamente era levada ao hospital para dar à luz é interceptada pela polícia de Getúlio Vargas. Os guardas retiram do carro à força a acompanhante da heroína, Maria (Leona Cavalli), e Olga intui que será deportada para a Alemanha nazista.

Maria é uma fusão de duas figuras reais --a advogada Maria Werneck e a psiquiatra Nise da Silveira--, recurso usado com frequência no roteiro de Rita Buzzar, que também é produtora do longa-metragem.

"O roteiro passou por sete versões", diz Buzzar. "A última delas levou em consideração a opinião do Jayme [Monjardim] de que deveríamos nos concentrar na Olga, deixando o Prestes de lado depois que eles se separam."

Orçado em R$ 12 milhões (incluindo comercialização e publicidade) e co-produzido pela Globo Filmes, "Olga" foi todo rodado no Rio, "40% em estúdio e 60% em locações", de acordo com Monjardim.

A idéia inicial de Rita Buzzar era filmar uma parte na Europa, com co-produção alemã. "Mas os produtores de lá queriam diretor e elenco alemães, e eu não concordei", diz a produtora, que tentava desde 97 viabilizar o projeto.

Para Monjardim, o mais difícil da produção foi justamente encontrar e adaptar as locações para os propósitos da história.

O porão do cargueiro em que Olga é deportada para a Alemanha foi filmado num cargueiro real, mas a cabine de primeira classe do transatlântico em que Olga e Prestes viajam à Europa, disfarçados de casal burguês, teve de ser construída em estúdio.

Uma das filmagens mais curiosas ocorreu na Escola Militar do Rio, transformada em sede da Internacional Comunista em Moscou, onde a então jovem Olga faz um discurso inflamado de exortação à Juventude Comunista.

Na cena, que a Folha viu com exclusividade em edição digital, quase 900 figurantes cantam a Internacional Comunista diante de bandeiras vermelhas com a foice e o martelo.

"Um velho professor da escola ficou chocado ao passar por lá. Ele dizia: 'Nunca pensei que fosse viver para ver isso'", lembra Rita Buzzar. Participaram da cena 40 russos ou descendentes, contratados por meio do consulado.

O filme acompanha a trajetória de Olga desde os 17 anos, na Alemanha, até sua morte, aos 33, num campo de concentração.

"Quero comover o público com o que há de universal no drama dessa mulher", diz Monjardim, que dirige seu primeiro longa de cinema depois de uma larga experiência na televisão.

"Gosto que o espectador entre dentro do filme, por isso abuso do 'close'. Quero ver o olho do ator, olhando bem de frente para a câmera. Tem gente que diz: 'Close não é para cinema'. Discordo radicalmente."

O diretor diz que reviu filmes neo-realistas italianos para ter uma referência dramatúrgica.

Segundo Buzzar, que conheceu Monjardim ao escrever a telenovela "Ana Raio e Zé Trovão", da Manchete, "Olga" deve ser lançado em abril de 2004, com cerca de 250 cópias.

O elenco tem ainda Caco Ciocler, no papel de Prestes, e Fernanda Montenegro, como a mãe do líder comunista.
 

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