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08/11/2003 - 06h18

Danuza Leão volta na era das celebridades

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ERIKA PALOMINO
colunista da Folha

Diz o ditado: se conselho fosse muito bom, não era dado, mas vendido. Pois a sábia Danuza Leão coloca à venda alguns dos seus melhores ensinamentos em "Na Sala com Danuza 2". A edição é superatualizada. Afinal, passaram-se 11 anos desde que ela virou coqueluche com esse manual de etiqueta mais que diferente.

O mundo andou com o pé no acelerador nos insanos anos 90. À época do lançamento de "Na Sala com Danuza", acabara de rolar o impeachment de Collor --entrando depois na era do Real, com FHC como ministro de Itamar Franco. Os EUA entravam na Era Clinton, enquanto Charles se separava de Diana. "Percorremos um belo caminho --você mudou, eu mudei", confessa a autora, no novo prefácio.

Para dar conta das mudanças, Danuza se retirou por duas semanas em Paris, procurando modernizar os conceitos do livro, que agora inclui etiqueta na academia, na internet, no celular, nos namoros (agora "ficadas"). "Em alguns tópicos não consegui mexer", admite. "Porque certas coisas não mudam: boas maneiras, gentileza, bom senso..."

Danuza tem experiência de sobra. Mais adequado: tem savoir-faire. "Como fui casada com Samuel Wainer, dono do jornal "Última Hora", muito cedo conheci gente importante. Convivi com presidentes, ministros, senadores, deputados, empresários (...). Fui amiga das turmas do cinema novo, da bossa nova, do "Pasquim", dos jornalistas em geral." Ainda teve o tempo do exílio de Wainer em Paris, teve o tempo em que modelava na Europa, teve o tempo em que era RP de boates, teve os casamentos, os filhos, os netos. Um trânsito para poucos.

Nada mais natural, portanto, que quando saiu "Na Sala com Danuza" o Brasil tenha caído de paixão por essa diva da vida real, intensa, cheia de personalidade. Se à primeira vista o público se empolga por poder usufruir das dicas de Danuza, a leitura apreende máximas de sobrevivência aprendidas na selva social. "Assim caminha a humanidade", resigna-se a autora, sem juízo de valor ou culpa, diante do inexorável.

Danuza tem deliciosa habilidade de comentar o corriqueiro, o comum e também o especial. Por isso, nove anos no "JB" e, mais recentemente, seu espaço aos domingos nesta Folha, onde brilha ao escrever o que não sabíamos que achamos ou sentimos --nós, mulheres; nós, o Brasil. O ritmo é inteligente, feminino, e Danuza se exercita não mais como colunista social, mas cronista. E das boas.

Na versão revisitada de "Na Sala com Danuza", ela premia seus leitores com saboroso e sincero relato de como é estar do outro lado do circo das colunas: "Os bastidores ou as ilusões perdidas", se chama o capítulo.

No ano do lançamento original do livro, em 1992, Malu Mader estava na TV com "Anos Rebeldes", e logo depois saía o primeiro número da revista "Caras". Hoje, 11 anos depois, Malu Mader vive a Maria Clara Diniz em "Celebridade", do mesmo Gilberto Braga. E uma Danuza que vive "fase de não querer aparecer" pode contar da bajulação --e de como é viver fora dela; dos micos e fornece prático guia de "como chegar lá". "Lá, você sabe bem onde é: no universo dos que saem nas colunas." A coisa está --de fato-- bem mais profissional. Selvagem.

O livro também tem na narrativa de causos alguns de seus melhores momentos: o dia em que ela incendiou o quarto do hotel parisiense tentando limpar um simples cinzeiro, as novas (velhas) preferências, as viagens. Tão gostoso que, para saciar seus leitores, agora só uma biografia.

Avaliação:

Na Sala com Danuza 2
Autora:
Danuza Leão
Editora: Arx
Quanto: R$ 42 (282 págs.)
Lançamento: dia 18
 

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