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09/11/2003
-
08h39
LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo, no Rio
ALVARO LEME
da Folha de S.Paulo
Dica a quem quer conhecer ou recordar o estilo de Janete Clair, cujas novelas bateram os primeiros recordes de audiência da TV: veja "Celebridade", na Globo.
Morta há duas décadas, em 16 de novembro de 1983, a autora segue como forte influência da teledramaturgia brasileira e tem como principais seguidores Gilberto Braga, autor da atual novela das oito, e Glória Perez, de "O Clone" (2001/02). Hoje no time VIP de escritores, os dois iniciaram a carreira sob os ensinamentos "clairianos". Braga, 57, assinou "Bravo!" (1975/76) com ela. Perez, 55, era sua colaboradora em "Eu Prometo" (1983). Com a morte da autora, escreveu o desfecho da história com Dias Gomes (1922-99), marido de Janete.
"A Glória é mais próxima pelo estilo passional. Ela pode sacrificar a coerência em função da emoção. Em 'O Clone', o personagem ia ao Marrocos e voltava em dois dias. Já o Gilberto herdou os conflitos bem amarrados, personagens que, mais tarde, revelam uma ligação do passado com outros", diz Mauro Ferreira, autor de "Nossa Senhora das Oito - Janete Clair e a Evolução da Telenovela no Brasil" (editora Mauad), a ser lançado na próxima semana.
Braga tem da novelista a crítica social, as cenas de ação, o mistério. "Quem matou Odete Roitman?", de sua "Vale Tudo" (88/ 89), recriava o "Quem matou Salomão Hayala?", de "O Astro", escrita por Janete Clair em 78.
Perez ficou com os romances impossíveis, dilemas da ciência. Seus "O Clone" e "Barriga de Aluguel" (90/91) têm como antepassado "O Homem que Deve Morrer" (71/ 72), que falava de um transplante de coração, cirurgia nova no Brasil da época.
O fim dos castelos
Janete Clair nasceu em 1925 e foi batizada Jenete (o escrivão não entendeu o sotaque árabe de seu pai) Stocco Emmer. Começou a atuar como radioatriz e autora de radionovelas nos anos 40 e adotou o nome artístico em razão da música "Clair de Lune". Em 45, conheceu o dramaturgo Dias Gomes, à época radioator, com quem ficou casada até morrer.
Criou 31 radionovelas, principalmente na Rádio Nacional. Em 64, escreveu a primeira história televisiva, para a Tupi. Mas foi na Globo que se consagrou, com 18 novelas. Na emissora, inaugurou a era pós-Glória Magadan, autora cubana das histórias de castelos, com heróis de capa e espada.
Os originais da obra de Janete, guardados por Dias Gomes até sua morte, estão atualmente no guarda-roupa de um de seus filhos, Alfredo, 43. É uma pilha interminável de pastas, com originais datilografados pela escritora nas únicas duas máquinas que usou na vida. Os papéis sofrem ação do mofo e de traças. "Tentamos parcerias para guardar o material em local adequado. Seria ótimo se algum instituto nos ajudasse a preservá-lo", diz Alfredo.
Na semana passada, equipe do "Fantástico" registrou a montanha de papéis. Se não for cortada, a imagem estará em reportagem sobre a autora, na edição de hoje.
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Neta de Janete Clair faz cinema e tentará seguir carreira na TV
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da Folha de S.Paulo, no Rio
ALVARO LEME
da Folha de S.Paulo
Dica a quem quer conhecer ou recordar o estilo de Janete Clair, cujas novelas bateram os primeiros recordes de audiência da TV: veja "Celebridade", na Globo.
Morta há duas décadas, em 16 de novembro de 1983, a autora segue como forte influência da teledramaturgia brasileira e tem como principais seguidores Gilberto Braga, autor da atual novela das oito, e Glória Perez, de "O Clone" (2001/02). Hoje no time VIP de escritores, os dois iniciaram a carreira sob os ensinamentos "clairianos". Braga, 57, assinou "Bravo!" (1975/76) com ela. Perez, 55, era sua colaboradora em "Eu Prometo" (1983). Com a morte da autora, escreveu o desfecho da história com Dias Gomes (1922-99), marido de Janete.
"A Glória é mais próxima pelo estilo passional. Ela pode sacrificar a coerência em função da emoção. Em 'O Clone', o personagem ia ao Marrocos e voltava em dois dias. Já o Gilberto herdou os conflitos bem amarrados, personagens que, mais tarde, revelam uma ligação do passado com outros", diz Mauro Ferreira, autor de "Nossa Senhora das Oito - Janete Clair e a Evolução da Telenovela no Brasil" (editora Mauad), a ser lançado na próxima semana.
Braga tem da novelista a crítica social, as cenas de ação, o mistério. "Quem matou Odete Roitman?", de sua "Vale Tudo" (88/ 89), recriava o "Quem matou Salomão Hayala?", de "O Astro", escrita por Janete Clair em 78.
Perez ficou com os romances impossíveis, dilemas da ciência. Seus "O Clone" e "Barriga de Aluguel" (90/91) têm como antepassado "O Homem que Deve Morrer" (71/ 72), que falava de um transplante de coração, cirurgia nova no Brasil da época.
O fim dos castelos
Janete Clair nasceu em 1925 e foi batizada Jenete (o escrivão não entendeu o sotaque árabe de seu pai) Stocco Emmer. Começou a atuar como radioatriz e autora de radionovelas nos anos 40 e adotou o nome artístico em razão da música "Clair de Lune". Em 45, conheceu o dramaturgo Dias Gomes, à época radioator, com quem ficou casada até morrer.
Criou 31 radionovelas, principalmente na Rádio Nacional. Em 64, escreveu a primeira história televisiva, para a Tupi. Mas foi na Globo que se consagrou, com 18 novelas. Na emissora, inaugurou a era pós-Glória Magadan, autora cubana das histórias de castelos, com heróis de capa e espada.
Os originais da obra de Janete, guardados por Dias Gomes até sua morte, estão atualmente no guarda-roupa de um de seus filhos, Alfredo, 43. É uma pilha interminável de pastas, com originais datilografados pela escritora nas únicas duas máquinas que usou na vida. Os papéis sofrem ação do mofo e de traças. "Tentamos parcerias para guardar o material em local adequado. Seria ótimo se algum instituto nos ajudasse a preservá-lo", diz Alfredo.
Na semana passada, equipe do "Fantástico" registrou a montanha de papéis. Se não for cortada, a imagem estará em reportagem sobre a autora, na edição de hoje.
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