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19/11/2003
-
08h13
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo
O plástico colado ao pára-choque do Aero Willys, com letras brancas sobre um fundo azul, anuncia: "Agora É Médici".
A "piada de atualidade" que relaciona o governo militar do general Médici (1969-74) com um dos slogans da vitoriosa campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva ("Agora É Lula", 2002) surge no início do filme "A Taça do Mundo É Nossa", primeira incursão no cinema da turma do Casseta & Planeta.
O longa estréia hoje no Rio de Janeiro e em Porto Alegre (onde é feriado) e, na próxima sexta, em outras 85 cidades, ocupando 250 cinemas no país.
"É um filme de época que fala muito sobre a atualidade. A partir daquela situação extremada [o regime militar brasileiro, entre 1964 e 1985], ajuda a pensar o hoje", diz o diretor, Lula Buarque de Hollanda, 40.
Fazer pensar rindo é o que pretendem os humoristas. Se um filme ambientado nos anos 70, com referências a personagens e fatos do período (algumas sutis, como a que envolve o deputado Fernando Gabeira), será bem recebido pelo público jovem é uma questão a ser respondida.
"Minha impressão é que esse é um filme-cebola, com várias camadas. Acho que quem tem mais de 30 anos ou, no mínimo, ouviu falar da ditadura militar vai saborear os pequenos detalhes. Mas o público jovem não fica de fora, porque tem muita piada de besteirol, uma coisa quase Trapalhões", diz o humorista Hélio de la Peña, intérprete de Denilson, um dos três revolucionários que "expropriam" a taça Jules Rimet (da conquista do tricampeonato mundial pela seleção brasileira).
Denilson e os companheiros Wladimir (Bussunda) e Peixoto Carlos (Hubert) pretendem conduzir uma revolução popular. Para isso, fundam o Panac (Partido Anarco Nacionalista Animalista Carlos).
"Politicamente incorreto"
Diretor da distribuidora Warner, que co-produziu o longa (com Conspiração Filmes, Globo Filmes e Organizações Tabajara), José Carlos Oliveira diz que sua empresa apostou no projeto "porque ele fugia completamente à linguagem televisiva".
Oliveira afirma que a força do roteiro foi percebida pela Warner através da disposição do grupo em "contar uma história com começo, meio e fim", distanciando-se do formato de esquetes adotado no programa televisivo, e também no modo "politicamente incorreto, sem piadas proibidas, de tratar um período sombrio da história deste país".
Na campanha de lançamento de "A Taça do Mundo É Nossa", a Warner está investindo R$ 2,5 milhões. Somados a esse os desembolsos das Organizações Globo (Globo Filmes e Central Globo de Comunicação), a conta chega a R$ 6 milhões. A produção do longa custou R$ 4,9 milhões.
"Não sei se já houve uma campanha tão grande para o lançamento de um filme nacional", diz o produtor Leonardo Monteiro de Barros. Para estrear "Carandiru", de Hector Babenco, a Columbia investiu R$ 3,2 milhões. No lançamento de "Os Normais", de José Alvarenga Jr., a Lumière gastou R$ 2 milhões.
"Especial Merchandising"
Além dos anúncios publicitários que fazem parte da campanha de lançamento, a visibilidade do filme é garantida por um expediente que o mercado cinematográfico nomeia como "cross media" e que consiste na abordagem do filme (como pauta jornalística ou de entretenimento) nos programas da TV Globo.
Com o time completo ou dividido em duas equipes, os cassetas já gravaram participações em programas da emissora como "Fantástico", "Domingão do Faustão", "Vídeo Show", "Altas Horas", "Jornal Hoje".
A edição de "Casseta & Planeta" prevista para ir ao ar na noite de ontem é uma peça de auto-ironia: com o tema "Especial Merchandising", o grupo faria a crítica do mecanismo do qual lançou mão.
Também para a noite de ontem estava marcada a sessão exclusiva para o presidente Lula e família de "A Taça do Mundo É Nossa", com projeção no cinema do Palácio da Alvorada.
Além da referência cifrada à campanha presidencial de Lula, o filme faz uma citação textual ao presidente, na cena em que surgem créditos fictícios dos realizadores do longa-metragem. "Luiz Inácio da Silva" surge como titular da função de "continuísta". A direção é atribuída a "Michael Schumacher".
"Já montamos uma estratégia para distrair o presidente nessa hora", brinca De la Peña, que emenda, seriamente: "Acho que eles [o presidente e seus convidados] vão se divertir. Imagino que sejam pessoas de bom humor. Já sofreram bastante com o regime militar. Está na hora de rir dos absurdos pelos quais passaram".
A TAÇA DO MUNDO É NOSSA
Produção: Brasil, 2003
Direção: Lula Buarque de Hollanda
Com: Beto Silva, Bussunda, Claudio Manoel, Hélio de la Peña, Hubert, Marcelo Madureira, Maria Paula, Reinaldo
Quando: estréia hoje, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, e sexta-feira em circuito nacional
Leia mais
Expectativa de público para filme é de 2,5 milhões de pessoas
Longa do Casseta & Planeta estréia com campanha milionária
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da Folha de S.Paulo
O plástico colado ao pára-choque do Aero Willys, com letras brancas sobre um fundo azul, anuncia: "Agora É Médici".
A "piada de atualidade" que relaciona o governo militar do general Médici (1969-74) com um dos slogans da vitoriosa campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva ("Agora É Lula", 2002) surge no início do filme "A Taça do Mundo É Nossa", primeira incursão no cinema da turma do Casseta & Planeta.
O longa estréia hoje no Rio de Janeiro e em Porto Alegre (onde é feriado) e, na próxima sexta, em outras 85 cidades, ocupando 250 cinemas no país.
"É um filme de época que fala muito sobre a atualidade. A partir daquela situação extremada [o regime militar brasileiro, entre 1964 e 1985], ajuda a pensar o hoje", diz o diretor, Lula Buarque de Hollanda, 40.
Fazer pensar rindo é o que pretendem os humoristas. Se um filme ambientado nos anos 70, com referências a personagens e fatos do período (algumas sutis, como a que envolve o deputado Fernando Gabeira), será bem recebido pelo público jovem é uma questão a ser respondida.
"Minha impressão é que esse é um filme-cebola, com várias camadas. Acho que quem tem mais de 30 anos ou, no mínimo, ouviu falar da ditadura militar vai saborear os pequenos detalhes. Mas o público jovem não fica de fora, porque tem muita piada de besteirol, uma coisa quase Trapalhões", diz o humorista Hélio de la Peña, intérprete de Denilson, um dos três revolucionários que "expropriam" a taça Jules Rimet (da conquista do tricampeonato mundial pela seleção brasileira).
Denilson e os companheiros Wladimir (Bussunda) e Peixoto Carlos (Hubert) pretendem conduzir uma revolução popular. Para isso, fundam o Panac (Partido Anarco Nacionalista Animalista Carlos).
"Politicamente incorreto"
Diretor da distribuidora Warner, que co-produziu o longa (com Conspiração Filmes, Globo Filmes e Organizações Tabajara), José Carlos Oliveira diz que sua empresa apostou no projeto "porque ele fugia completamente à linguagem televisiva".
Oliveira afirma que a força do roteiro foi percebida pela Warner através da disposição do grupo em "contar uma história com começo, meio e fim", distanciando-se do formato de esquetes adotado no programa televisivo, e também no modo "politicamente incorreto, sem piadas proibidas, de tratar um período sombrio da história deste país".
Na campanha de lançamento de "A Taça do Mundo É Nossa", a Warner está investindo R$ 2,5 milhões. Somados a esse os desembolsos das Organizações Globo (Globo Filmes e Central Globo de Comunicação), a conta chega a R$ 6 milhões. A produção do longa custou R$ 4,9 milhões.
"Não sei se já houve uma campanha tão grande para o lançamento de um filme nacional", diz o produtor Leonardo Monteiro de Barros. Para estrear "Carandiru", de Hector Babenco, a Columbia investiu R$ 3,2 milhões. No lançamento de "Os Normais", de José Alvarenga Jr., a Lumière gastou R$ 2 milhões.
"Especial Merchandising"
Além dos anúncios publicitários que fazem parte da campanha de lançamento, a visibilidade do filme é garantida por um expediente que o mercado cinematográfico nomeia como "cross media" e que consiste na abordagem do filme (como pauta jornalística ou de entretenimento) nos programas da TV Globo.
Com o time completo ou dividido em duas equipes, os cassetas já gravaram participações em programas da emissora como "Fantástico", "Domingão do Faustão", "Vídeo Show", "Altas Horas", "Jornal Hoje".
A edição de "Casseta & Planeta" prevista para ir ao ar na noite de ontem é uma peça de auto-ironia: com o tema "Especial Merchandising", o grupo faria a crítica do mecanismo do qual lançou mão.
Também para a noite de ontem estava marcada a sessão exclusiva para o presidente Lula e família de "A Taça do Mundo É Nossa", com projeção no cinema do Palácio da Alvorada.
Além da referência cifrada à campanha presidencial de Lula, o filme faz uma citação textual ao presidente, na cena em que surgem créditos fictícios dos realizadores do longa-metragem. "Luiz Inácio da Silva" surge como titular da função de "continuísta". A direção é atribuída a "Michael Schumacher".
"Já montamos uma estratégia para distrair o presidente nessa hora", brinca De la Peña, que emenda, seriamente: "Acho que eles [o presidente e seus convidados] vão se divertir. Imagino que sejam pessoas de bom humor. Já sofreram bastante com o regime militar. Está na hora de rir dos absurdos pelos quais passaram".
A TAÇA DO MUNDO É NOSSA
Produção: Brasil, 2003
Direção: Lula Buarque de Hollanda
Com: Beto Silva, Bussunda, Claudio Manoel, Hélio de la Peña, Hubert, Marcelo Madureira, Maria Paula, Reinaldo
Quando: estréia hoje, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, e sexta-feira em circuito nacional
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