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21/11/2003 - 07h09

Estréia de "A Taça do Mundo É Nossa" poderia ser genial

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MARCELO RUBENS PAIVA
articulista da Folha

"A Taça do Mundo é Nossa", filme do Casseta & Planeta, contém os mesmos dilemas que marcam a carreira do grupo: fazer humor para todos, num país em que as referências devem alcançar os limites de A a E, amplos e contraditórios. Uma missão quase impossível.

Só muitos poucos, como Chaplin e Woody Allen, foram milagrosamente bem-sucedidos. O grande mérito dos cassetas é a tentativa. Eles não agradam a todos. Suas piadas homofóbicas irritam. Mas o povo adora, prestigia-os há anos na TV. E ninguém pode negar: até um sisudo intelectual da turma da Maria Antônia ri eventualmente. O filme tem os mesmos ingredientes. Mas, em alguns momentos, tem-se a impressão do desperdício de uma boa idéia.

O filme poderia ser genial. Poderia marcar uma época, como os ingleses do Monty Python. Conseguiria, se tivesse quebrado um dos preceitos do cinema nacional, o de economizar em roteiristas; os próprios cassetas o escreveram.

Baseado numa sinopse genial e arriscada, pois faz troça de um tema pesado e ainda mal digerido, há uma mescla de piadas para o bom entendedor e o público leigo.

Quem viveu o período vai rir do filmete do início, que narra o evento social em uma feira agropecuária. Vai rir do jogo de futebol entre a repressão e os subversivos, time cuja foto lembra a de prisioneiros trocados por diplomatas em ações da luta armada.

Vai rir de Wladimir Illitch Stalin Tsé Tung Guevara (Bussunda), que trocou o nome para Vladimir, com "V", para confundir os aparelhos repressivos. Vai rir, e muito, de Dolores, a mulher ambiciosa do general frouxo Mirandinha, que dá ordens e aterroriza até a linha-dura --uma paródia de dona Yolanda, mulher do general Costa e Silva, vivida brilhantemente por Marcelo Madureira.

Aliás, a cada ano que passa, os cassetas surpreendem como atores. Maria Paula está ótima como Lucy Ellen, filha libidinosa do general Mirandinha, que se apaixona pelo guerrilheiro Vladimir.

Personagens novos não faltam, como o cantor popular Peixoto Carlos (Hubert), que acha que todos o plagiam, até o próprio rei Roberto. Nem paródias, como a da música de Toni Tornado ("a gente corre, na BR-3..."), que faz uma hilária participação especial.

O filme vai, com certeza, fazer milhões de espectadores. Tomara que faça. Mas não vai marcar uma época. Que pena que não. Talvez tenha faltado a mão das Organizações Tabajara, uma linguagem mais trash e inovadora. Quem sabe o próximo?

Avaliação:

A Taça do Mundo É Nossa
Produção:
Brasil, 2003
Direção: Lula Buarque de Hollanda
Quando: a partir de hoje, nos cines Anália Franco, Ibirapuera e circuito
 

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