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23/11/2003
-
08h00
SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo
Lula foi eleito presidente, não fez quase nada e o que fez repetia o anterior. Bush invadiu o Iraque e seu filho invadiu o Iraque. Michael Jackson ficou branco, foi acusado de molestar menor e preso num Estado governado por Arnold Schwarzenegger.
Quando dirigiram documentário sobre os 25 anos de carreira de Chico Buarque para uma TV francesa entre 1989 e 90, que depois seria exibido na extinta TV Manchete, Walter Salles e Nelson Motta poderiam desconfiar que as coisas piorariam no futuro, mas assim já é ridículo.
Com esse espírito, de viagem ao passado, a um passado nem tão distante assim, o DVD "Chico ou O País da Delicadeza Perdida", que a BMG põe na praça agora, quase década e meia depois, em versão remasterizada coordenada pelo produtor Vinícius França, já vale muito, muito a pena.
Só que ainda tem a qualidade das músicas --Chico enfileira na linha de pênalti obras como "Brejo da Cruz", "Joana Francesa", "Samba do Grande Amor", "Olhos nos Olhos", que vai convertendo em um gol atrás do outro interpretações feitas à época, em apresentação na Fundição Progresso, no Rio--, o engenho do roteiro, a câmara original.
É quase covardia.
O País da Delicadeza Perdida do título já não existia em 1989, segundo o documentário. É o Brasil da bossa nova, do doce balanço a caminho do mar, do cinema novo, de JK, quando tudo ainda parecia que seria.
Essa tese é defendida pelos diretores e pelo roteirista entremeando-se imagens do show de Chico com cenas dos filmes para os quais fez música, takes do Rio, um documentário dos anos 80 sobre a avenida Brasil carioca e a voz em "off" de Paulo José.
Tudo termina com "Bye Bye, Brazil", aquela do "eu vi um Brasil na TV" e "aquela aquarela mudou", talvez a música em que Chico Buarque melhor define e resume o país, não o da delicadeza, mas o que viria a ser.
Este nosso.
Chico ou O País da Delicadeza Perdida
Produção: França/Brasil, 2003
Direção: Walter Salles e Nelson Motta
Lançamento: BMG
Quanto: R$ 44,90 (73 min.)
Chico Buarque rememora o País da Delicadeza
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da Folha de S.Paulo
Lula foi eleito presidente, não fez quase nada e o que fez repetia o anterior. Bush invadiu o Iraque e seu filho invadiu o Iraque. Michael Jackson ficou branco, foi acusado de molestar menor e preso num Estado governado por Arnold Schwarzenegger.
Quando dirigiram documentário sobre os 25 anos de carreira de Chico Buarque para uma TV francesa entre 1989 e 90, que depois seria exibido na extinta TV Manchete, Walter Salles e Nelson Motta poderiam desconfiar que as coisas piorariam no futuro, mas assim já é ridículo.
Com esse espírito, de viagem ao passado, a um passado nem tão distante assim, o DVD "Chico ou O País da Delicadeza Perdida", que a BMG põe na praça agora, quase década e meia depois, em versão remasterizada coordenada pelo produtor Vinícius França, já vale muito, muito a pena.
Só que ainda tem a qualidade das músicas --Chico enfileira na linha de pênalti obras como "Brejo da Cruz", "Joana Francesa", "Samba do Grande Amor", "Olhos nos Olhos", que vai convertendo em um gol atrás do outro interpretações feitas à época, em apresentação na Fundição Progresso, no Rio--, o engenho do roteiro, a câmara original.
É quase covardia.
O País da Delicadeza Perdida do título já não existia em 1989, segundo o documentário. É o Brasil da bossa nova, do doce balanço a caminho do mar, do cinema novo, de JK, quando tudo ainda parecia que seria.
Essa tese é defendida pelos diretores e pelo roteirista entremeando-se imagens do show de Chico com cenas dos filmes para os quais fez música, takes do Rio, um documentário dos anos 80 sobre a avenida Brasil carioca e a voz em "off" de Paulo José.
Tudo termina com "Bye Bye, Brazil", aquela do "eu vi um Brasil na TV" e "aquela aquarela mudou", talvez a música em que Chico Buarque melhor define e resume o país, não o da delicadeza, mas o que viria a ser.
Este nosso.
Chico ou O País da Delicadeza Perdida
Produção: França/Brasil, 2003
Direção: Walter Salles e Nelson Motta
Lançamento: BMG
Quanto: R$ 44,90 (73 min.)
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