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26/11/2003 - 01h37

O que pode me salvar neste momento é uma câmera, disse Sganzerla

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MARCELO BARTOLOMEI
enviado especial a Brasília (DF)

A atriz Djin Sganzerla, filha do cineasta Rogério Sganzerla, 57, de "O Signo do Caos", homenageou o pai na entrega dos prêmios do 36º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Ele, que produziu o auto-intitulado "antifilme" e levou dois troféus Candango na noite de ontem, não compareceu ao festival por estar doente.

Sganzerla, que em 1969 fez "O Bandido da Luz Vermelha", está com a saúde frágil devido a um câncer. Ao subir no palco pela segunda vez para receber o prêmio de melhor direção do festival, Djin, que participa do filme do pai, reproduziu, emocionada, uma frase que ele dissera recentemente: "O que pode me curar... o que pode me salvar neste momento é uma câmera".

Divulgação
Cena do filme "O Signo do Caos", de Rogério Sganzerla
Ela é filha de Sganzerla com a atriz Helena Ignez, que também está em "O Signo do Caos", considerado um símbolo de um ressentimento com o cinema nacional, que sempre passou por dificuldades e nunca foi devidamente valorizado. Na ausência de imagens, o filme traz frases que amargam, provocam e refletem o orgulho de ser brasileiro.

O filme se inspira na passagem do cineasta norte-americano Orson Welles (1915-1985) pelo Brasil em 1942, quando não conseguiu concluir "It's All True" ("É Tudo Verdade").

Impaciência

A cerimônia de entrega dos prêmios, realizada no Teatro Nacional, no auditório Cláudio Santoro, foi marcada por homenagens, protesto, impaciência da platéia e deslizes dos apresentadores.

Nem tão menos marcante que a divisão dos prêmios aos filmes, a apresentação da banda local Forrópera irritou o público, que estava ansiosa pelos resultados. O show foi dividido em cinco partes, se alternando com o anúncio dos prêmios, o que esvaziou a platéia quando se aproximava o final da cerimônia. Como consequência, a banda foi vaiada, mas se apresentou até o final.

De volta ao festival depois de ser premiada em 1976 por "Xica da Silva" e após ter sido membro do júri no passado, a atriz Zezé Motta apresentou em tom informal os prêmios da noite, mas confundiu a cabeça da platéia ao fazer alguns anúncios. O prêmio de ator coadjuvante, por exemplo, foi anunciado como o de ator, e o do júri popular dos longas, como do júri oficial.

Divulgação
"Garotas do ABC", de Reichenbach: protesto contra crianças armadas no cinema
Protesto e homenagens

Logo no primeiro prêmio anunciado, o da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), para filmes que se preocupam com a infância, o cineasta Carlos Reichenbach, de "Garotas do ABC", mandou um recado: "Me orgulho de ter feito um filme de violência sem uma criança sequer armada", disse, atacando filmes da safra de "Cidade de Deus" e do seriado "Cidade dos Homens", de Fernando Meirelles, da qual se diz contrário.

Reichenbach, um dos grandes cineastas que ajudaram a dividir a opinião do público e do júri em Brasília neste ano, também fez uma homenagem na noite da premiação. Vencedor de um prêmio especial do júri pelo argumento de seu filme, ele dedicou o troféu ao cineasta e crítico de cinema Jairo Ferreira.

Já Silvio Tendler, o cineasta de "Glauber - O Filme, Labirinto do Brasil", disse, no final da cerimônia, estar realizado por ter recebido os prêmios da crítica, do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro e do público. Antes, no entanto, defendeu o cinema autoral e independente no país e ofereceu um de seus prêmios a Lúcia Rocha, mãe de Glauber, tema de seu documentário que vinha sendo produzido desde 1981.

O jornalista Marcelo Bartolomei viajou a convite da organização do 36º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

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