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26/11/2003 - 13h11

Exposição itinerante mostra destroços do World Trade Center

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da France Presse, em Nova York

A exposição fala por si: uma bota de bombeiro destroçada, uma porta destruída, fragmentos da fuselagem de um avião e uma chave empoeirada, com a inscrição "World Trade Center".

Essas peças fazem parte da coleção de objetos recolhidos nos escombros do World Trade Center, depois dos ataques de 11 de Setembro de 2001, transformados em objetos históricos.

Cinquenta deles foram reunidos para uma exposição itinerante denominada "Recovery", inaugurada nesta semana na Sociedade Histórica de Nova York e que documenta os esforços para o resgate de restos humanos e objetos pessoais nas ruínas das torres gêmeas.

"Esperamos que esta exposição ajude os americanos em todo o país a entender melhor a histórica operação de resgate que ajudou a uma nação aflita a virar a página", disse Clifford Siegfried, diretor do Museu Estatal de Nova York.

A maioria dos objetos foi recuperada do depósito de lixo de Fresh Kills, em Staten Island, onde milhares de pessoas passaram dez meses fazendo buscas entre o 1,8 milhão de toneladas de escombros retirados do World Trade Center.

Quando terminaram, recolheram 54 mil artigos pessoais e mais de 4.000 restos humanos que ajudaram a identificar 200 vítimas das quase 2.800 mortas nos ataques.

"Foi a melhor terapia que podíamos ter feito", disse James Luongo, inspetor da polícia de Nova York que comandava outros detetives no depósito.

"Estamos trabalhando ativamente para reconfortar as famílias das vítimas e ajudá-las a virar a página", disse.

As peças expostas podem ser algumas vezes assustadoras, outras comoventes.

Uma boneca de pano divide a vitrine com placas abauladas da porta de um elevador, ao lado de armas de fogo amassadas de alguns funcionários de segurança que trabalhavam nas torres gêmeas.

Outra vitrine mostra o volante de um BMW e um dos cintos de segurança em farrapos, pertencente a um dos aviões lançados contra os prédios.

Christy Ferrer, que perdeu o marido nos ataques e se tornou o elo entre a prefeitura de Nova York e os parentes das vítimas, disse que a exposição serve para imortalizar "os esforços heróicos" das equipes de resgate.

"Eles buscaram e rebuscaram, três vezes, examinando materiais que mediam até 1/4 de polegada", disse Ferrer.

"É arrepiante ver o esforço de resgate documentado desta forma nestas paredes."

Outros familiares, no entanto, não estão de acordo com a exposição.

Diane Horning, que perdeu Mathew, o filho de 26 anos nos ataques, disse que embora a mostra enfatize o respeito e o cuidado das equipes de resgate, "há certas falhas".

Ela e o marido estão entre o grande número de famílias que nunca conseguiu enterrar seus entes queridos, cujos restos nunca foram encontrados.

Diane explicou que as legendas de 65 fotos exibidas na exposição, que contam a história do trabalho em Fresh Kills, nunca fazem menção aos restos carbonizados de alguns corpos, misturados aos escombros.

"Muitas fotos estão etiquetadas como escombros. Pensar que meu filho será lembrado em uma exposição como escombro é muito perturbador", disse.

"O que não te dizem é que a última busca, que continha os restos carbonizados, foi jogada no depósito de lixo. Queríamos sepultá-los de forma apropriada, em um lugar apropriado", afirmou Horning.
 

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