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28/11/2003
-
08h23
da Folha de S.Paulo
Com o êxito de "Cowboy Bebop" pelo mundo, o diretor Shinichiro Watanabe, 38, se sentiu seguro para levar adiante a idéia de um longa-metragem baseado na série, que, após ter atingido 26 episódios exibidos pela primeira vez entre 1998 e 1999 no Japão, não terá continuidade devido a outros projetos em que seu idealizador se envolveu.
A ação do filme é passada em Marte, às vésperas do Dia das Bruxas de 2071, quando um tanque atulhado de um desconhecido agente biológico explode próximo a uma movimentada rodovia. Morrem cerca de 500 pessoas, e a captura do autor do ataque terrorista será recompensada com 300 milhões de woolongs, a moeda local.
Com a situação financeira apertada, vivendo à base de miojo (isso mesmo, o quebra-galho macarrão instantâneo), os caçadores de recompensa vão atrás do tétrico Vincent Volaju, identificado como possível responsável pelo atentado.
Concentrando-se nessa trama, o diretor Watanabe espalha o jazz e as referências que fizeram a fama de "Cowboy Bebop" apenas pelos detalhes, como uma menção ao nome Hofmann (Albert Hofmann, o descobridor do LSD) e uma cena em que um reservatório de água é contaminado pelo vírus (o psicólogo Timothy Leary, nos anos 60, sugeriu que isso fosse feito com o LSD).
"Não, tudo isso é coincidência [risos]", diz Watanabe. "Mas posso dizer que, quando jovem, eu me interessava por essa cultura."
O diretor ainda estabeleceu, durante a série, uma ponte entre a psicodelia e outro de seus interesses, o Brasil. Um exemplo é o título do episódio de número 17, "Mushroom Samba" (O Samba do Cogumelo).
"Eu adoro a música brasileira. Quis também prestar uma homenagem ao batizar três personagens de 'Cowboy Bebop' de Antonio, Carlos e Jobim."
Se na TV eles possuem papel secundário e no filme aparecem rapidamente, Watanabe diz ter em mente um projeto em que os sons do país serão a trilha principal.
Sobre os detalhes, Watanabe sai pela tangente para emendar uma história curiosa. A cantora Joyce, sim ela de "Feminina" e "Clareana", interpretou a música "Coração Selvagem" --com letras em português-- para o anime "Wolf's Rain". "Yoko Kanno [compositora da trilha de 'Cowboy Bebop'] foi ao Brasil para gravar essa canção para o projeto dela. Fiquei um pouco bravo porque ela se antecipou à minha idéia."
Kanno, aliás, conseguiu notoriedade como nenhum outro trilheiro de animações japonesas. Ao lado do grupo Seatbelts, a compositora chegou a fazer uma apresentação ao vivo com os temas de "Cowboy Bebop" --não restritos apenas ao jazz--, e a música da série rendeu quatro álbuns que venderam, no total, 700 mil cópias.
Para o diretor Watanabe, é um número surpreendente, tal como o sucesso de "Cowboy Bebop" em países tão distantes como o Brasil. "É incrível. A única coisa que sei é que há várias convenções relacionadas a animação japonesa no Brasil. E sempre tive muita vontade de participar delas, mas ninguém nunca me convidou. Espero que da próxima vez alguém lembre que eu existo [risos]."
COWBOY BEBOP
Produção: Japão, 2001
Direção: Shinichiro Watanabe
Censura: 12 anos
Quando: a partir de hoje nos cines Frei Caneca Unibanco Arteplex e Cineclube DirecTV
Leia mais
Série "Cowboy Bebop" ganha longa que enfoca bioterrorismo
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Com o êxito de "Cowboy Bebop" pelo mundo, o diretor Shinichiro Watanabe, 38, se sentiu seguro para levar adiante a idéia de um longa-metragem baseado na série, que, após ter atingido 26 episódios exibidos pela primeira vez entre 1998 e 1999 no Japão, não terá continuidade devido a outros projetos em que seu idealizador se envolveu.
A ação do filme é passada em Marte, às vésperas do Dia das Bruxas de 2071, quando um tanque atulhado de um desconhecido agente biológico explode próximo a uma movimentada rodovia. Morrem cerca de 500 pessoas, e a captura do autor do ataque terrorista será recompensada com 300 milhões de woolongs, a moeda local.
Com a situação financeira apertada, vivendo à base de miojo (isso mesmo, o quebra-galho macarrão instantâneo), os caçadores de recompensa vão atrás do tétrico Vincent Volaju, identificado como possível responsável pelo atentado.
Concentrando-se nessa trama, o diretor Watanabe espalha o jazz e as referências que fizeram a fama de "Cowboy Bebop" apenas pelos detalhes, como uma menção ao nome Hofmann (Albert Hofmann, o descobridor do LSD) e uma cena em que um reservatório de água é contaminado pelo vírus (o psicólogo Timothy Leary, nos anos 60, sugeriu que isso fosse feito com o LSD).
"Não, tudo isso é coincidência [risos]", diz Watanabe. "Mas posso dizer que, quando jovem, eu me interessava por essa cultura."
O diretor ainda estabeleceu, durante a série, uma ponte entre a psicodelia e outro de seus interesses, o Brasil. Um exemplo é o título do episódio de número 17, "Mushroom Samba" (O Samba do Cogumelo).
"Eu adoro a música brasileira. Quis também prestar uma homenagem ao batizar três personagens de 'Cowboy Bebop' de Antonio, Carlos e Jobim."
Se na TV eles possuem papel secundário e no filme aparecem rapidamente, Watanabe diz ter em mente um projeto em que os sons do país serão a trilha principal.
Sobre os detalhes, Watanabe sai pela tangente para emendar uma história curiosa. A cantora Joyce, sim ela de "Feminina" e "Clareana", interpretou a música "Coração Selvagem" --com letras em português-- para o anime "Wolf's Rain". "Yoko Kanno [compositora da trilha de 'Cowboy Bebop'] foi ao Brasil para gravar essa canção para o projeto dela. Fiquei um pouco bravo porque ela se antecipou à minha idéia."
Kanno, aliás, conseguiu notoriedade como nenhum outro trilheiro de animações japonesas. Ao lado do grupo Seatbelts, a compositora chegou a fazer uma apresentação ao vivo com os temas de "Cowboy Bebop" --não restritos apenas ao jazz--, e a música da série rendeu quatro álbuns que venderam, no total, 700 mil cópias.
Para o diretor Watanabe, é um número surpreendente, tal como o sucesso de "Cowboy Bebop" em países tão distantes como o Brasil. "É incrível. A única coisa que sei é que há várias convenções relacionadas a animação japonesa no Brasil. E sempre tive muita vontade de participar delas, mas ninguém nunca me convidou. Espero que da próxima vez alguém lembre que eu existo [risos]."
COWBOY BEBOP
Produção: Japão, 2001
Direção: Shinichiro Watanabe
Censura: 12 anos
Quando: a partir de hoje nos cines Frei Caneca Unibanco Arteplex e Cineclube DirecTV
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