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05/12/2003
-
07h59
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo, no rio
Melancólico e delicado com sempre e como nunca, Roberto Carlos faz em "Pra Sempre" mais uma profissão de fé no amor romântico --o que sempre tem feito religiosamente desde 1961, embora com roupa nova a cada instante histórico.
Mas, como tudo muda, até o romantismo incomensurável de RC sofre transformações neste álbum. A idéia de amor hoje se condensa em belas canções monocromáticas para Maria Rita.
O amor de Roberto pelo amor adquire uma tonalidade mórbida, uma pulsão de morte. A triste canção "O Encontro" é explícita: "O nosso encontro será sob a luz/ de um milhão de estrelas/ e no azul mais bonito que um dia/ no céu já se viu".
Boiando sempre sobre fundo azul, ele aprofunda o culto ao azul, ao blues, à tristeza. Essa é a cor de sua gigantesca história de amor com o Brasil, o mote que encontrou para apaixonar e ferir os corações de todos nós.
Mudança e alegria (azuis) ele vai encontrar no velho, nas duas parcerias com Erasmo Carlos. Em "O Cadillac", reflete com acidez sobre si próprio e sobre as transformações que sofreu. Em "Seres Humanos", já não inédita, tenta o inédito: acreditar no homem, acreditar em si. Nas duas, torna obsoleta a idéia antiga de que seja um artista imutável. É, mas na mesma medida teimosa do congelamento de seus detratores.
Artista mais importante da história musical nacional (até o "New York Times" queria entrevistá-lo anteontem), enclausura-se na fogueira amorosa de martírio e autoconfiança partida --é o espelho de seu povo, de nós brasileiros românticos culpados. Derrama "Como Eu Te Amo", "Com Você", "Eu Vou Sempre Amar Você"..., gêmeas pálidas de alma azul, de soul, de blues. Brasileiras.
(Este texto copia explicitamente a obsessão temática de "Pra Sempre". Gira cego em torno de Maria Rita. Ou melhor, do amor. Ou melhor, de uma idéia de amor. Que já morreu, ou está morrendo.) Viva Roberto Carlos.
Avaliação:
Pra Sempre
Artista: Roberto Carlos
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 28, em média
Crítica: Uma idéia mórbida de amor
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da Folha de S.Paulo, no rio
Melancólico e delicado com sempre e como nunca, Roberto Carlos faz em "Pra Sempre" mais uma profissão de fé no amor romântico --o que sempre tem feito religiosamente desde 1961, embora com roupa nova a cada instante histórico.
Mas, como tudo muda, até o romantismo incomensurável de RC sofre transformações neste álbum. A idéia de amor hoje se condensa em belas canções monocromáticas para Maria Rita.
O amor de Roberto pelo amor adquire uma tonalidade mórbida, uma pulsão de morte. A triste canção "O Encontro" é explícita: "O nosso encontro será sob a luz/ de um milhão de estrelas/ e no azul mais bonito que um dia/ no céu já se viu".
Boiando sempre sobre fundo azul, ele aprofunda o culto ao azul, ao blues, à tristeza. Essa é a cor de sua gigantesca história de amor com o Brasil, o mote que encontrou para apaixonar e ferir os corações de todos nós.
Mudança e alegria (azuis) ele vai encontrar no velho, nas duas parcerias com Erasmo Carlos. Em "O Cadillac", reflete com acidez sobre si próprio e sobre as transformações que sofreu. Em "Seres Humanos", já não inédita, tenta o inédito: acreditar no homem, acreditar em si. Nas duas, torna obsoleta a idéia antiga de que seja um artista imutável. É, mas na mesma medida teimosa do congelamento de seus detratores.
Artista mais importante da história musical nacional (até o "New York Times" queria entrevistá-lo anteontem), enclausura-se na fogueira amorosa de martírio e autoconfiança partida --é o espelho de seu povo, de nós brasileiros românticos culpados. Derrama "Como Eu Te Amo", "Com Você", "Eu Vou Sempre Amar Você"..., gêmeas pálidas de alma azul, de soul, de blues. Brasileiras.
(Este texto copia explicitamente a obsessão temática de "Pra Sempre". Gira cego em torno de Maria Rita. Ou melhor, do amor. Ou melhor, de uma idéia de amor. Que já morreu, ou está morrendo.) Viva Roberto Carlos.
Avaliação:
Pra Sempre
Artista: Roberto Carlos
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 28, em média
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