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28/12/2003 - 03h27

"Revolução Urbana" revive cena do rock de Brasília dos anos 80

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MARCELO RUBENS PAIVA
Articulista da Folha de S.Paulo

Algumas de suas letras já viraram até peça de teatro. Sem autorização, a família embargou. Agora, pela primeira vez, as músicas de Renato Manfredini Júnior (1960-1996), ou Renato Russo, são liberadas para um espetáculo.

Elas estarão no musical "Revolução Urbana", que estréia em 27 de março de 2004, data em que Renato nasceu, que será produzido e dirigido por Fezu Duarte.
"Demoramos para chegar ao conceito final. Não é exatamente uma biografia da Legião Urbana, muito menos do Renato. É uma peça sobre revolução", explica Fezu.

O texto de Marcos Ferraz ("Na Cama com Tarantino") conta a história de Eric Russel, personagem interpretado pelo ator Eriberto Leão. Russel trabalha numa ordem autoritária que quer acabar com a palavra. Seu líder, o ator Antônio Abujamra, uma espécie de "big brother", aparecerá em projeções.

Fã de Sex Pistols e The Clash, Russel vai em busca de uma turma que pensa parecido com ele e participa de uma rebelião contra a tal ordem.

"Não falaremos exatamente da época, mas de cavaleiros de uma coluna e arquétipos de líderes revolucionários, como os cavaleiros da Távola Redonda", conta Fezu.

Ela lembra que Renato Russo dava aulas de inglês.

"Sempre vamos fazer paralelos, uma ordem que quer acabar com a palavra, e ele que dava aulas de inglês, com tudo o que aconteceu em Brasília durante a ditadura", afirma.

Além das músicas da Legião, vão entrar as do Capital Inicial e Plebe Rude. O espetáculo segue a linha do livro de Paulo Marchetti, "Diário da Turma - A História do Rock de Brasília" (Conrad), lançado em 2001.

Marchetti chamou Dinho Ouro Preto e Kiko Zambianchi para dividirem a direção musical. Haverá duas músicas inéditas --uma delas dá o título ao espetáculo, "Revolução Urbana".

A família de Renato liberou 26 músicas, que podem ser utilizadas como a produção desejar. Algumas delas serão rearranjadas e executadas por uma banda ao vivo. O espetáculo, orçado em R$ 350 mil e patrocinado pelo Grupo Schahin e Consórcio Remaza, estreará no Tuca ou Jardel Filho.

"Terá muitos monitores de TV, cenas coreografadas, como a de uma luta. Lembraremos do Renato como o pensador que falou para a geração dele e a de agora", diz Fezu.

No elenco, a antiga Companhia do Repertório do TBC, rebatizada Companhia Teatro Rock. Será uma trama atemporal. Não vão ser exibidas fotos da época. No máximo, o figurino será inspirado nos anos 80.

"Não é um culto àquela época. Falaremos o tempo todo de ascensão e queda e de uma revolução dentro das pessoas", explica Fezu.

"A família liberou porque tivemos o cuidado de não contar a vida dele, ou como ele era. A Legião falava, 'a gente não é uma banda, mas uma turma'. A família, como nós, não queria um espetáculo pessoal", completa Fezu.

Marchetti, 33, conta que o espetáculo não é baseado no seu livro, mas a história da turma serviu de inspiração.

"Vai ser baseado nas letras de protesto. Já tinham me ligado para fazer um documentário. Não sei por que o Renato ainda é atual. Resolvi escrever o livro porque é uma história que ninguém conhecia, apenas falavam vagamente", diz Marchetti.

"As letras do Renato são muito coloquiais, quase uma conversa de bar. O que se falava na escola era o que o Renato escrevia, com um português fácil, muito direto. Por isso pega até hoje", diz.

"Você anda nas ruas e não vê gente com camisa das bandas em atuação, mas com a da Legião. Meu livro não é sobre o Renato, mas sobre a sua turma, as festas, as bandas", afirma.

O texto fica pronto neste mês. Então, começam os ensaios. Vão entrar 12 músicas da Legião.
 

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