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29/12/2003
-
04h06
ARTHUR NESTROVSKI
articulista da Folha
Agora que o projeto "Acervo da Música Brasileira" entrega a terceira e última parte, pode-se dizer que foi impecável do início ao fim. Servirá de modelo para toda empreitada similar de restauração da nossa memória musical; e deveria mesmo servir de estímulo para que outros pesquisadores e artistas ponham mãos às obras --da música colonial ao samba do Bixiga, do maracatu de Minas a Radamés Gnatalli e Almeida Prado. Quase tudo está para ser estudado e/ou grafado e/ou gravado.
Neste caso, foram ao todo 51 composições para cerimônias religiosas, na coleção do Museu de Música de Mariana, de autores do século 18 e 19 como José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) e Lobo de Mesquita (1746?-1805), sem falar no prolífico Anônimo. Sob a coordenação geral de Eleonora Santa Rosa, com a "expertise" musicológica de Paulo Castagna e a direção editorial de Carlos Alberto Figueiredo, as obras foram registradas em CD e exemplarmente editadas em partitura, com minucioso aparato crítico e notas (disponíveis no site do museu).
O ponto alto do lote está nas profundezas da "Música Fúnebre", interpretada pelo Conjunto Calíope e a Orquestra Santa Rosa, regidos por Julio Moretzsohn. Sem desfazer do excelente Coral de Câmara São Paulo e da Orquestra Engenho Barroco, regidos por Naomi Munakata ("Ladainha de Nossa Senhora"); nem do maestro Rafael Grimaldi e seu grupo Árcade ("Devocionário Popular aos Santos"). É que nem sempre o repertório se alça para além do interesse de época. Mas nos "Responsórios Fúnebres" de Castro Lobo e "Mementos" de Nunes Garcia a música atinge outro nervo.
Memória e música se fundem noutro plano, quando a música é ao mesmo tempo a memória arqueológica de si e a restauração eterna de nossa própria morte.
Avaliação:
Restauração e Difusão de Partituras Vols. 7, 8 e 9
Lançamento: independente
Quanto: R$ 60 (os três CDs) (www.mmmariana.com.br)
Patrocinador: Petrobras
"Acervo da Música Brasileira" termina arqueologia musical
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articulista da Folha
Agora que o projeto "Acervo da Música Brasileira" entrega a terceira e última parte, pode-se dizer que foi impecável do início ao fim. Servirá de modelo para toda empreitada similar de restauração da nossa memória musical; e deveria mesmo servir de estímulo para que outros pesquisadores e artistas ponham mãos às obras --da música colonial ao samba do Bixiga, do maracatu de Minas a Radamés Gnatalli e Almeida Prado. Quase tudo está para ser estudado e/ou grafado e/ou gravado.
Neste caso, foram ao todo 51 composições para cerimônias religiosas, na coleção do Museu de Música de Mariana, de autores do século 18 e 19 como José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) e Lobo de Mesquita (1746?-1805), sem falar no prolífico Anônimo. Sob a coordenação geral de Eleonora Santa Rosa, com a "expertise" musicológica de Paulo Castagna e a direção editorial de Carlos Alberto Figueiredo, as obras foram registradas em CD e exemplarmente editadas em partitura, com minucioso aparato crítico e notas (disponíveis no site do museu).
O ponto alto do lote está nas profundezas da "Música Fúnebre", interpretada pelo Conjunto Calíope e a Orquestra Santa Rosa, regidos por Julio Moretzsohn. Sem desfazer do excelente Coral de Câmara São Paulo e da Orquestra Engenho Barroco, regidos por Naomi Munakata ("Ladainha de Nossa Senhora"); nem do maestro Rafael Grimaldi e seu grupo Árcade ("Devocionário Popular aos Santos"). É que nem sempre o repertório se alça para além do interesse de época. Mas nos "Responsórios Fúnebres" de Castro Lobo e "Mementos" de Nunes Garcia a música atinge outro nervo.
Memória e música se fundem noutro plano, quando a música é ao mesmo tempo a memória arqueológica de si e a restauração eterna de nossa própria morte.
Avaliação:
Restauração e Difusão de Partituras Vols. 7, 8 e 9
Lançamento: independente
Quanto: R$ 60 (os três CDs) (www.mmmariana.com.br)
Patrocinador: Petrobras
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