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01/01/2004
-
05h16
da Folha de S.Paulo
No original mexicano, o pudor vinha no lugar do amor e onde há traição havia lágrimas.
Primeiro longa-metragem dirigido por Jorge Fernando, 48, "Sexo, Amor e Traição", que estréia hoje no Brasil e tem no elenco as estrelas globais Malu Mader, Fábio Assunção, Murilo Benício e Alessandra Negrini, é adaptado de um dos maiores sucessos do cinema mexicano recente --"Sexo, Pudor y Lágrimas" (1999), de Antonio Serrano, que teve 6 milhões de espectadores em seu país.
A versão brasileira, assinada por Emanuel Jacobina e Renê Belmonte, com a colaboração de Denise Bandeira no roteiro, retirou do filme o que Serrano define como seu "caráter dramático", cujo auge é o suicídio de um dos personagens principais.
O cineasta mexicano não assistiu à adaptação brasileira, mas diz que o diretor e os produtores de "Sexo, Amor e Traição" têm dele "toda a confiança", embora a mudança do título lhe sugira a transformação do filme "numa história de infidelidades e nada mais".
De fato, é o dilema de concretizar ou não uma traição e a dúvida sobre haver ou não sido traído que movem as ações de todos os personagens da comédia brasileira, ambientada no Rio de Janeiro, em sua maioria, em dois apartamentos vizinhos.
Antes de escrever e dirigir seu filme, Serrano montou o texto no teatro. No intervalo de quase uma década que separa a encenação para os palcos e as filmagens, o diretor modificou seus próprios conceitos sobre a vida a dois.
"Quando escrevi a peça, eu não acreditava fervorosamente no amor ou, ao menos, no que se passava entre os casais que me rodeavam", diz. "Quando filmei, estava apaixonado. Então, tive que tratar do assunto sob outro ponto de vista. Talvez o longa tenha perdido algo do fatalismo que havia na peça, além da síntese que precisei fazer para convertê-la num filme", afirma.
O diretor mexicano procurou assentar a estrutura de "Sexo, Pudor y Lágrimas" em três movimentos comportamentais experimentados pelos personagens. "Havia um primeiro momento de desbunde, um segundo de recolhimento, em que os personagens se ensimesmavam depois dos excessos cometidos e faziam até um voto de castidade, e um terceiro momento de reflexão, em que todos se auto-avaliavam e alguns choravam."
A adaptação brasileira dividiu o filme de forma que todos os casais encadeiem simultaneamente um período de brigas, outro de afastamento e, por fim, as tentativas de reconciliação.
Serrano diz que "embora haja muitos Méxicos e muitos Brasis", não acredita que brasileiros e mexicanos se pareçam no tema do amor. "Sinto que, no meu país, apesar de já havermos mudado muito, ainda somos básicos em relação ao amor. O machismo nos mantém presos e complexados, e uma grande parte da população sustenta uma postura conservadora em relação ao sexo", afirma.
Quando compara o México com o Brasil, Serrano se baseia no conhecimento que tem do Rio de Janeiro. "Para não ir muito longe, basta observar a naturalidade com que os brasileiros se relacionam com seus corpos, enquanto os mexicanos sempre temos esse modo entre pudico e torpe de tratar o corpo", diz.
O diretor acha que a "dupla herança --católica e espanhola"-- dos mexicanos os torna mais "cheios de culpa e atormentados". "Acho que os brasileiros são mais livres."
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No original mexicano, o pudor vinha no lugar do amor e onde há traição havia lágrimas.
Primeiro longa-metragem dirigido por Jorge Fernando, 48, "Sexo, Amor e Traição", que estréia hoje no Brasil e tem no elenco as estrelas globais Malu Mader, Fábio Assunção, Murilo Benício e Alessandra Negrini, é adaptado de um dos maiores sucessos do cinema mexicano recente --"Sexo, Pudor y Lágrimas" (1999), de Antonio Serrano, que teve 6 milhões de espectadores em seu país.
A versão brasileira, assinada por Emanuel Jacobina e Renê Belmonte, com a colaboração de Denise Bandeira no roteiro, retirou do filme o que Serrano define como seu "caráter dramático", cujo auge é o suicídio de um dos personagens principais.
O cineasta mexicano não assistiu à adaptação brasileira, mas diz que o diretor e os produtores de "Sexo, Amor e Traição" têm dele "toda a confiança", embora a mudança do título lhe sugira a transformação do filme "numa história de infidelidades e nada mais".
De fato, é o dilema de concretizar ou não uma traição e a dúvida sobre haver ou não sido traído que movem as ações de todos os personagens da comédia brasileira, ambientada no Rio de Janeiro, em sua maioria, em dois apartamentos vizinhos.
Antes de escrever e dirigir seu filme, Serrano montou o texto no teatro. No intervalo de quase uma década que separa a encenação para os palcos e as filmagens, o diretor modificou seus próprios conceitos sobre a vida a dois.
"Quando escrevi a peça, eu não acreditava fervorosamente no amor ou, ao menos, no que se passava entre os casais que me rodeavam", diz. "Quando filmei, estava apaixonado. Então, tive que tratar do assunto sob outro ponto de vista. Talvez o longa tenha perdido algo do fatalismo que havia na peça, além da síntese que precisei fazer para convertê-la num filme", afirma.
O diretor mexicano procurou assentar a estrutura de "Sexo, Pudor y Lágrimas" em três movimentos comportamentais experimentados pelos personagens. "Havia um primeiro momento de desbunde, um segundo de recolhimento, em que os personagens se ensimesmavam depois dos excessos cometidos e faziam até um voto de castidade, e um terceiro momento de reflexão, em que todos se auto-avaliavam e alguns choravam."
A adaptação brasileira dividiu o filme de forma que todos os casais encadeiem simultaneamente um período de brigas, outro de afastamento e, por fim, as tentativas de reconciliação.
Serrano diz que "embora haja muitos Méxicos e muitos Brasis", não acredita que brasileiros e mexicanos se pareçam no tema do amor. "Sinto que, no meu país, apesar de já havermos mudado muito, ainda somos básicos em relação ao amor. O machismo nos mantém presos e complexados, e uma grande parte da população sustenta uma postura conservadora em relação ao sexo", afirma.
Quando compara o México com o Brasil, Serrano se baseia no conhecimento que tem do Rio de Janeiro. "Para não ir muito longe, basta observar a naturalidade com que os brasileiros se relacionam com seus corpos, enquanto os mexicanos sempre temos esse modo entre pudico e torpe de tratar o corpo", diz.
O diretor acha que a "dupla herança --católica e espanhola"-- dos mexicanos os torna mais "cheios de culpa e atormentados". "Acho que os brasileiros são mais livres."
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